Casamento: anseios do cliente e trabalho autoral

Inspirado na discussão gerada no tópico do Mike.

Até que ponto balanceamos na fotografia de casamento os anseios do cliente e a fotografia autoral?
Devemos fazer as fotos o mais técnico possível, certinhas, ou buscarmos a ousadia deixando nossa expressão artística?

Queria falar sobre o assunto mas sem desvirtuar o tópico do querido colega.

Creio que tem a ver com seu portfolio… com o que você vende.
Os clientes provavelmente vem até você se estão de acordo com o trabalho que você apresenta.
Não creio que casamento ou qualquer outro tipo de evento remunerado seja propício para “ousar” - se seu portfolio é “comportado”… ou ao menos garanta as fotos “normais” e tente ousar com as demais.
Mas o seguro mesmo é construir um portfolio com a linguagem que você quer vender/trabalhar.
Vão te contratar pelo que você está apresentando.

Digo isso porque temos que registrar os momentos certinhos. Ai da gente que não registre o beijo ou a entrada da noiva.

Mas mesmo assim, tem momentos em que podemos criar, que podemos ousar, e isso também pode aparecer no nosso portfólio. O próprio Anderson Miranda tem fotos “poucos certinhas”, por assim dizer. E isso vai para o nosso portfólio também.
Gosto do trabalho do Mike, mto bom tecnicamente. Talvez a crítica do spider é de alguém mto acostumado a criar, a produzir livremente, posição diferente do Mike.

Eu fiz recentemente meu primeiro casamento como fotógrafo contratado.
Minha primeira ação após a concretização do contrato foi revisar todas minhas fotos de casamento (como freela) e fotos na net para verificar as fotos “infalíveis”…
Fiz isso porque tinha a certeza que se garantisse essas fotos básicas, podia certamente construir outras fotos mais interessantes (para mim, para me agradar).
O resultado foram fotos básicas legais e fotos “elaboradas” mais legais ainda.
Fiquei feliz com o resultado, a felicidade dos recém-casados.

Eu não fotografo casamentos, mas acredito que é uma das maiores responsabilidades que um fotógrafo pode ter. É um investimento altíssimo em tudo, e acho que o equilíbrio entre o autoral e o clichê está justamente no sentido de entregar o inusitado sem comprometer o básico.

Acredito que tudo depende da conversa com o seu cliente.

O que você apresenta e vende pra ele.

Talvez o que o spider mencionou no outro tópico é que as fotos que o Mike colocou são fotos “padrão” que todo casamento tem, mas… geralmente os fotógrafos não colocam essas fotos no seu portifólio, colocam as que eles fizeram diferentes, onde a imagem só aconteceu em determinado casamento e não necessáriamente vai acontecer outra oportunidade daquela mesma imagem. Acredito que o fotógrafo exibe o seu diferencial em que o cliente vai se identificar, ele também faz as fotos “padrão” mas não coloca no seu site pois o objetivo não é esse.

E como a Angelita disse cada um tem o seu gosto e seu público, mas pelo o que eu entendi que o spider quis dizer foi que as fotos estavam boas porém “padrão” onde não se identifica o olhar do fotógrafo ou seja, você pode comparar essas imagens com as de outros fotógrafos e se perguntar o que ela tem de diferente dos outros ?

Como eu vi um curso online esses dias do David Beckstead, foi como ele disse existem fotos “boas” e fotos “UAU” e o Mike misturou fotos “boas” com fotos “UAU” e imagino que todos queremos ver fotos “UAU”.

Gostei do ponto de vista do Spider, não quer dizer que esteja certo ou errado, mas a idéia aqui é evoluir e acredito que críticas são sempre bem vindas, não necessariamente vamos absorver todas, mas acredito que mais vale uma crítica, do que um ta “lindo” ou “maravilhoso” ou etc… lógico que sempre ficamos felizes com elogios, mas é a crítica que nos fazem evoluir.

Se o que o spider quis dizer está no que eu escrevi acima eu concordo com ele.

Eu gosto da mistura de fotos tradicionais com fotos diferenciadas no portfólio.

Da segurança ao cliente do resultado geral que foi o evento.

É que acho que aí há uma confusão: “registrar os momentos certinhos” não quer dizer que você tenha que fazer “registros certinhos”. Há momentos chave na liturgia de um casamento: entrada da noiva, troca de alianças, bj, bouquet, etc. Esses momentos não podem faltar no álbum, mas podem ser fotografados de várias formas, desde a mais clássica à mais original. Nenhuma das duas é melhor: dependem do olhar do fotógrafo e do gosto do cliente.

Eu, por exemplo, para o MEU casamento, gostaria das fotos as mais “diferentes” possíveis. Outro dia, um colega do fórum queria seu casamento fotografado com pinhole - ia ter aliança, tudo, mas com pinhole. Meu irmão, que tem um gosto mais clássico, valoriza muito cores, nitidez, etc., ia detestar algo “original”. Então, há lugar para tudo.

Só não colocaria, no meu portfólio, muita mistura de clássico e original. Isso confunde o cliente e corre o risco de não agradar ninguém.

Abs!

Por isso existem alternativas

Fazer fotos diferentes é arriscar. E como o próprio nome diz, há o risco. Penso que estou sendo pago e tenho que entregar aquela foto. Não sei se arriscaria em um momento chave desse não. Alias, posso até arriscar desde que tenha certeza que tenho no mínimo mais um fotógrafo cobrindo exatamente aquele momento do jeito “certinho”.

E mais, já vi vários relatos de fotógrafos que se esforçam ao máximo para fazer composições mais elaboradas, mas que no fim das contas 80% das fotos que o cliente escolhe pra ir pro album são as certinhas. Como disse o Criox, se tenho liberdade de criação faço ensaio até por sorvete, se não cobro caro. Se estamos sendo pago para fotografar o evento, temos que lembrar que o cliente almeja receber algo. Se eu fosse de graça, nem faria as fotos “cara x crachá”, tão chatas de se fazer mas tão importantes pro album.

Rafa, fazer fotos de casamento é arriscado, por definição.

Buscar ângulos e iluminaçao originais, para quem SABE o que está fazendo, está dentro de um risco controlado.

Imagna se eu contrato um cara porque adoro as fotos “malucas” que ele faz e, naquelas dos momentos mais importantes, alianças, entrega da noiva, etc., recebo umas “certinhas”. Eu ia ficar puto.

Por isso que digo que depende de escolha de profissional e gosto e que ninguém é mais certo por fotografar de forma alternativa ou clássica.

Ainda, se o cara escolhe um fotografo com o portfólio todo “alucinado” (para não perder o mote do Spider) e depois quer fotos clássicas, ele está errado. O contrário também é verdadeiro.

Concordo em gênero, número e grau.

Mas fazer um portfólio todo de fotos diferentes é um tanto arriscado comercialmente falando.

Agora se o cliente te contrata pra fazer tudo de pinhole ou apenas fotos inusitadas, ai já são outros 500.

Agora, mesmo dentro das fotos certinhas, tem as características de cada fotógrafo que diferenciam as fotos.

Mike usa flash com assistente, fiz um casamento usando bastante luz de led e me apaixonei. Pra casamento se tornará minha forma primária de iluminar. Em infantil uso flash rebatido e por ai vai.

Rafa, acho que a primeira coisa importante a mencionar é que nao se trata de um “trade-off”, de um “perde-e-ganha”. Voce pode seguir a sua linguagem da maneira que bem entende e agradar o cliente ao mesmo tempo. É claro que, como em qualquer caso, o bom senso é essencial. Eu nao vou, por exemplo, fotografar um evento totalmente em baixa velocidade. Isso extrapolaria o bom senso :). O meu propósito é fotografar esse evento com o meu olhar, mas continua sendo um evento contratado e nao uma criaçao totalmente própria. Bem, levando a sério essa regrinha básica do bom senso, a gente pode aplicar o nosso olhar sem maiores preocupaçoes. A gente sempre pode ir além do que a gente imagina :). Dentro do bom senso, quem define as fronteiras da nossa fotografia somos nós. Esse papo de colocar a carga de nossas limitaçoes em cima de nossos cliente é muleta. A nossa maneira de enxergar as coisas nao é tao única. Digo isso no sentido de que você sempre encontrará pessoas que se identificam com a sua maneira de fotografar. Basta fazer a parada sem medo, com convicçao e saber externalizar a sua forma de ver o mundo.
O segundo ponto é que isso nao é uma escolha mas uma necessidade. As vezes a gente trata isso como uma escolha. A escolha de fazer diferente no momento do clique. É como se voce ligasse um botaozinho na hora de fotografar e pronto! já está fazendo de maneira diferente. É importante entender que o que muda nao é a sua fotografia mas você. A sua fotografia é apenas uma conseguencia daquilo que voce é. Quando a gente entende isso, a gente percebe também que a mudança é um processo e nao um resultado. É gradual e nao definitivo. Quando pensamos em mudança, em caminhada, em evoluçao, estamos falando em fazer aquilo que nao faziamos no passado. Portanto, nesse sentido, é impossivel fazermos exatamente o que o nosso portfólio propoe. Se voce fizer exatamente aquilo que está no seu portfólio, voce estará fazendo a mesma coisa. O que você deve fazer é mostrar que a sua fotografia está ligada com a sua maneira de ser e de viver que é mutável e nao há problema algum nisso.

Mas nosso estilo é criado pra agradar a quem? Nosso portfólio é feito para nos agradar ou agradar a nosso cliente? Falo isso porque o que nós somos depende, em maior ou menor grau, do que o outro espera que sejamos. Ninguém tem um portfólio de fotos 100% artísticas. O que vc chama de bom senso nada mais é do que o que o outro espera de nós. Não fazemos um ensaio todo em velocidade baixa por bom senso, mas apenas porque o outro não quer isso de nós. Então o bom senso citado ainda é uma expressão que designa nada menos do que atender as expectativas do cliente e não as suas.

Colegas fazem coisas diferentes, para mkt, mas levam outro profissional ,para fazer o que o cliente compra, isto e bem comum de ver.

É feito para nos agradar. É impossivel saber o que vai agradar os clientes. Cada cliente pode gostar de coisas distintas. Nao posso pensar com a cabeça do cliente. Isso me deixaria maluco. O fator bom senso nao é para agradar o cliente. É uma percepçao minha daquilo que EU gostaria de receber como trabalho. Se eu contratasse um fotografo com uma linguagem propria que entrega somente fotos borradas do meu casamento eu nao ficaria satisfeito. Por isso nao entregaria esse tipo de produto. Sempre penso com a minha cabeça. Que tipo de produto eu gostaria de receber. Trabalho sempre pensando nisso.

A gente não pensa em cada cliente. Mas acredito que a gente sempre pensa em um cliente “médio”. Ou seja, o que mais ou menos as pessoas gostariam de receber.Se vc achasse lindo um casamento todo feito de pinhole (com base no comentário do casal que quis a fotografia do casamento assim), montaria um portfólio só de fotografia pinhole de casamento? A gente não sabe o que cada cliente quer, mas sabemos que o “cliente médio”, digamos assim, não compra isso. 99% das empresas montam seus produtos e serviços com base no que o grande público consumiria e ninguém tá ficando maluco por causa disso, se não pesquisa de mercado nem existiria.
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Olha Rafa, estou falando sobre a minha maneira de pensar e trabalhar. Nao me importa o que as grandes empresas fazem. O meu trabalho tem que me agradar antes de tudo. Nunca farei algo que nao me agrade. Se me agradar e agradar o cliente, melhor ainda. Bem, essa é a minha maneira de ver as coisas e, de certa forma, tem funcionado. Nunca traí as minhas conviccoes e os meus gostos. Em tres anos de trabalho profissional nao tive nenhuma reclamaçao de clientes. Pelo contrario, quanto mais eu sinto que sigo as minhas convicçoes, atraio mais clientes que respeitam o meu trabalho.