Caracteristicas de uma grande obra de arte (ou fotografia)...

… digam se concordom ou se discordam, e o pq:

  1. Toda grande obra de arte (e fotografia) desafia a nossa perspectiva e espectativas, nos fazendo a enxergar o que esta sendo abordado de forma nova (original), consequentemente ampliando a nossa perspectiva da realidade do tema em questao.

  2. Toda grande obra de arte (ou fotografia) acidentalmente revela algo disconcertante sobre seu criador, a ele mesmo. caso contrario ele nunca retornaria a tais obras assim como o seu publico.

  3. Toda grande obra de arte eh fruto de uma anciedade, visando a conexao com alguem. nao alguem determinado mas casual (normalmente imaginario ou inconcinte).

sejam concordando ou discordando, a medida do possivel, exemplifique a sua opiniao com alguma obra de algum fotografo. E caso possivel, com alguma obra sua.

Que pergunta difícil.

Sei explicar não… :dizzy_face:

Em resumo, vc esta concodando com a questao numero 1, em que toda grande obra de arte desafia a nossa perspectiva e espectativas, nos fazendo a enxergar o que esta sendo abordado de forma nova (original), consequentemente ampliando a nossa perspectiva da realidade do tema em questao?

De uma forma geral, os três argumentos trazem a ideia de que para um trabalho ser chamado de arte é preciso ser algo extraordinário, excêntrico, algo espetacular. O que não se leva em conta é que uma grande obra de arte é grande apenas em relação ao meio em que ela se encontra, e não ao conteúdo por si só. Um retrato da seca no nordeste pode ser uma obra artística nas regiões mais úmidas, mas no próprio nordeste seria só o retrato de um dia comum. Veja o quadro Monalisa, de Leonardo da Vinci, por exemplo. É considerada uma obra por retratar um estilo de pintura do século XVI e porque o autor se tornou influente, mas a obra em si, é “apenas” um retrato, sem uma grande composição criativa. Sei que depois dessa um monte de gente vai me chamar de ignorante e me xingar, mas estou falando em essência, e em essência o quadro tem uma composição simples, em contraste com milhares de outros artistas que fazem fotos e pinturas de meio corpo hiper criativas e não tem seus trabalhos considerados “grandes obras”.

O retrato da Monalisa tem inovacoes tecnicas para a epoca.

De certo modo, vc esta certo em dizer que “grande obra” eh julgado muitas vezes de forma aleatoria, dando tal titulo para obras por repreentar um saudosismo ou por causa do nome de quem a fez. Mas no caso, aqui nao estou dizendo que todas as obras com tal titulos sao de fato “grandes obras de arte”. Por isso mesmo trago tais definicoes, para pensarmos sobre isso.

A grande maioria das pinturas renascentistas e de cunho politico so sao chamadas de “grandes obras” pelo seu teor historico, e nao por causa da obra em si. Obviamente, galerias, leiloes e museus vao querer vender qualquer ideia que faca seu publico ver mais valor no que eles tem.

De acordo! :ok:

Fazendo uma análise das premissas que apresentou, podemos resumir o conceito da seguinte forma: a primeira fala sobre a obra trazer uma nova visão da realidade, e a segunda e terceira falam sobre ter uma visão diferenciada sobre si mesmo, no caso, sobre o autor explorar uma versão diferente de si. Se formos pensar dessa forma, toda obra que fazemos representa uma versão de nós mesmos, seres complexos, cheios de sonhos e planos, gostos, costumes e opiniões, o que por si só já apresenta uma versão diferenciada da realidade. Se você me explicasse verbalmente o que pensa sobre política, por exemplo, teria com certeza uma visão única e diferente da minha, ainda que concordássemos sobre a ideologia. Imagina agora ao invés de uma explicação verbal, uma foto.
Sobre a segunda e terceira, em se tratando de expressão artística, pode sim ser a libertação de um “eu” que desconhecemos. Isso pode acontecer quando compomos uma música ou escrevemos um texto, por exemplo. Inclusive a liberação do “eu” é o objeto da psicanálise, que ocorre através da fala, uma igual forma de expressão.

Sim, as duas ultimas eh sobre a “liberacao do Eu”. Mas tal liberacao acontece em toda criacao? Ou se usar o exemplo da fala, ela acontece em toda fala? Ou se usarmos o exemplo da politica, ela acontece em toda opiniao sobre politica?

Ou sera que existe uma distincao na interpretacao do mundo conciente que expressamos diariamente, e do Eu as vezes reprimido e as vezes liberto?

Esse “Eu” seria o inconciente na psicanalise, ao qual em grande parte eh reprimido no dia a dia e interacao diaria com as pessoas. E por mais que inconcientemente sempre escape algo, acaba sendo algo que normalmente as pessoas rejeitam ou evitam em reconhecer de seu EU. Sera que na arte esse reprimento tambem nao acontece? E as grandes obras de arte se difere quando o Eu passa a ser a voz na arte, uma autoinvestigacao e descoberta? Uma transferencia tal como em um dialogo entre paciente e psicanalista?

Eu por um tempo, anos atras, ficava pensando sobre a diferenca do Eu material (corpo e imagem) e do Eu “espiritual” (sentimentos e emocoes). E assim fiz uma serie de fotos com garrafas representando o corpo e flores e velas representando a expresao da alma/sentimentos, como simbologia de um estar contido no outro e as vezes ser reprimido e liberto por outro. Fazendo isso eu cheguei a tal imagem, ao qual pode ser interpretado como uma relacao sexual e orgasmo. Sera que muitas pessoas nao reprimiriam e deixariam de fazer tal imagem, da mesma forma que premimem suas falas? Com medo da interpretacao e julgamento alheio? Com medo de ser taxado de pervertido e sujo? Ou por demais motivos morais religiosos, familiar e culturais?

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Eu nao estou insinuando que minha foto seja uma “grande obra de arte”, mas sim querendo dizer que por mais que todas as formas de expressao mostre uma visao de mundo da pessoa, existem mais de um Eu em cada um de nos, o eu social e conciente sobre si, e o Eu que inconciente, mais do que frequentemente reprimido.

Em resumo, seraque grandes obras de arte tem em comum o fato de o Eu conciente nao bloquear o caminho do eu interno. Em que o criador a criacao de seu modo racional mas deixa a obra ganhar sua voz, com a expressao do seu sentimento.

Márcio, é difícil responder essa questão sem entrar no campo da psicologia, mas como um entusiasta, vou me arriscar. Segundo Jung, as pessoas se apresentam à sociedade através da persona, que é um conjunto de qualidades individuais que correspondem às do coletivo, ou seja, se todo mundo gosta de futebol e você também gosta, então essa vai ser uma das características da sua persona. Essa persona é só uma parte do que você é de fato, o que não significa que o seu “eu” (ou prefira o termo “self” - segundo Jung) esteja reprimido, pois quando você está em casa, em um ambiente particular e situação adequada, consegue fazer todas as coisas que gosta sem se preocupar em adequá-las ao contexto social, gozando de sua liberdade como ser individual. Quando temos que passar muito tempo usando nossa persona, ou seja, nossa máscara social, acabamos massacrando nosso individual, e isso vai criando uma certa pressão interna, pois não é possível se desfazer do individual, eliminar o self, assim como não é possível eliminar completamente a persona. O que acontece com muitos artistas é que quando essa pressão estoura, dá vazão a todas as emoções reprimidas, as quais geralmente saem de modo poeticamente exacerbado, exalando sua plenitude artística. São casos excepcionais, como por exemplo os compositores no tempo da ditadura (ou governo militar, como preferir), ou outros artistas da idade média que enfrentavam forte oposição cultural a certos ideais. Exemplos não faltam. Por outro lado, não são somente esses casos em que é possível manifestar nosso “eu”. Pense numa casa na árvore. Certamente você pensou em uma casa de madeira, mas as cores, a textura, arquitetura, ambiente, etc. por mais simples que seja, são uma criação exclusiva da sua mente. Você não é o criador da primeira casa na árvore, mas quando pensa em uma, exerce toda sua criatividade para criar uma que seja exclusivamente sua, conforme o seu gosto. Isso é criatividade e não exige tanto esforço quanto um orgasmo. Aproveitando sua comparação com o coito, penso que a liberação do “eu” não ocorre no orgasmo, mas o próprio ato em si é a sua manifestação, e o orgasmo, um presente. poderia entrar aqui no conceito do sexo tântrico, mas iria desviar o assunto para muito longe e fugir à sua pergunta rsrs. Mas respondendo a seu primeiro questionamento, “Mas tal liberacao acontece em toda criacao? Ou se usar o exemplo da fala, ela acontece em toda fala? Ou se usarmos o exemplo da politica, ela acontece em toda opiniao sobre politica?”, a resposta para todas elas é sim, acontece todas as vezes. Seria muito difícil impedi-la de sair, e ainda que você se policie para não manifestá-lo todas as vezes, ele está sempre lá, o seu “eu”, sua opinião, sua criação, pronta para sair assim que você der uma brecha.

Em outras palavras, vc acredita que as pessoas sempre sabem (concientemente) o que gostam, o que querem e o que sentem (e os motivos), e assim sempre estara sem barreiras exposto no que fazem, opinam e criam?

Vc concorda ou discorda das tres frases que presentei?

:snack:

Ao contrário, existem muitas barreiras internas e sociais que nos impedem de nos manifestar plenamente, mas é possível diminuir algumas delas. Vou dar um exemplo. Imagine que você chega no meio da rua em algum lugar movimentado e tenta dar um grito bem alto para expressar suas emoções (raiva, alegria, etc.), mas fica receoso porque sabe que vai atrair muito a atenção e todas as pessoas vão olhar para você, deixando-o com vergonha. Nesse caso, a vergonha é uma barreira que o impede de se manifestar plenamente, a qual vai funcionar como um freio moral. Resumindo, nem sempre sabemos o que queremos, o que estamos sentindo ou o que gostamos, mas muitas vezes deixamos de fazê-lo por causa dessas barreiras. Eliminando-as, abrimos um canal para que o “eu” interior possa trazer para fora o que temos guardado em nossa essência.

Concordo, assim como uma obra de arte não é arte por si só, mas o é por causa dos que a avaliaram dessa forma.

Eu acho que o momento de uma obra de arte, e um ponto de superacao do proprio artista.

Ok. Nesse ponto concordamos.