O "Marketing" das câmeras fotográficas

Pessoal, estava acompanhando o tópico das DSLR x Mirrorless e vi um comentário do Sosa sobre o Marketing de alguns fabricantes de câmeras, até fiz uma postagem lá, mas se continuasse iria desvirtuar o tópico, então achei melhor abrir um exclusivo.

Antes de mais nada quero deixar claro que não entendo nada a respeito do assunto, e vou deixar o que é apenas o meu ponto de vista e minhas duvidas.

Sendo assim vamos lá:

Vejo muita gente aqui no fórum, e apenas aqui (nem em grupos do Facebook vejo), falando a respeito da força do marketing influenciando as escolhas a respeito de câmeras x ou y, e fico pensando, que marketing é esse que eu não vejo? Não vejo propaganda de câmeras fotográficas na TV, nas mídias, nas redes socais, ou em qualquer outro veículo de propaganda. Muito raramente vejo alguma coisa da Canon no meu feed do Facebook, mas muito raro mesmo.

Onde vejo se falar muito, são nos canais dedicados a fotografia na internet, como os sites de Reviews, Youtube e tudo mais, e acredito sim que esses sites são patrocinados para influenciar seus leitores de acordo com quem os paga.
Mas será que funciona?
Pergunto isso por que saindo aqui do fórum, pelo menos aqui na minha região, raramente encontro algum fotógrafo que lê ou segue algum desses sites, a impressão que tenho é que uma parcela muito pequena dos usuários de câmeras ficam na internet atrás de reviews ou coisas do tipo.

Ai fica minha dúvida. Será que esse marketing é tão poderoso assim?

Acho que é o contrário, veja:



UM MILHÃO DE SEGUIDORES.

Se esse cidadão disser amanhã que comer cocô é bom e fizer um review disso, acredito que muitos o seguirão.

O problema desses reviewers é que geralmente são meros analisadores de especificações, não são usuários de X ou Y matéria fotográfica, então eles dão a opinião deles de que A é bom, sendo que pode não ser bom pra todo mundo e a mensagem fica.

O que já notei é que, fora algumas exceções (aqui tem vários caras que são a exceção), fotógrafo compra um equipamento e segue a vida. Não fica pesquisando minúcias no equipamento. Mas há muitos amadores que (possivelmente pra suprir a falta de técnica, ou por tesão em ter o último equipamento) compram tudo que há de mais avançado. A Sony lançou uma câmera com ISO 400 mil e 85 Mp? É essa que ele quer. Aí aparece outro dizendo “Mp não é tudo, tem que ser pequeno também!”, e o cara migra na hora. É esse pessoal que interessa mesmo aos fabricantes. Pra ilustrar, todos meus amigos “ricos” que querem uma câmera, vão de Sony. O marketing dos caras pelos “influenciadores de opinião” está atingindo em cheio.

Eu vejo reviews, mas o cara começa dizendo…tem tandos megapixels, dual AF e mimimi…porra isso eu vejo no site do fabricante, saio do vídeo na hora.
É raro ver alguém falando da sua “ferramenta de trabalho”, eu usou uma 6DII por X tempo e que ela tem esse e outro defeito e os a favores são tais. Foi por isso talvez que tenha ganhado a fama de não ser tudo aquilo que esperava-se. Na prática, no trabalho ela vai ser ótima pra quem não pode comprar uma MKIV e o resultado será o mesmo de uma MKIII. (é só um exemplo acabei de pegar uma 6DMKII, não testei direito ainda e nem farei esse tipo de teste crítico, mas com certeza vai ser melhor que qualquer uma das minhas outras câmeras atuais.).

Pra esse tipo de público a melhor maneira de chegar até ele é realmente por reviews e canais específicos de equipamentos e tecnologia, pois fotografos gostam de ficar analizando a “concorrência” ou possibilidades de troca X vs Y e onde se procura isso? Não é no facebook, nem na TV (nem temos tempo pra isso) quando queremos procuramos e o youtube tá ai pra isso e mesmo que em outras línguas tem muita coisa interessante.

Eu só comprei uma Fuji por causa do marketing, não só do fabricante e da sua loja na época, mas de inúmeros canais que falavam coisas do tipo “porque eu troquei todo meu equipamento Nikon por uma Fuji”, “porque as mirrorless vão dominar o mundo”, etc., e também dos diversos fóruns, onde usuários formadores de opinião faziam e ainda fazem propaganda intensa (as vezes sem querer) do sistema Fuji X.

Aqui no fórum, quando elogiamos nossos equipamentos, estamos também fazendo marketing.

E fazemos isso, na maioria das vezes, pois o equipamento é bom mesmo.

Só esse cara deve ter sido responsável pela venda de zilhões de Fuji-X e drones DJI

Esse é o pior marketing (ou seria melhor :assobi: :ponder:).
É o que não percebemos. A roupa da mocinha da novela. O carro possante do herói do filme…
Na era de “influencers”- que palavra tosca - vale mais pras marcas de câmeras, um mercado tão direcionado, focar nos canais especializados.
Duvido que tu não tenha entrado no youtube pra pesquisar sobre a última lente que tu comprou. Ou mesmo que tenha vindo aqui no MF pra ver o que a galera fala… A gente pode até filtrar, ponderar, buscar uma análise mais prática sobre certos equipamentos… Mas vai que tudo isso sofre influência desse tal marketing velado!?

No Brasil a gente só compra câmeras por marketing, por influencia de opiniões de fóruns, por reviews. Não podemos testar, não temos acesso a isso, e muito menos devolver se não gostarmos. Eu tive que comprar uma Sony A7R2, e uma 5DSr pra escolher entre elas. Mas fiz isso com o dólar baixo e depois vendi com dólar muito alto, ou seja, ainda tive lucro. Mas o certo seria eu poder devolver.

Tem casos e casos. Já comprei lentes nos EUA que tive que devolver e comprar de novo umas 3 vezes pra vir uma unidade que prestasse, e no final das contas só paguei o valor de uma lente. Mas também já aconteceu de, pra aceitarem devolução, me cobrarem uma taxa, que pode chegar até 1/3 do valor do equipamento. O frete da devolução também pode ser por conta do cliente, e, pra uma caixa, pode chegar fácil nos 50 dólares.

Pensando assim, pode até valer mais a pena comprar e depois vender do que comprar e devolver.

Finalmente concordamos!

Só uma observação: quem faz casamento nem sabe quem é Ken Rockwell.

Não é o que está sendo discutido, mas vamos lá…

A internet é uma baita fonte de informação… Basta ter alguma capacidade de crítica e raciocínio para filtrar o que presta do que não presta.
Não vejo como uma característica exclusiva dessa nova geração… Minha mãe não sabe como lidar com as informações da internet! Tenho que estar toda hora falando pra ela pensar no que está publicando / compartilhando…

Mas sinceramente… Quem fica perguntando isso ou aquilo pro fotógrafo do casamento da tia / irmã ou seja lá qual for? Deixa o cara trabalhar! E para de ficar indagando coisa técnica que SE PODE BUSCAR NA INTERNET!

A questão aqui é COMO o marketing afeta a decisão de compra. Acho que nos afeta a todos. Seja ele de qual forma for feita… No site do fabricante, num site de reviews ou num suposto site de análise técnica de equipamentos… Isso não importa. Não é o vizinho fotógrafo com quem batemos vários papos sobre fotografia e equipamento…
Não é nem o MF, que seguido tem post de “que câmera comprar” cujo autor tem até a cor das suas cuecas/calcinhas perguntadas pra podermos dar a melhor resposta…

Quase achei que fosse uma auto-biografia sua.

Mas concordo!

(Brincadeirinha)

Só usa Nikon.

O marketing eh todo feito por reviewers, blogueiros e YouTubers.

E eh tudo feito de graca. A fabrica manda uma camera e umas lentes pro sujeito brincar por 1 semana e escrever um review ou fazer um video, e pronto, publicidade feita sem precisar gastar muito – ate mesmo porque a fabrica nao pode pagar uma pessoa para ela dar uma opiniao jornalistica sobre o produto dela.

Eu gosto de carros e leio/assisto muito conteudo automotivo. Essa eh a mesma estrategia dos fabricantes de carros; eles mandam um veiculo para um YouTuber ou jornalista que usa ele por 1 mes fazendo vlogs, e pronto, publicidade feita.

Uma porrada de gente assiste esses YouTubers, nem sempre pelos carros/cameras em si mas sim pra acompanhar a vida cotidiana dessas pessoas, as opinioes deles, etc. E nos videos o produto mandado pelos fabricantes esta sempre la, presente.

Nao sei se existe um nome pra essa estrategia de publicidade, mas eu vou chamar ela de “soft marketing”: ao inves de criar uma campanha claramente publicitaria, a fabrica simplesmente cria situacoes onde o produto aparece de forma natural, sendo usado por pessoas influentes.

Sabe quem faz isso muito bem? A Fuji. A Fuji tem esse programa chamado “X-Photographers” onde ela da equipamentos para profissionais ou amadores famosinhos usarem, e ela nao pede nada em troca. Eu li que eles nem obrigam que os fotografos usem as cameras que eles ganharam, e nem pedem que eles facam propaganda de que estao usando cameras da marca. Muitas vezes eles soh precisam usar o equipamento, e em algum ponto alguem vai perguntar qual camera eles usam ou vao ver eles fotografando com a camera da marca e pronto, publicidade feita. A Leica tambem faz isso, mas num nivel muito maior, com fotografos da Magnum. Ela ja deu cameras para o Josef Koudelka e Bruce Gilden e varios outros usarem em projetos fotograficos. Outro dia eu estava vendo uns documentarios sobres esses fotografos, e la estava a Leica S1 no ombro deles. Novamente, publicidade “soft” feita, e muito eficientemente e discretamente, e nem tem cara de propaganda. No final voce quer comprar a camera, e na sua cabeca a decisao veio de dentro de voce sem nenhuma influencia externa, mas mal voce sabe que voce foi influenciado num nivel muito discreto.

Essa eh uma possibilidade real, de que muitas pessoas nao assistam a esses YouTubers ou leiam blogs. Acho dificil desse ser o caso nos paises de lingua inglesa; eu sinto que muitos entusiastas fluentes em ingles consomem esses blogs e vlogs com muita voracidade.

Talvez seja o caso do publico brasileiro, pelo menor numero de YouTubers e pela barreira da lingua, nao assistir esses influenciadores. Porem, se uma pessoa esta interessada em comprar uma camera, ela muito provavelmente vai fazer uma epsquisa no Google, e nao eh dificil dar de cara com um desses influenciadores. Entao eles podem nao ser leitores/espectadores assiduos, mas vao acabar sendo expostos a eles ao fazerem uma pesquisa para decidirem a compra.

A Fuji fez parceria recente com a Magnum.

marketing é uma coisa, publicidade e propaganda (pelos exemplos q vc deu) são outras coisas.

Pois é, podemos dizer então que nos consumidores de câmeras somos privilegiados, pois se uma empresa como a Nikon, ou a Canon (ou qualquer outra do segmento) tivesse que investir em publicidade como por exemplo a LG ou a Sansung, ou qualquer outra, certamente nossas câmeras custariam pelo menos o dobro.

Olá amigos. Há um tempo que não logava aqui no MF e hoje dei de cara com esse tópico que achei bastante pertinente. Como sou formado em comunicação social e escrevi minha monografia sobre um tal “mercado fotográfico”, vou dar algumas opiniões sobre o assunto.

Primeiro, é preciso distinguir os termos: publicidade, propaganda e marketing, que não significam a mesma coisa.

O que vemos no intervalo da programação de tv, nas revistas, outdoors, banners, anúncios em vídeos anteriores ao que queremos assistir, etc, é propaganda. A propaganda não é velada, tem sempre o objetivo expresso de nos convencer a consumir um produto ou serviço.

A publicidade é mais complicada… ela é tradicionalmente feita por formadores de opinião, como jornalistas ou pessoas influentes. E ao contrário do que alguém disse aí mais acima, um jornalista pode, sim, utilizar sua influência social para vender um produto, desde que em algum canto do anúncio, geralmente colocado em caracteres bem pequenos, esteja figurando “publicidade”.

Vejam que há uma diferença significativa aqui. A propaganda não omite o desejo de vender, enquanto a publicidade se traveste de uma facticidade que decorre da confiança atribuída pela sociedade ao jornalista. Os tais “digital influencers” se encaixam mais nessa categoria publicitária. Entretanto, como as transformações culturais acontecem de maneira mais fluida que as legislativas, ainda não existe uma regulamentação clara acerca da atuação de pessoas físicas na formação de opinião (lembrando aqui que o jornalista sempre emite opinião, quando o faz, através de um canal oficial de comunicação) e, portanto, um youtuber não precisa alegar burocraticamente que aquela matéria não se trata de um conteúdo comprometido com a verdade, mas com a venda.

Por fim, marketing é um conjunto de análises e ações que vão desde a avaliação da qualidade na fabricação, logística e distribuição, preço e posicionamento de mercado, ponto de venda, até a comunicação (onde se insere aqui a propaganda e a publicidade) o atendimento, a satisfação do cliente. Assim, a grosso modo, publicidade e propaganda são elementos do marketing, que é basicamente a arquitetura conceitual de uma marca.

Posto isso, prossigo no próximo tópico…