Uma das técnicas utilizadas para evidenciar o assunto principal de alguma imagem é a Profundidade de Campo curta e por muitas vezes desapercebida, a Compressão de Planos.
Compressão de planos é uma característica ótica de todas as lentes de longa milimetragem, como objetivas telefoto ou super-telefoto, a compressão cria uma sensação de proximidade do segundo plano com o primeiro, parecendo estar maiores ao fundo, dando uma ilusão ótica de que o objeto ao fundo ou está mais próximo ou é maior do que na realidade. Lentes 85mm ou mais já causam esse tipo de sensação, aliando uma lente longa a grandes aberturas, podemos ter um primeiro plano muito bem destacado valorizando mais ainda seu foco principal.
Esta técnica explica a iconica e polêmica foto de Kevin Carter(ganhador do prêmio Pulitzer), em que um abutre espreita uma menina sub-nutrida durante uma entrega de alimentos no Sudão, em 1994. Ao analisar a imagem em primeiro momento, notamos que aparentemente o abutre está a uma curta distancia da garota, o que de fato não é real, já que foi usada uma telefoto para fazer o registro.
eu recomendei esse filme num topico daqui mesmo kk, muito bom filme mesmo
eh comum nesse tipo de trabalho se usar lentes zooms que cobrem grandes distancias focais e mais de uma camera, pra nao perder mta coisa, se foi a ideia desde o começo, duvido, é impossivel sair de casa esperando ver uma cena dessas, por pior que seja o lugar que voce fotografe… mas a tecnica foi bem aplicada, pois se ve claramente que ele usou no minimo f/16 pra manter essa profundidade de campo, f/5.6 ele teria perdido quase toda a informaçao do abutre no fundo
Caso o filme tenha seguido a risca ou algum embasamento nessa cena, a gente pode perceber bem a compressão de planos.
A cena que ele fotografa o menino com o abutre tá 02:15
Andre, me permita 2 links de 2 fotos de nosso colega AlexandreS que explica muito bem essa questão da compressão
Jupiter 85mm
Vivitar 200mm
Vejam que a tomada é praticamente a mesma, mas a planta ali no fundo fica muito mais “próxima” na 2ª fotos, porque o plano da estátua e o plano da planta foram “aproximados”, “comprimidos” pela compressão dos planos.
sim, percebe-se, qualquer mudança de distancia focal esse efeito ótico é notado, lógicamente quanto maior a distancia focal mais se nota esse achatamento de planos, pus em 18mm e 300mm pois sao as distancias focais mais longes uma da outra que tenho aqui em mãos
Percebe-se… Mas aí é o inverso.
Em 55mm é como se o efeito não houvesse. A separação dos planos é bem próxima daquilo que o olho humano capta e cérebro interpreta.
Em 18mm ocorre expansão de planos. Os planos ficam mais distantes.
Numa certa leitura fica parecendo que há compressão se compararmos de 18mm para 55mm, mas é falsa.
A comparação correta é de 55mm para 18mm e aí a expansão é percebida, ao invés de compressão.
Acho que a maioria aqui sabe disso, mas não custa deixar bem claro: a compressão de planos tem a ver com a distância que estamos do objeto, não é algo inerente à objetivas. A distância muda a perspectiva e comprime ou separa os planos. Um objetiva mais longa te permite ficar mais afastado do objeto, o que causa a compressão de planos. Uma objetiva mais curta permite que você fique mais próximo ao objeto, o que separa os planos.
Essa não é a foto ideal para mostrar isso (possui profundidade de campo muito curta), mas dá pra ter uma ideia. Essa é a imagem original, tirada com uma 35mm:
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Fazendo um crop apenas da porção mais próxima da câmera, temos uma separação bem grande entre os faróis dos carros:
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Mas fazendo um crop apenas da porção mais distante da câmera, os planos estão bem comprimidos, e os faróis dos carros ficam bem juntinhos:
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Só pra deixar claro mesmo, que a compressão não tem a ver com a objetiva utilizada, mas sim com a distância da câmera em relação ao objeto. Na prática meio que dá na mesma, porque ninguém vai tirar foto em 18mm e cropar para ter uma compressão de planos legal, mas acho bacana deixar as coisas bem claras, rsrs…
Na primeira foto a lente (uma angular) permitiu um posicionamento bem próximo do objeto. A distância entre o fundo e o objeto é 2x a distância entre o objeto e o plano focal, dando a impressão de que o fundo está ao longe. Na segunda foto foi usada uma tele e para permitir o mesmo enquadramento, e o plano focal teve que ser deslocado para trás. Agora, a distância entre o fundo e o objeto é de 1/3 da distância entre o objeto e o plano focal, dando a impressão de que o fundo está praticamente “colado” ao objeto.
Isso é a base de duas coisas.
Imaginando que o objeto é o nariz, e o fundo são as orelhas, fica claro o porquê de determinadas distâncias focais seram as mais adequadas para retratos - tirando-se claro os usos “artísticos” por assim dizer. Distâncias focais entre 50mm e 135mm fazem com que a perspectiva do rosto seja agradável aos olhos. Closes ou fotos de rosto com lentes mais curtas podem fazer o nariz e testa ficarem proeminentes e as orelhas distantes - típico self-retrato de celular- e closes com lentes muito longas podem fazer com que orelhas e olhos pareçam no mesmo plano, achatando a imagem e “engordando” o rosto.
A segunda, é que muitos usuários usam o zoom das lentes como um auxiliar do enquadramento, mas não se lembram que alterar o zoom altera a compressão dos planos e toda a dinâmica da foto. Um determinado enquadramento feito de uma distância com uma 35mm gera uma foto totalmente diferente do mesmo enquadramento feito a distância com uma 200mm - e meu exemplo que o Hyde postou lá em cima mostra bem isso. Antes da popularização do zoom, primeiro escolhia-se a distância focal baseado nas características que vc queria impôr à foto. E depois fazia o enquadramento posicionando-se de acordo. Hoje fica-se onde se está e faz o enquadramento com zoom, perdendo-se o controle da perspectiva. Por isso que usar uma lente fixa, ou travar o zoom em apenas uma distância focal, é um belo exercício de fotografia. Experimentem usar uma 35mm (em APS-C), ou então uma zoom travada nesta distância focal, e verão como suas fotos de rua irão ter uma dimensionalidade bem interessante.