Ética e fotografia

Muito interessante este video…
http://video.bugun.com.tr/bugunPlayer.swf?file=dagilfilm.flv

Oi Boni,
Olha, essa demonização do repórter fotográfico é, para mim, fantasiosa e um tanto romanceada demais. Há uma tendência em muitos meios de se achar que os repórteres de guerra, de conflitos ou de calamidades são TODOS abutres na espera insensível da desgraça humana. Não concordo, absolutamente. Ninguém está no meio de um conflito por diversão. Meia dúzia ganham um Pulitzer e ficam famosos. Tão pouco são heróis. Mas são peças importantes, que ligam a nós do “mundo maravilhoso” à realidade triste. Bons ou maus, humanos ou frios, têm um papel importantíssimo em nossa consciência. Catalogá-los de um bando de antiéticos, em nossas casas confortáveis, em “nosso país tropical abençoado por Deus”, ou dentro de um estúdio com ar condicionado, acho meio leviano demais.

E se nós fotógrafos nos preocupássemos apenas com belas paisagens, modelos deslumbrantes, flores, lindas noivas e o mundo disneylândico em geral? Quem ia contar a história? Aquela de verdade?

Recomendo a leitura de O Clube do Bang Bang (histórias reais) e o filme O Resgate de Harrison (ficcção), se se interessa pelo tema.

Abraços

  • Fala Marcelo… em nenhum momento eu disse que concordo com o argumento do video que ou critíco o trabalho de foto jornalismo (na verdade acho até legal). Concordo com tudo que vc falou ai tb discordo deste ponto de vista ou essa demonização do fotojornalista como vc diz, eu só coloquei o video a título de curiosidade pq concordando ou não sempre acho interessante ver a coisa por outro lado. Conhecer outros pontos de vista memo que diferentes do meu.
    Apenas discordo caso vc tenha me incluído nesta lista dos que julgam de sua casa como antiéticos sem saber a importância do cara que tá lá fotografando. Eu sei muito bem oque eestes cars fazem e representam…
    Conheço já o Clube do bang-bang (e indico pra td mundo) e outras histórias de grandes fotojornalistas que admiro bastante.

Beleza! :ok:

as pessoas vêem o fotógrafo como um ser antiético que não fez nada para ajudar. Principalmente nesta história dos “abutres de Carter” pq na foto aparece apena uma criança morrendo com os abutres esperando para devora-lá. O que ninguém entende é que isto é apenas um close de uma situação onde na verdade exitiam centenas, talvez milhares de crianças nesta mesma situação. O fótógrafo apenas fez o seu trabalho registrando uma das cenas…

Em toda a área existem bons e maus profissionais. Com escrúpulos ou sem pudor. Com uma ética comum, com uma ética própria ou sem ética nenhuma. Carter, por exemplo, não foi herói nem vilão. Ninguém soube ao certo o que se passava no plano aberto daquela foto, pois ele foi dele o único testemunho. Também sabe-se que ele tinha lá seus tormentos. O que não vem ao caso absolutamente.

Explorar certas imagens, que fatalmente renderão ganhos financeiros (afinal, trata-se de uma profissão remunerada, e como um garimpeiro, pode-se passar a vida toda sem se deparar com uma imagem-prêmio, mas continua sendo uma profissão e muito mal paga), faz parte deste ofício, assim como fará parte do ofício do jornalista descrever as costelas a mostra ou o olhar da menina agonizante com palavras.

Então, para continuar a reflexão, pergunto: O que teria ajudado a arrecadar mais fundos e donativos nas campanhas humanitárias da década de noventa? Um relato escrito por um correspondente sobre uma criança com costelas à mostra espreitada por um abutre ou a foto de Carter? Quanto uma foto cruel pode contribuir e já contribuiu para mudar a história ou quanto a ausência dela não contribui para a mudança? Quantas injustiças só foram possíveis de ser cometidas pela falta de um fotógrafo para registrar seu andamento e mostrar para o mundo?

Abraços

eu perguntei pra uma amiga minha, um dia: “pq vc escolheu fazer jornalismo?”

ela respondeu com uma frase q ela não lembrava direito de quem q era: “pq todo mundo tem o direito de saber o q está acontecendo do outro lado do mundo”.

SOMOS TODOS ABUTRES
Amigos… se seguirmos por este prisma, nós seres humanos somos todos abutres; não somente os fotografos!!!
Abutres: que fecham as janelas dos carros enquanto alguem lhe pede uma moeda;
Que viram-se para não ver os viciados em craque ao largo dos viadutos;
Quem nunca se deram o trabalho de enterder o que se passa na mente de um pai que perde o filho na guerra do tráfico.
Que não se dão conta do sofrimento dos fetos abortados, defendendo a idéia doentia de MATAR pela VIDA!!!
Que não refletem tudo o que se passou e foi destruido quando come uma bela salada com palmito de açaí.
Eh meus amigos: A diferença é que o “ser humano”, diferente do “ser fotografo”, não faz nada… NADA!!! Não eterniza a imagem; não divulga; não escandaliza; não faz parte da solução!!!

O Fotografo faz parte da solução… retratar o EXECRÁVEL para o “ser humano” faz parte da nobre função do “ser fotógrafo”… que também fotografa belas paisagens, belas moçoilas e famosos…

Parabéns àqueles que com o seu “olhar” escandaliza a humanidade para as duas atrocidades… E para aqueles que criticam a obra prima retratada nos campos Africanos, fiquem tranquilos: todos ainda tem a oportunidade de salvar uma criança de situação semelhante na África ou em situação análoga no nordeste e norte do Brasil!!! Basta ter coragem de deixar a confortável poltrona e emprestar os seus braços e mentes a algo mais que criticar…

Sucesso a todos…

É bem por ai!

Boni! Adorei ver este tópico por aqui…é um assunto que me mobiliza e interessa profundamente! Tanto que fiz minha monografia de conclusão do curso de Jornalismo sobre o tema… :smiley:
Pra quem tb se interessar, recentemente o festival do Rio exibiu o filme " Abaixando a Câmera - Ética e Dor no fotojornalismo carioca " que aborda a intimidade do fotojornalista com a violência.

Pra quem preferir uma boa leitura, o livro da Susan Sontag, Diante da Dor dos Outros, reflete sobre a posição do fotojornalista e dos “espectadores” diante de imagens chocantes, enquanto conta um pouco da história da fotografia de guerra…vale a pena ler!!! :ok:

abç parabéns pelo tópico

Acho que a crueldade está somente na situação, não na foto, não no fotografo. Como foto jornalista e dever do fotografo interferir o mínimo possível no assunto a ser fotografado para que a interpretações dos fatos haja menos interferência possível do autor da fotografia. Embora essa interferência seja inevitável, tratando-se de uma questão de semi-ótica.
É dever de todos lhe dar com a realidade, e é dever do fotografo trazer à luz do presente os fatos passados.