Fotografias não mentem, mas mentirosos fotografam

A frase é a seguinte: “Fotografias não mentem, mas mentirosos fotografam”.
É de autoria de um fotografo americano, Lewis Hine.
Pelo que já li, ele é considerado um dos mestres da fotografia documental.
Sua fotografia mostrou crianças trabalhando em fábricas, nas ruas e no campo. Isso rendeu a aprovação da lei contra o trabalho infantil nos EUA.
Participou de movimentos que reivindicavam melhores condições de trabalho.

Aconteceu que ele se tornou vítima da pobreza que sempre mostrou.
Morreu em estado de miséria.

Mas quem me ajuda a interpretar a frase?

Helder:

mentirosos fotografam e podem usar a fotografia para mostrar apenas uma parte do que estão vendo, ou de forma que uma coisa pareça outra. Veja, se você fotografar uma escola com uma usina atômica ao fundo, e fotografar de longe com uma 500mm, parecerá que a escola é ao lado da usina atômica, mesmo que haja mais de um quilômetro entre eleas.

Um outro exemplo é você fotografar numa escola alunos bem vestidos e arrumados e dar a impressão de que todos são assim, e por aí vai.

Como a pessoa que vê a foto não vê o que o fotógrafo viu, mas somente o que o fotógrafo quis mostrar, isso é uma forma de mentira também.

Ivan

Manipulam a imagem a favor de um bem maior, seja uma ideia, seja financeiramente.

Como é o caso de varias fotos de Disco Voadores, todas fraudes.

E por ae vai.

essa frase realmente é otima…

Obrigado pelas respostas…
Algumas coisas nao tinham ficado claras pra mim, por tanto, vocês ajudaram muito!
Obrigado! =D

Oi, pessoal!

Acompanho o fórum faz um bom tempo, mas só agora me dignei a participar ativamente desse vasto campo de idéias :stuck_out_tongue: Geralmente me deparo com comentários interessantíssimos do pessoal e acabo julgando que os meus seriam só mais-do-mesmo. Mas uma hora temos que encarar, né, dar a cara ao tapa :stuck_out_tongue:

Resolvi me manifestar especificamente nesse tópico porque simplesmente adoro essas conversas sobre o olhar e sobre as suas infinitas formas. Já andei bisbilhotando e encontrei posts sobre o Saramago, que é alguém que fala brilhantemente disso.

Bom, eu acho que existem, no mínimo, duas considerações a se fazer a respeito da frase do Lewis Hine. Uma foi a consideração importante já feita aqui de que a fotografia pode gerar ilusões na ótica de quem a vê, pelas suas possibilidades de composição e tratamento, referente à qual o Ivan bem exemplificou com uma foto à longa distância que aproxima objetos distantes.

A outra, que me parece mais filosófica e viajante (e de repente, mais simples de se conceber) é a existência incorrigível de um contexto. Acredito que o exemplo da foto de meia dúzia de crianças bem vestidas na escola, como se elas dessem conta da totalidade dos alunos daquela escola, por mais que a saibamos parcial, ilustra bem isso.

A fotografia, bem ou mal, prende um momento. E esse momento está sempre envolto por um contexto, ou real, das coisas que têm a nossa volta, ou imaginário, dependendo das coisas a que a foto nos remete, da nossa própria história, vivência, conhecimento disso ou daquilo.

Acredito que cada um tenha o seu próprio filtro da realidade. Ela sempre é carregada da opacidade ou brilho de cada um. Então os contextos que a gente formula são infinitos! E o fascínio da fotografia talvez seja esse: fixar uma imagem que pode ter infinitos significados, dependendo de quem vê e do momento em que se vê. Uma pequena imagem é capaz de provocar mil sensações diferentes e criar contextos fantásticos, que a gente pode inventar. E essa nossa possibilidade de viajar, criar em cima realidade posta pode servir tanto pro bem quanto pro mal.

A questão da ilusão de ótica é um exemplo. Acho que é algo bem delicado, principalmente quanto se fala do uso desse recurso em foto documental. Envolve uma questão forte de ética…
Mas pra isso já deve haver outro tópico! :stuck_out_tongue:

Bom, escrevi demais, mas espero que seja só o começo :slight_smile:

(E sei que foi um post típico de mulherzinha… nada técnico, heheeh).

Beijocas.

Illis, bem vinda ao fórum.
Muito bom ter mais participação de mulheres porque mostro maneiras diferentes de ver, um outro lado que um fórum mais masculino não se prende.
Estamos esperando mais participações, não se acanhe.

Belas palavras Illis, esse fórum tem hora que parece o clube do bolinha, onde estão as mulheres? :smiley:

Essa foto pode servir de exemplo para o tema que está sendo discutido, foi feita em frente a uma obra, por isso o arame farpado e a placa e na composição geral podemos tirar várias conclusões porque tem uma favela atras, não deixa de ser contrastante. Até as linhas do arame e das casas são em sentido contrário.

http://www.olhares.com/data/big/52/524988.jpg

Obrigada pelas calorosas boas-vindas! :stuck_out_tongue: :slight_smile:

Jack: É, a tua foto tem tudo a ver com o tópico.

Obrigada pelas calorosas boas-vindas! :P :)

Jack: É, a tua foto tem tudo a ver com o tópico.


Não sei se você percebeu mas ela te chamou de mentiroso… heheheh
Abraços!

Obrigada pelas calorosas boas-vindas! :P :)

Jack: É, a tua foto tem tudo a ver com o tópico.


Não sei se você percebeu mas ela te chamou de mentiroso… heheheh
Abraços!

Huahuahuau, boa :smiley:

Acredito que cada um tenha o seu próprio filtro da realidade. Ela sempre é carregada da opacidade ou brilho de cada um. Então os contextos que a gente formula são infinitos! E o fascínio da fotografia talvez seja esse: fixar uma imagem que pode ter infinitos significados, dependendo de quem vê e do momento em que se vê. Uma pequena imagem é capaz de provocar mil sensações diferentes e criar contextos fantásticos, que a gente pode inventar. E essa nossa possibilidade de viajar, criar em cima realidade posta pode servir tanto pro bem quanto pro mal.
Que o diga o pessoal da publicidade!!

Sensações.

É tudo uma questão de sensações que uma imagem pode passar, do contexto!!!

Illis, bem vinda e poste sempre!!! :thmbup:

Eu sei que ninguém se passou com a Juli, mas só para evitar constrangimentos no futuro: ela é minha namorada :stuck_out_tongue:

Foi ela que me iniciou no mundo da fotografia analógica com a Pentax MX do pai dela (que acabou ficando sem câmera). Já andei falando dessa história da pentax em algum(ns) posts atrás…

's

Obrigada pelas calorosas boas-vindas! :P :)

Jack: É, a tua foto tem tudo a ver com o tópico.


Não sei se você percebeu mas ela te chamou de mentiroso… heheheh
Abraços!

Huahuahuau, boa :smiley:

Falei que o recurso da composição que cria novos contextos pode ser usado tanto para o bem como para o mal :stuck_out_tongue:

Não acredito que no caso do Jack tenha sido para o mal… Então ele é um mentiroso do bem, hehee :slight_smile:

Eu sei que ninguém se passou com a Juli, mas só para evitar constrangimentos no futuro: ela é minha namorada :P

Foi ela que me iniciou no mundo da fotografia analógica com a Pentax MX do pai dela (que acabou ficando sem câmera). Já andei falando dessa história da pentax em algum(ns) posts atrás…

's


É… O problema de apresentar brinquedinhos tecnológicos pra namorado é que ele sempre entende mais que tu e te deixa pra trás. A Pentax MX do pai ficou lá em casa por 20 anos e eu nunca aprendi 1/10 do que o Fran aprendeu em 6 meses :stuck_out_tongue:

Meu lindo :*

Ei Francisco e Juliana, o negócio de vocês é mesmo o filme heim? E Juliana, seja bem-vinda ao fórum, é sempre positiva a participação feminina! Sobre a “mentira” na fotografia, acho que também não podemos confundir com a interpretação individual do fotógrafo sobre imagem, mas concordo que seja possível buscar uma “verdade” alternativa e que isso ocorra em especial na fotografia publicitária. Só fiquei curioso sobre como a “mentira” possa ocorrer em fotografia de questões sociais, acredito ser possível e que possa ser usada, mas não tenho um exemplo disso em mente…

Ei Francisco e Juliana, o negócio de vocês é mesmo o filme heim? E Juliana, seja bem-vinda ao fórum, é sempre positiva a participação feminina! Sobre a "mentira" na fotografia, acho que também não podemos confundir com a interpretação individual do fotógrafo sobre imagem, mas concordo que seja possível buscar uma "verdade" alternativa e que isso ocorra em especial na fotografia publicitária. Só fiquei curioso sobre como a "mentira" possa ocorrer em fotografia de questões sociais, acredito ser possível e que possa ser usada, mas não tenho um exemplo disso em mente...
Georges, obrigada pelas boas vindas! Espero aprender bastante por aqui! :)

Olha só, acredito que o fotógrafo possa querer passar uma idéia pré-estabelecida quando tira uma foto, mas a margem de erro que existe entre o que ele quer passar, o que ele realmente passa, e pra quem ele passa, é grande. Acho que existem mil variáveis e resultados possíveis. Ainda que a foto tenha um propósito, nem sempre o espectador enxerga aquilo.
Não tô dizendo com isso que exista uma “falha de comunicação”, pelo contrário, acredito que exista uma infinitude de linhas de comunicação, conforme a experiência, a cabeça de cada um.

Isso em qualquer foto, mesmo nas de cunho social… Sei lá, de repente uma casinha de madeira, tosca e mal pintada, te passe uma idéia de pobreza, sofrimento, etc, etc. Mas se a pessoa que vir a casinha for um morador de rua, por exemplo, ela teria outros significados pra ele. Ou mesmo se tu já morou numa casinha parecida e te recorda de bons momentos, sei lá. Infinitas possibilidades.

[Não sei se foi nesse sentido o teu questionamento… Espero não ter viajado muito. Qualquer coisa, me dêem um pára-te-quieto, heheeh :P]

Ei Francisco e Juliana, o negócio de vocês é mesmo o filme heim? E Juliana, seja bem-vinda ao fórum, é sempre positiva a participação feminina! Sobre a "mentira" na fotografia, acho que também não podemos confundir com a interpretação individual do fotógrafo sobre imagem, mas concordo que seja possível buscar uma "verdade" alternativa e que isso ocorra em especial na fotografia publicitária. Só fiquei curioso sobre como a "mentira" possa ocorrer em fotografia de questões sociais, acredito ser possível e que possa ser usada, mas não tenho um exemplo disso em mente...
Georges, penso que de certa forma, toda foto traz alguma mentira, pois traz o olhar de quem faz a foto e esse olhar é carregado de pré conceitos, estes pré conceitos podem alterar a mensagem a ser passada sem que isso seja proposital, mas acabam falseando a foto como um todo, independente do estilo da fotografia.

Alex, concordo contigo.

Nesse sentido foi que falei da “margem de erro”. Cada um com seu olhar.

Um poema do Drummond que acho que tem bastante a ver com a questão dos infinitos olhares possíveis:

A verdade dividida
Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Abraços!

Juliana