Uma das mais conhecidas ilusões cósmicas é a aparente ampliação do diâmetro da Lua. Em contraste com as distantes árvores e prédios que delimitam o horizonte, é difícil acreditar que aquele disco imenso e avermelhado seja menos do que quando está acima da nossa cabeça no céu. Verificar isso, porém, é fácil. Basta colocar uma ficha de telefone à mesma distância do olho em direção à Lua no horizonte e próximo ao zênite e constatamos que a moeda cobre todo o disco lunar nas duas posições.
Com mais recursos, poderemos medir com um micrômetro, através de uma luneta ou telescópio, o diâmetro da Lua tanto no horizonte quanto no zênite e concluir que, nesta última posição, ele é ligeiramente superior. Segundo a maioria dos astrônomos, o que acontece é um erro de interpretação do nosso cérebro. Inconscientemente adotamos uma escala diferente para medir os objetos no céu, de acordo com a sua distância do zênite.
A relação entre o diâmetro aparente da Lua no horizonte e no zênite é de cerca de dois para um, ou seja, no horizonte ele parece duas vezes maior que no zênite. Fotografias comprovam isso: Durante muitos séculos, os astrônomos atribuíram ao fenômeno diferentes causas. Com a descoberta do telescópio, o astrônomo francês Pierre Gassendi (1592 – 1655) argumentava que a Lua, sendo menos luminosa no horizonte do que no meridiano, produzia maior dilatação da pupila, e em conseqüência sua imagem aparecia muito maior.
Sua explicação não foi confirmada por nenhuma experiência. A partir daí, a questão foi examinada por muitos cientistas. Mas a hipótese mais aceitável surgiu no século XIX, quando o astrônomo francês Charles Delaunay desenvolveu uma explicação com base na psicologia da percepção. Para ele, quando a Lua está próxima do horizonte, nosso subconsciente a compara com os objetos do solo mais próximos como casas, árvores, colinas, e assim se subestimam suas dimensões.
Esse procedimento conjunto do olho e do cérebro introduz um achatamento aparente da abóbada celeste. Por isso, a Lua próxima do horizonte parece maior, quando a distância aparentemente é maior. Normalmente, quando um objeto retrocede do observador, parece conservar o mesmo tamanho, ainda que a sua imagem venha a se tornar mais reduzida para o olho. No caso da Lua ocorre o contrário: toda vez que o horizonte parece mais afastado, sua imagem ótica é maior.
É difícil aceitar essa teoria, pois, em geral, as pessoas acreditam que a Lua no horizonte parece mais próxima do que quando está no zênite (Figura 2). Em 1942, os psicólogos americanos Donald W. Taylor e Edwin G. Boring demonstraram que a “ilusão lunar” estava associada à visão binocular. Eles constaram que a ilusão desaparecia quando a Lua no horizonte era vista através de um tubo, entre o polegar e o dedo indicador. O mesmo acontecia quando se abaixava a cabeça colocando-a entre as pernas para olhar a Lua no horizonte.
Os psicólogos demonstraram também que os objetos terrestres intermediários não têm nada a ver com essa ilusão. Ela depende da posição e da visão binocular dos olhos do observador. Esses experimentos saíram do campo da Astronomia e se transformaram num desafio para os cientistas. Os psicólogos, por exemplo, acreditam que, quando se olha para o zênite, a posição da cabeça implica uma divergência das linhas para onde os olhos se dirigem, o que faz com que a Lua pareça bem menor. É possível que os dois fenômenos, o da abóbada celeste achatada, associado às diferentes posições da visão binocular, sejam responsáveis pela enorme dilatação da Lua no horizonte e sua redução no zênite. Esta ilusão ótica, que não se limita à Lua, ao Sol e às constelações, é ainda um problema sem solução.
Como se trata de uma ilusão de ótica, se a noite estiver nublada pode fotografar no dia 8.
Sem problema algum.