A partir da participação em um tópico, na seção de equipamentos, redigi um plano de estudos no qual viso atingir dois propósitos básicos: 1) organizar meu pensamento e 2) dispor de um plano de estudos a longo prazo. Por indicação da moderação do fórum, vou postá-lo aqui. Mas, por favor, entendam que eu só quis organizar as minhas idéias, traçar um plano que, com certeza, não é definitivo, e se ele servir para mais alguém é isso que realmente importa.
Ademais, agradeço a todos que participaram daquele tópico e também a todos que participam deste espaço com o objetivo de trocar experiências sobre o assunto e cuja interação é, na maioria das vezes, muito agradável.
Um norte ao iniciante à deriva
Nos fóruns de discussão é comum encontrarmos iniciantes que nutrem grande interesse pela fotografia, mas que não têm a mínima idéia de como ingressar nesse universo.
Ao atender ao chamado de um colega, neste fórum de discussão, tracei um plano de estudo, a longo prazo, que corresponde aos meus propósitos nessa área.
Como iniciante eu já cumpri algumas etapas desse plano, outras eu persigo com afinco, outras, então, nunca vão terminar, e, veja, isso não negativo. Portanto, a idéia de escrever um texto sobre o assunto não partiu de uma iniciativa intencionada, mas é resultado dos desdobramentos de uma discussão e da troca de experiências com aspirantes à fotógrafo e profissionais da área que compartilham da mesma paixão: a fotografia.
Enfatizo que sou iniciante também, com mais dúvidas que certezas, e não tenho nenhuma pretensão de sobrepor-me às pessoas que realmente sabem das coisas nessa área. Em síntese: sou apenas uma iniciante organizada e com um pouco de maturidade/experiência que me permite ter consciência do caminho que quero trilhar, ainda que, durante o percurso, eu possa pegar alguns atalhos ou resolva refazer o caminho.
Então, falando de iniciante para iniciante, com alguma experiência em ensino e pesquisa, posso afirmar que o processo de aprendizagem, na fotografia ou em qualquer outra área, é muito particular e varia de acordo com os objetivos de cada um. Têm fotógrafos, aspirantes ou não, que preferem retratar o cotidiano, as relações sociais, o universo lúdico enquanto outros optam pela fotografia de moda, de espetáculos, o nu, a natureza. Não posso esquecer aqueles que não se fixam em linhas temáticas ou que cujas linhas temáticas se encontram no modo como fotografam e não no que é fotografo em si. As múltiplas opções não cessam com a escolha do tema, mas se expandem para as questões técnicas e também formais. É um universo muito rico. Porém, indepente da sua preferência, articular instâncias como prática e teoria (embora tenda a pensar que a primeira é principal) e integrar ferramentas de aprendizagem são fundamentais.
Como disse o processo de aprendizagem varia de acordo com seus principais objetivos e também de outras variantes como tempo para se dedicar ao estudo e dinheiro para investir em equipamentos, cursos, livros etc.
Aqui, vou falar do meu processo de aprendizado, mas, lembre-se, sempre priorize as dicas dos mais experientes, pois é o que eu faço sem titubear.
Sites de busca
Eu uso muito o google e também a ferramenta pesquisa dos fóruns de discussão. Neles eu esclareço muitas dúvidas e aprendo muita coisa que são próprias dessa fase inicial como, por exemplo, entender os milímetros das objetivas, a distância focal, o que é zoom óptico/digital, as diferenças entre uma compacta simples e uma reflex, as diferenças das lentes/câmeras/marcas, o uso de filtros, a função do ISO, abertura, velocidade etc.
Nunca se contente apenas com uma fonte de pesquisa porque nessa área tem muito interesse de mercado e nem sempre um artigo elogioso sobre determinada marca/empresa significa que ela é a melhor ou a mais indicada para os seus propósitos e condições financeiras.
Livros e leituras
Eu procuro ler livros técnicos, mas também reflexões sobre fotografia e livros sobre história da fotografia. São muitos, mas muitos mesmo, então vou indicar só um, mas não é nem o melhor nem o único: “O novo manual de fotografia”, de John Hedgecoe. Mas têm outros como os manuais de Michael Freedman. Além dos livros técnicos, leio reflexões sobre fotografia e história da técnica. No momento, estou lendo “Sobre fotografia”, de Susan Sontag, e estou gostando bastante. Por exemplo, ressaltar a beleza de casas vitorianas da mesma maneira que os armazéns de rua, como fazia um fotógrafo americano, têm intenções implícitas que os livros técnicos não abordam nem dão conta de fazer pensar.
Cursos e Workshops
Têm pessoas que são autodidatas, outras que precisam de um curso, outras preferem articular as duas instâncias. Isso vai depender da dinâmica de estudo e processo de aprendizagem de cada um. Eu, por exemplo, não tenho nenhuma dificuldade de ler e estudar, minhas dificuldades são práticas. Então leio todos os livros que posso e os textos que se encontram dispersos na rede e como não tenho tanta habilidade prática, matriculei-me num curso presencial que prioriza a prática.
O curso da National Geographic é indicado para todos que estão começando. Eu o fiz, não aprendi tudo, mas tive uma noção básica do que é o mundo da fotografia. Mas, lembre-me, precisa de uma certa disciplina, afinal é um curso interativo, por CD-Rom, no qual você estabelece seus próprios horários.
Além deste, há outros cursos on-line com conteúdo relevante que permitem atingir um patamar técnico desejável no campo da prática fotográfica.
Programas/softwares
A fotografia digital depende de alguns programas para você manipular suas imagens depois. Eu estou começando esse processo, mas tem gente que inicia ele antes de aprender a fotografar. Como disse, cada um filtra as informações que recebe e trilha seu próprio percurso.
Entre esses programas destaco pelo menos dois muito citados por aqueles que entendem do assunto: Adobe Lightroom 2 Beta e Photoshop CS3, além dos programas específicos de cada marca/empresa como, por exemplo, Capture NX. De qualquer forma, eles devem ser usados como ferramentas de apoio e não como muleta, é o que dizem os mais experientes e eu concordo plenamente.
Informações em geral
Os fóruns sobre fotografia são ótimos para isso e têm vários. Tem gente que participa de todos eles, outros ficam num só e tem ainda quem não participa de nenhum. Eu participo de um porque foi o primeiro que entrei e porque estou familiarizada com as pessoas, mas consulto outros quando tenho dúvida ou quando as minhas buscas na internet encaminham-me para eles.
Passeios fotográficos
Os passeios fotográficos são ideais para promover a interação entre pessoas, trocar informações, conhecer equipamentos e esclarecer dúvidas. Além disso, dependendo da cidade e do local, fotografar em grupo é mais seguro que fotografar sozinho.
Manuais dos equipamentos
A leitura do manual com a câmera na mão objetiva extrair o máximo que seu equipamento pode oferecer. É possível que uma leitura não seja suficiente e você tenha que recorrer a ele várias vezes.
História da arte
Aprofundar-se no estudo da história da arte e no processo de composição dos artistas contribui muito para um entendimento da própria atividade, o domínio do trabalho fotográfico e na busca por uma linguagem pessoal. Sem desconsiderar as características específicas de cada linguagem artística, fotografia e pintura, por exemplo, não são iguais, mas podem promover um diálogo interessante. Só para começar indico o livro “A história da arte", de E. H. Gombrich, a série “Arte & Matemática”, da TV Cultura e também a série “Palettes l’integrale”, de Alain Jaubert, do canal francês Arte.
No campo das artes, um colega indicou expandir o estudo para além das dúvidas com o equipamento e aprofundar-me no estudo da proporção áurea, razão ouro, número Fi, proporção divina. Conheço muito pouco esse assunto e fui pesquisar o que isso significa exatamente. Achei bem complicado, mas bastante curioso. Os textos da internet são muito superficiais, então cheguei aos livros “O universo e a xícara de chá”, da jornalista americana especializada em ciência K. C. Cole, e “Razão áurea”, do astrofísico israelense, nascido na Romênia, Mario Livio. Encontrei uma resenha comparativa dos dois livros que sustenta que o segundo é mais embasado que o primeiro porque, apesar de ser uma leitura agradável sobre um tema complexo, a autora comete imprecisões que desabonam a obra. Nesse caso, vou consultar o segundo livro que parece bem atraente porque traça um histórico do número fi, desde a Antiguidade até os dias atuais, e como ele aparece em vários segmentos da vida humana, desde a matemática, a natureza até as expressões artísticas.
Outras áreas do conhecimento
Muitos textos sobre fotografia estão em inglês, então um conhecimento mínimo da língua nunca é demais. Vale lembrar que se aprofundar no estudo de áreas como Filosofia e Ciências Humanas é importante não somente para a fotografia, mas para a vida inteira, para o entendimento do mundo.
Os mais experientes (quase) sempre têm razão
Isso tudo que eu falei aqui é um resumo da articulação de todas as instâncias acima e dos conselhos dos mais experientes que eu prezo muito. Não vou citar nomes para não cometer nenhuma injustiça, mas grande parte das minhas decisões nessa área são feitas com o auxílio de pessoas que nem sequer me conhecem e por isso a gente nem sempre tem oportunidade de agradecer. Poderia, sem problemas, citar todos aqui, mas preferi não citar ninguém, primeiro para não cometer nenhuma injustiça devido às travessuras da memória e segundo porque as pessoas a quem me refiro no texto irão automaticamente se identificar.
É sempre bom lembrar
Aqui, eu só quis mostrar um, dentre muitos, plano de estudo, que eu acrescento coisas novas todos os dias, para alguém que não sabe bem por onde começar. Mas é só esse o meu interesse, pois a solução das próprias dúvidas e a realização das próprias escolhas é um processo individual, como sempre deve ser.