Autor: Leonardo Terra (Leo Terra)
Este post(artigo) foi retirado da comunidade Fotografia Digital Brasil no ORKUT
O link para o post original é esse:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=44652&tid=863247
(somente para quem tem cadastro no orkut)
Quando o li a primeira vez (eu li várias pra entender, hehe), eu ainda achava que megapixel era o que mais importava na câmera. Com certeza ajudará muita gente como ajudou muitos no orkut.
LENTES - O CORAÇÃO DA CÂMERA
Dando seguimento aos artigos para ajudar nas compras dos usuários vamos tratar do ponto crítico de equipamentos fotográficos que é a ótica. As lentes são o elemento chave de uma câmera e afetam diretamente a imagem capturada, tanto em resolução, como em padrões de cores. Uma câmera com boas lentes consegue sem dúvida superar qualquer concorrente (mesmo as que tenham sistemas melhores).
O primeiro preceito que temos que derrubar quando tratamos de lentes é que marcas significam qualidade e que luminosidade é sinônimo de boa lente, estes são apenas pequenos fatores que influenciam na avaliação de qualidade de uma lente e devemos tratá-los como parte de um todo bem maior em nossas avaliações.
Em primeiro lugar vamos definir itens que formam uma boa lente, são eles na seqüência:
1 - Sharpness (ou resolução) define a capacidade da lente de recompor as imagens assim como são capturadas, diferente do que as pessoas imaginam o sharpness não pode ser recuperado por software, os algoritmos de sharpness apenas aguçam detalhes capturados, o que não foi capturado não pode ser recuperado e acarreta em perda de qualidade, este problema é mais comum nas lentes Zoom normalmente perto dos extremos focais (por exemplo em uma lente 28-105mm o sharpness normalmente é menor perto do 28mm e do 105mm).
Como via de regra lentes com menos elementos, multiplicadores focais menores (como 3X) e elementos de cristais especiais e bem polidos tornam as lentes melhores, elementos de acrílico (como os encontrados em certas câmeras inferiores) prejudicam muito o desempenho da lente neste quesito.
2 - Distorção: Define o quanto as lentes distorcem a imagem, este problema é mais visível em lentes grande angulares, porém toda lente apresenta distorção (independente de qual lente seja), nas Teles tal efeito é menor, enquanto nas grande angulares é facilmente visível mesmo pelos menos experientes, boas grande angulares conseguem reduzir tal problema com o uso de conjuntos de elementos corretivos ou com elementos aesféricos (que normalmente diminuem o número de elementos necessários para a correção), tal problema é de difícil correção via software e normalmente acarreta em perdas de resolução.
Em geral lentes com elementos aesféricos são superiores no quesito distorção, assim como lentes com menores multiplicadores focais (como 3X).
3 - Aberrações Cromáticas (a famosa borda azul dos elementos): Um problema típico das teles, se deve a fenômenos óticos referente à dispersão da luz com diferentes freqüências, tal problema é de difícil correção via software e acaba sempre trazendo complicações em termos de resolução da imagem.
As melhores lentes para este aspecto são as que apresentam elementos de dispersão anômala (como os fluorite, os AOP, os ED e os DO) tais elementos conseguem corrigir esta aberração invertendo a dispersão convencional dos outros elementos, além disso as lentes com mais lâminas no diafragma ou com diafragmas redondos são menos propensas a este problema. Por ser um problema comum a maior parte dos fabricantes apresentam boas soluções para ele.
4 - Luminosidade: A famosa abertura máxima que tantos usam para definir uma boa lente é na verdade um problema relativo a velocidades de disparo, lentes com boas aberturas proporcionam boas velocidades de disparo possibilitando inclusive fotos em ambientes mais escuros sem o uso do flash, a luminosidade pode ser facilmente corrigida no computador (principalmente 1 ou até 2 pontos) sem perda significativa, porém é um fator que ajuda o fotógrafo em fotos usando teles, pois possibilita que o fotógrafo eleve a velocidade de disparo ao extremos evitando “tremidas”.
A luminosidade como conceito de abertura é dada pela relação entre a distância focal e o diâmetro do diafragma. Mas criou-se um conceito equivocado de que lente luminosa é lente boa, o que nem sempre é verdade.
5 - Velocidade do AF: É a capacidade do servo que equipa a lente chegar ao foco com rapidez, quanto maior melhor, como fotografia tem o fator oportunismo uma lente rápida pode salvar uma boa foto.
Em geral lentes com motores especiais apresentam melhores performance, em alguns casos o foto pode ser ajudado por elementos externos como ama luz auxiliar, um holograma, dentre outros, apesar de não ser parte da lente é interessante levar em consideração tal fator no conjunto da escolha).
6 - Recomposição de Cores: As lentes influenciam na temperatura de cor capturada, algumas são neutras algumas puxam para amarelo, outras para azul, em teoria as lentes neutras deveriam ser as melhores, mas nota-se que tais lentes possuem um menor contraste e saturação de cores, normalmente os profissionais preferem as lentes puxadas para o amarelo que apresentam uma maior saturação de cores e um maior contraste, tornando as imagens mais vivas, no mundo digital é fácil corrigir a recomposição de cores no computador, mas é sempre bom uma lente que já poupa trabalho.
Via de regra é muito difícil reconhecer a temperatura de cor de uma lente, a única forma de reconhecer isso antes de comprar o equipamento é lendo as especificações da lente, que normalmente são difíceis de ser obtidas.
7 - Abertura constante: a maior parte das lentes não apresentam abertura máxima constante, o que faz com que a lente varie de abertura enquanto é utilizada. Para fotos de dia a dia tal fator não é muito importante, porém vale a pena levar em consideração uma lente de abertura constante quando pretende-se criar fotos planejadas e deseja-se a abertura máxima na máxima distância focal.
8 - Estabilização de imagem: Um fator que está na moda, é um dispositivo eletro-mecânico que movimenta alguns elementos do conjunto para estabilizar a imagem de entrada no fotograma, realmente ajuda na fotografia quando o elemento fotografado não se move com velocidade, pois a estabilização de imagem corrige apenas o movimento do fotógrafo, portanto a luminosidade é ainda uma melhor solução para tais fotos.
O contra é que aumenta o número de elementos da lente reduzindo o sharpness e quando ligado incorretamente proporciona uma perda maior do sharpness do que se estivesse desligado. Vale a pena para quem faz muito uso de teles em condições adversas de luz, onde nem mesmo boas aberturas seriam suficientes. Via de regra vale a pena usar o estabilizador de imagem do que o aumento do ISO nas digitais.
9 - Sistema do Zoom: O Zoom pode ter um acionamento mecânico direto (inclusive em algumas digitais de lente fixa) ou um acionamento eletrônico, o acionamento mecânico apresenta uma grande vantagem por ser bem mais rápido do que qualquer acionamento eletrônico, além de ter uma vida útil maior e não consumir energia do equipamento.
10 - Sistema do Foco Manual: Este fator normalmente desprezado, as pessoas pensam apenas em possuir foco manual, mas assim como o Zoom existem os sistemas servo assistidos com anel eletrônico e o sistema mecânico, os fatores são o mesmo do mecanismo do Zoom, então prefiram os mecânicos.
11 - Outros Fatores: Outros fatores como não mover a frente da lente (item importante para o uso de filtros como polarizadores e de distorção), construção do corpo com boa qualidade (importante para aumentar a durabilidade), peso baixo (afinal nossos braços não são de aço), consumo de energia (ninguém pensa nisso mas lentes gastam energia de nossos equipamentos), precisão do servo (um fator também desprezado, mas é muito triste perdermos uma foto pois o servo parou fora do lugar e a deixou sem foco), qualidade do Bokeh da imagem, propensão a apresentar flare, dentre outros fatores menores devem ser considerados com atenção, tanto para quem compra uma câmera com lente fixa como para quem compra uma lente para uma SLR.
Em resumo ao escolher uma lente ou uma câmera considere principalmente os 3 primeiros fatores, opte por lentes com elementos de melhor qualidade (como cristais e vidros bem polidos) e menor multiplicador de zoom (3 a 4X no máximo), caso opte por lentes com grandes multiplicadores de Zoom (6X ou mais) certifique-se que a lente apresenta elementos de correção, tanto de aberração cromática como de distorção e procure lentes compostas de vidros com polimentos especiais ou preferivelmente cristais, que evitam a dispersão de luz dentro do conjunto de tais lentes (que normalmente possuem mais elementos), lentes com acionamento mecânico de foco manual e zoom ajudam bastante no desempenho, assim como lentes com motores especiais. Esteja atento à questão de marcas, existem mascas usando lentes de marcas famosas montadas com vidros comuns ou alguns com vidros bem polidos (Não usando cristais) o que faz dessas lentes piores do que similares de marcas menos conceituadas.
Estando atento a estes fatores dificilmente você fará uma compra ruim em termos de lentes.
=========================
O EXEMPLO PARA COMPARAÇÃO
Um exemplo bom é a comparação da Sony 717 com a Nikon 5700, apesar da famosa marca de lentes que equipa a Sony a lente montada na câmera apresenta menos elementos de qualidade na montagem, enquanto a concorrente tem uma lente extremamente bem montada com cristais de primeira linha, o que torna sua ótica mais eficiente apesar do maior multiplicador focal.
Mais uma vez espero ter ajudado e espero que gostem do artigo.