Frequentemente, pergunto-me qual o sentido de minha fotografia. O engraçado é que há três anos atrás eu sabia perfeitamente qual era esse sentido, uma grande narrativa afetiva da minha vida. Mas agora, muito afastado daquela simplicidade, vejo que junto com ela perdi um pouco de algo que hoje me deu vontade de chamar “fotografia feliz”.
Hoje estava brincando com o Adobe Lightroom e com o DNG Recovery Edges, que tem o condão de acrescentar às nossas imagens pixels desprezados pelo fabricante. Por mera brincadeira e curiosidade, resolvi pegar uma foto feita com as Fujis que já tive. Por ser a primeira a me interessar, peguei uma realizada em abril de 2004 com a já há muito vendida Fuji s5000, CCD de apenas 3mp mas que entregava uma imagem maior devido ao seu SuperCCD. A lente fixa, o zoom longo e flexível, o fato é que eu a usava de maneira muito livre e sem cerimônia, e muito estável que era a câmera me permitia fotografar com uma liberdade agora inexistente. Assim eu não incomodava a família, fotografava rapidamente (mesmo sempre em modo manual), fotografava quase com qualquer luz mesmo limitado ao ISO 200, pois os pontos perdidos no ISO recuperava sobjeamente na estailidade. A foto abaixo, por exemplo, foi feita com a lente em focal-equivalente de 200mm, mas está direita, e a velocidade foi de apenas 1/125 (e poderia ser menos).
Bem, aí encontrei essa e outras fotos, e ficou-me a impressão de ter perdido algo, ter perdido certa naturalidade. Nesse tempo, ao comprar a s5000 eu vinha de uma curta (seis meses) experiência com uma Canon A30, 1.2mpx, e de uma longa experiência, trintenária, com reflex de filme, mas sempre tendo como foco, principalmente nos dez anos anteriores, fotos da vida familiar.
Minha linguagem de fotografia familiar mudou muito pouco. Observando esta foto de 2004, vê-se ser a mesmíssima abordagem. A fotografia complexificou-se com a inclusão de outros temas e de outras preocupações, mas em essência é a mesma. Mas sinto ela não ser uma fotografia tão feliz quanto a de antes.
Observando a foto feita pela s5000 fico pensando: E ela basta? E sou obrigado a reconhecer bastar. Ela pode existir em formatos bem legais, nem tão pequenos, como por exemplo 18X24, e manter a qualidade necessária à contemplação. Será mais perfeita que outra nova? Por certo não. Mas quanto vale a felicidade que nela transparece, resultado da total despretensão e brincadeira?
http://img182.imageshack.us/img182/1246/20040428image0014200404oe6.jpg