Essa observação foi feita pela modelo Keira Knightley, a respeito de fotógrafos e suas habilidades nos ensaios de retratos.
“I’ve noticed that the people who started on film still have the ability to see the person in front of them. Whereas for a lot of photographers who have only ever worked in digital, the relationship between the photographer and the person who they’re taking a picture of sort of doesn’t exist anymore. They’re looking at a computer screen as opposed to the person”
Talvez haja sim uma pré intenção, imaginar ou projetar o resultado digital manipulado talvez seja uma distração que possa interferir nas relações com a modelo durante o ensaio. Me parece que Keira Knightley quer tocar neste ponto, o da busca pela essência do retrato, pela essência do retratado, como ele realmente é e se entrega para as lentes, aquela expressão da alma, unica, exclusiva, inimitável, sem o filtro igualador de padrões pre-estabelecidos pela “fotografia digital”.
Se o programa ja vem pré definido, e se o autor aceita manipular de maneira a unificar/padronizar o resultado final, de acordo com aquilo que deve ser “o belo”, daquilo que foi culturalmente imposto ao autor, perde-se grande parte da essência.
Bom até agora ninguém falou, e acho que ninguém vai dizer isso… Mas pelo que entendi, a modelo quer falar sobre o ensaio, a relação com o fotografo, o raciocínio do momento…
É o que acho também. E não tem nada a ver com filme ou digital, ou com PS x não-PS, mas sim com a “vibe” da pessoa. É a diferença entre conversar com alguém que olha no olho e outra que fica futucando o celular o tempo todo.
O processo digital começa depois do clique, assim como o analógico. Toda a preparação e relacionamento do fotógrafo com o objeto fotografado antecedem o clique e tanto faz o processo de pós. Muitas vezes nem é o fotógrafo que cuida dessa parte, assim sendo, muitos fotógrafos até se aproximaram dos objetos fotografados com a fotografia digital.
Eu fotografo produtos, não pessoas, mas passo horas e horas (no último shoot foi um dia e meio) preparando o que vou fotografar. O clique e pós levam muito menos tempo. Acredito que se fotografasse com filme dedicaria o mesmo tempo com o produto e até mais tempo no processo analógico.
Existem fotógrafos de todos os tipos, assim como eram na época do filme. Apenas houve uma inserção maior de curiosos com a facilidade do digital, mas não acredito que este tipo de fotógrafo tenha acesso a uma estrela de cinema.
Seria o mesmo que dizer que atualmente com a tecnologia do cinema os atores não precisam ser tão talentosos como antigamente, nem as mulheres precisam ser tão lindas como a Grace Kelly. Fala isso pra ela pra vc ver…
Em fotografia autoral essa balela cola porque o cara vende a arte num negativo único original. Na fotografia comercial o digital dominou logo que alcançou qualidade.
Ouvia esse papo poético do filme 10 anos atrás.
Acho que uma observação a ser feita sobre o feedback da modelo é que ela disse “quem começou com filme” e não “quem ainda fotografa com filme”. Ou seja, ela não fala sobre o meio (filme vs digital), mas a diferença de postura que ela percebe entre os fotógrafos que começaram ainda na época do filme e os que conhecem apenas o fluxo digital. Eu imagino que faz sentido, pois nos tempos de filme os recursos eram mais limitados, o que levava o fotógrafo a fazer o máximo de trabalho anterior ao clique para garantir o bom resultado sem perder muitas poses, não queimar filme, etc. Eu percebo muito isso quando comparo a maneira que eu tiro fotos com a que meu pai as faz. Mesmo com uma câmera digital hoje em dia, ele avalia muito mais a cena antes do clique. Não necessariamente as fotos dele ficam melhores que as minhas, mas, certamente, a percepção das pessoas que estão sendo fotografadas é afetada pelo comportamento do fotógrafo.
Com a facilidade dos softwares de música acontece algo parecido, qualquer um pode tocar um instrumento, gravar, editar, mas existem músicos talentosos, inclusive de pouca idade, que se beneficiam deste processo digital.
Quando fazia minhas pequenas produçoes em SLIDE, o antes era MUITO cuidado,
porque nao havia depois.
Quem nao passou por isso, tem outra visao da coisa,
abs.
Quando comecei a tocar era tudo no braço, gravação tinha que ser perfeita do começo ao fim, tudo analógico. Hoje um instrumentista, mesmo que seja o Yo-Yo-Ma, tem todo o recurso digital pra consertar erros na sua execução do violoncelo.
É mais ou menos por aí, mas não posso dizer que o yo-yo-ma tem menos méritos do que eu tinha nos anos 80.