Por que sua câmera não importa

Por que será que com 60 anos de melhoramentos em câmeras, lentes, filmes, resolução e faixa dinâmica, ninguém consegue rivalizar com o que Ansel Adams fez lá nos anos 40?

Ansel nem mesmo tinha Photoshop! A maioria das tentativas nem chegou perto, algumas são boas, porém diferentes; como Jack Dykinga, mas nunca é a mesma coisa.

Por que será que fotógrafos carregados com os mais extraordinários equipamentos, que usam a internet para achar as coordenadas GPS exatas dos locais onde Jack ou Ansel fotografaram e saem de lá com uma imagem que deveria ser uma cópia exata (ilegal em vários países e pelo senso de decência), conseguem algo que pode parecer similar, mas ao qual falta todo o impacto e emoção do original que eles copiaram?

Não é brincadeira. Você pode achar um monte destes malucos aqui. Eles usaram astrônomos universitários para prever o momento em quase duas décadas no qual as condições seriam propícias e então 300 deles convergiram ao ponto exato. Eles nem acertaram nas nuvens, neve os sombras. Isto faria Ansel se revirar no túmulo. E, claro, eles não conseguiram nada do que queriam.

As fotografias mais impactantes vêm da inspiração, não da duplicação.

Por que será que, embora todo mundo ache que o Photoshop pode ser usado para transformar uma imagem ruim em uma obra-prima, mesmo depois de horas de massagem, esta imagem parece pior que quando se começou?

Talvez porque sejam somente o olhar, o talento e a paciência de um artista que fazem a imagem, não suas ferramentas. Até Ansel falou “O componente mais importante da câmera são aqueles trinta centímetros atrás dela”.

Leia na seqüência meu artigo sobre uma câmera que custa 150 dólares e por que ela faz fotos tão boas quanto uma câmera de 8000 dólares.

A câmera captura sua imaginação. Se não há imaginação, não há foto – só embromação. Da palavra “imagem” deriva a palavra “imaginação”. Não deriva de “acuidade” ou de “nível de ruído”. O trabalho de David LaChapelle é todo sobre sua imaginação, não sobre sua câmera. Preparar estes instantâneos loucos é a parte difícil. Uma vez feito isto, qualquer câmera poderia capturá-los. Se me derem a câmera de David LaChapelle, não vou conseguir nada do que ele faz, mesmo se me derem os mesmos modelos performáticos.

O único motivo pelo qual há uma lente gigantesca em minha página é para que eu não tenha que dizer “fotógrafo” ou “fotografia”. A lente torna isto óbvio muito mais rápido que as palavras. Para isto serve a comunicação visual: pensar muito para se fazer entender clara e rapidamente. Não uso aquela lente há anos.

As cópias de 13”x19” de edição limitada das séries tiradas por John Holmes em exibição no Museu Americano de História Natural são vendidas na Jen Bekman Gallery por US$ 650 cada. Elas foram feitas em uma D70.

Há uma porção de exposições vendendo fotos tiradas com Holgas por um bom dinheiro, este pessoal nem me contou sobre isso. Holgas são vendidas por US$14.95, novas em folha, aqui. Você pode ver uma foto vencedora de prêmio feita com uma Holga pendurada na Hemicycle Gallery do Museu de Arte Corcoran, em sua competição 2006 Eyes of History da Associação de Fotojornalistas da Casa Branca aqui.

Walker Evans disse uma vez “Sempre me perguntam que câmera usar. Não é a câmera, é o…” e ele batia na têmpora com o dedo indicador.

José, pai de Jesus (sic), construiu uma obra-prima: uma escada de madeira em uma igreja no Novo México em 1873; alguém quer saber que ferramentas ele usou? Procure o quanto quiser, você vai achar um monte de discussões catedráticas, mas nunca sobre as ferramentas.

Seu equipamento NÃO influi na qualidade da sua imagem. Quanto menos tempo e esforço você gastar se preocupando com o equipamento, maior o tempo e esforço que você pode empregar para conseguir grandes imagens. O equipamento certo somente torna isto mais fácil, rápido ou conveniente para chegar aos resultados que você precisa.

“Qualquer lente moderna é concebida para máxima definição nas maiores aberturas. Usar uma abertura pequena só aumenta a profundidade…” – Ansel Adams, Três de Junho de 1937, em resposta a Edward Weston, quando perguntado sobre sugestões de lentes, página 244 da autobiografia de Ansel. Ele fez imagens fantasticamente nítidas setenta anos atrás sem perder tempo se importando com a nitidez de suas lentes. Com setenta anos de aprimoramentos, nós faremos muito melhor nos concentrando em fazer fotos deslumbrantes que fotografando gráficos de teste. Claro que essas lentes de formato grande dos anos 30 e de hoje são um tanto lentas, por volta de f/5.6. Formatos pequenos e lentes digitais funcionam melhor cerca de duas aberturas abaixo.

Comprar equipamento melhor NÃO VAI melhorar sua fotografia. Por décadas eu pensei “se eu tivesse pelo menos aquela nova lente!” e todas as minhas necessidades fotográficas estariam satisfeitas. Não. Eu ainda quero aquela “lente a mais”, e tenho fotografado por mais de 30 anos. Há sempre uma nova lente. Supere isto. Veja “The Station” para uma explicação melhor.

A única função da câmera é não atrapalhar quando fotografar.

Ernst Haas comentou em um congresso em 1985:

Duas garotas de Nova Escócia fizeram um esforço enorme para estar lá. Elas eram grandes fãs da Leica, trabalharam em uma loja de câmeras, economizaram para comprar Leicas. Tinham Ernst em alto conceito por ser usuário de Leica (embora ele tivesse usado Nikon em suas fotos da Marlboro).

Depois de quatro dias de congresso, ele finalmente ficou cheio da adoração que aquelas garotas mostravam pela Leica e, no meio de uma discussão, quando uma delas fez outra pergunta sobre a superioridade da estabilização da Wetzlar, Ernst falou: “Leica, schmeica. A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa VER.”

Ninguém falou sobre Leica, Nikon, Canon ou qualquer outra marca de câmera pelo resto do congresso.

Ele também disse: “Melhor lente angular? Dois passos pra trás e ‘Olha o passarinho!’.”

(Esta anedota de Haas foi contada por Murad Saÿen, o famoso fotógrafo de Oxford, Maine – o qual pessoas veneram. Muitos dizem que ele surgiu das árvores como um cruzamento entre Eliot Porter e Henri Cartier Bresson. Eu encontrei pelo menos três páginas alegando ser a página oficial de Haas. Uma está aqui e a outra aqui.

Você pode ver algumas das melhores fotos do mundo aqui, feitas por um camarada que diz a mesma coisa aqui. Aqui tem outro tanto de dados que também confirmam porque ter mais lentes apenas faz fotos piores. Eu fiz estas fotos P/B com uma câmera de 50 anos comprada por 3 dólares que é mais primitiva que as descartáveis de hoje.

Andréas Feininger (Francês, 1905-1999) disse “Fotógrafos – idiotas, dos quais há tantos – dizem ‘Ah, se eu tivesse uma Nikon ou Leica, eu poderia fazer excelentes fotos’. Esta é a coisa mais estúpida que já ouvi na vida. Não há nada além de procurar, pensar e se interessar. É isso que faz uma boa fotografia. E então rejeitar qualquer coisa que seria ruim para a fotografia. Luz errada, fundo errado, tempo e assim por diante.

Todos sabem que carros não se dirigem sozinhos, que máquinas de escrever não escrevem romances por si só e que os pincéis de Rembrandt não pintavam por vontade própria. Então por que algumas pessoas inteligentes pensam que câmeras saem por aí e tiram fotografias sozinhas? O carro mais avançado, caro ou requintado não pode nem mesmo ficar na mesma pista da estrada por si só, muito menos levar você para casa. Não importa quão avançada seja sua câmera, você ainda precisa ser responsável por chegar ao lugar certo, no momento certo, apontar na direção certa para obter a foto que você quer. Todas as câmeras requerem ajustes manuais aqui e ali, independente do grau de avanço delas. Nunca culpe uma câmera por não saber tudo ou fazer a exposição errada ou por imagem embaçada.

Um bom motorista em um carro fuleiro como um Geo Metro pode escapar de uma caçada com vários carros da polícia em plena luz do dia. Leia esta aqui.

Aqui está como eu cheguei a esta descoberta:

Quando se fala de arte, seja música, fotografia, surfe ou qualquer outra coisa, há uma montanha a ser escalada. O que acontece é que, nos primeiros vinte anos, mais ou menos, que você estuda qualquer arte, você só sabe que se você tivesse o melhor instrumento, câmera ou prancha, você seria tão bom quanto os profissionais. Você gasta um monte de tempo se preocupando com o equipamento e tentando adquirir o melhor. Depois de vinte anos, você fica tão bom quanto os melhores do mundo e, um dia, quando alguém lhe pede um conselho, você tem uma epifania onde você percebe que nunca foi nada de equipamento.

Você finalmente percebe que o equipamento certo que você acumulou somente torna mais fácil conseguir o som ou a imagem ou a manobra, mas que você conseguiria a mesma coisa, talvez com um pouco mais de esforço, com a mesma gambiarra com a qual você começou. Você percebe que a coisa mais importante do equipamento é simplesmente não atrapalhar. Você então percebe também que se, ao invés de comprar equipamento, você tivesse gasto o tempo praticando, fotografando ou pegando ondas, você teria chegado onde queria, porém muito antes.

Eu conheci Phill Collins em uma filmagem em Dezembro de 2003. Há pessoas que reconhecem seu estilo quando ouvem. Naquele dia, alguém resolveu tocar a bateria dele quando ele não estava perto, entre as sessões e, adivinhe? Não soou como Phil Collins. Da mesma maneira, em uma bateria alugada, Phil ainda soa como Phil. Então, você ainda acha que é a bateria dele que dá aquele som?

Um fã de Michigan ensina a correr com carros em grandes circuitos. A filha de um dos estudantes quis ir aprender também. Ela deu um jeito e apareceu com um Chevy Cavalier. Ela bateu os outros estudantes, homens carecas de meia-idade com Corvettes e Porsches 911. Por quê? Simples: ela prestou atenção ao instrutor e foi suave e constante, e pegou os macetes certos, e não posou exibindo um monte de cavalos de potência para tentar vencer paciência e talento. Os caras ficaram de boca aberta, especialmente porque eles perderam para uma GAROTA, ainda por cima de 16 anos.

Claro, se você é um piloto profissional, você é bom o suficiente para precisar de qualquer pingo de potência a mais, e vai estar limitado pelo desempenho do carro, mas se você é como a maioria das pessoas, o carro, câmera, tênis de corrida ou o que quer que seja tem muito pouco a ver com seu desempenho, uma vez que você é o limitador, não as ferramentas.

Pegue qualquer virtuose que domina completamente suas ferramentas enquanto ele estiver longe dos patrocinadores e ele vai compartilhar isto com você.

Então, por que os artistas que você admira tendem a usar ferramentas elaboradas e caras, se a qualidade do trabalho é a mesma? Simples:

  1. Boas ferramentas não atrapalham e tornam mais fácil chegar aos resultados que você quer. Piores ferramentas podem dar mais trabalho.

  2. Elas são mais duráveis para pessoas que usam estas ferramentas o dia todo, todo dia.

  3. Usuários avançados podem achar algum pequeno recurso conveniente. Estas conveniências fazem a vida do fotógrafo mais fácil, mas elas não fazem as fotos ficarem melhores.

Então por que eu mostro fotos de mim mesmo com uma lente gigante em minhas páginas? Simples: elas me poupam de dizer “Ken Rockwell, Fotógrafo”, que soa ridículo e toma mais espaço. A câmera gigante transmite a mensagem muito melhor e mais rápido, então eu posso só dizer “Ken Rockwell”.

Aqui estão fotos feitas por um cara das Filipinas – com uma câmera de celular!

Um último exemplo: eu comprei uma câmera usada que não focalizava direito. Voltei na loja algumas vezes para conserto, sempre voltando do mesmo jeito. Como artista, eu soube como compensar este erro, que era uma chateação, porque eu sempre tinha que dar um deslocamento manual no ajuste de foco. Em todo caso, fiz uma das minhas imagens preferidas enquanto estava. Esta imagem aqui ganhou todo tipo de prêmio e até foi pendurada em uma galeria de Los Angeles onde um Ansel Adams original saiu e esta imagem foi colocada. Tudo bem, depois minha imagem saiu e a de Ansel voltou. Lembre-se, a minha foi feita com uma câmera que foi devolvida à loja, que concordou que não tinha conserto.

O negócio daquela imagem é que fiquei por lá mais um tempo, enquanto todos os meus amigos partiram parra o jantar. Suspeitei que houvesse um extraordinário evento celeste (o céu magenta, exatamente como mostra a foto). Fiz uma exposição de 4 minutos com uma lente normal. Eu poderia ter feito com a mesma câmera de três dólares que fiz as imagens P/B aqui, e teria parecido a mesma coisa.

Por analogia, eu ocasionalmente recebo telefonemas e mensagens de ódio de caras (nunca mulheres) que discordam de minha escolha pessoal para ferramentas. Eles levam para o lado pessoal só porque prefiro algo diferente do que eles preferem. E quem se preocupa? Eles dizem que, bem, eles provavelmente ainda não atravessaram a montanha e ainda pensam que qualquer ferramenta tem um nível absoluto em “ser bom”, independente da aplicação. Eles consideram ferramentas como extensões físicas de seus corpos, então, é claro que tomam como pessoal se eu faço graça de certa ferramenta como não sendo boa para o que estou fazendo. Por exemplo, os colecionadores de Leica aqui têm um problema sério com esta página. Todo equipamento tem diferentes valores dependendo do que você quer fazer com ele. O que é excelente para você pode não ser para mim, e vice-versa.

Quase qualquer câmera, independente de quão boa ou ruim seja, pode ser usada para criar imagens deslumbrantes para capas de revistas, vencedoras de concursos de fotos ou serem penduradas em galerias. A qualidade da lente ou da câmera não tem quase nada a ver com a qualidade das imagens que ela pode produzir.

Você provavelmente já tem todo o equipamento que precisa, se você aprender a tirar o melhor dele. Melhor equipamento não vai fazer melhores fotos para você, uma vez que o equipamento não pode fazer de você um melhor fotógrafo.

Fotógrafos fazer fotos, não câmeras.

É triste como poucas pessoas notam isto, e perdem todo o tempo culpando seu equipamento por resultados ruins, ao invés de perder este tempo aprendendo como ver, manipular e interpretar a luz.

Comprar novas câmeras vai garantir que você tenha os mesmos resultados que você sempre teve. Estudo é a maneira de tirar melhores imagens, não a câmera.

Não bote a culpa da falta de qualquer coisa em suas fotos no equipamento. Se você duvida, vá a um bom museu ou veja um livro de história da foto e veja a esplêndida qualidade técnica que as pessoas tinham há 50 ou 100 anos atrás. A vantagem do equipamento moderno é a conveniência, NÃO a qualidade da imagem. Vá às imagens P/B na minha Galeria do Vale da Morte. Parecem nítidas? Elas foram feitas com uma câmera de foco fixo, exposição fixa de 50 anos, pela qual paguei 3 dólares. Esta câmera é mais primitiva que as descartáveis de hoje.

Já fiz imagens técnica e artisticamente maravilhosas com uma câmera de 10 dólares que comprei na Goodwill, e já consegui um monte de porcaria com lente de $10.000 na minha Nikon.

O grande Edward Steichen fotografou Isadora Duncan na Acrópole de Atenas em 1921. Ele usou uma Kodak emprestada do maître do hotel. As fotos, claro, ficaram excelentes. Steichen não levou sua própria câmera porque o plano original era trabalhar somente com equipamento de filmagem. Esta imagem estava em exposição no Whitney em 2000-2001.

Você precisa aprender a ver e a compor. Quanto mais tempo você perde com o equipamento, menos tempo tem para empregar criando boas imagens. Preocupe-se com as imagens, não com o equipamento.

Todos sabem que a marca da máquina de escrever (ou habilidade para consertar aquela máquina) não tem nada a ver com a habilidade de compor um romance inspirador, embora uma máquina de escrever torne a tarefa um pouco mais prazerosa. Então por que pessoas razoáveis em outras ocasiões pensam que o tipo de câmera, o conhecimento íntimo das velocidades de obturador, desenho das lentes ou tecnologia da câmera tem qualquer coisa a ver com a habilidade de criar uma foto interessante, além da conveniência ao fotógrafo?

Da mesma maneira que é preciso saber usar uma máquina de escrever para compor um escrito, precisa-se saber como operar a máquina fotográfica para fazer fotos, mas esta é uma parte minúscula do processo. Você faz alguma idéia de que marca de computador ou programa uso para criar o que você está lendo agora? Claro que não, a não ser que você leia a página sobre mim. Tem importância para mim, mas não para você, o leitor. Da mesma forma, ninguém vendo fotos pode dizer ou quer saber que câmera você usou. Simplesmente não importa.

Saber como fazer alguma coisa é completamente diferente de fazer, muito menos fazer bem.

Todos nós sabemos tocar piano: só aperta as teclas e pedais aqui e ali. A habilidade para tocar, mais ainda a habilidade em misturar emoções em quem ouve você tocar, é um problema totalmente diferente.

Não parta do princípio que o equipamento mais caro é o melhor. Ter câmera demais é a melhor maneira de fazer as piores fotos.

As câmeras e lentes mais caras não fazem nada significantemente melhor pelo aumento estúpido de preço.

Quer ver resenhas de grandes câmeras? Veja JunkStoreCameras.com para resenhas de experts.

Fonte:http://www.kenrockwell.com/tech/not-camera-pt.htm

Doug esta é uma discussão sempre recorrente, mas na verdade o equipamento importa e muito… Importa ter o equipamento certo para o seu tipo de trabalho e importa ter um equipamento que te ajude a superar limites.
O que é absurdamente errado é o desvio onde o usuário joga toda a responsabilidade por uma foto sobre o equipamento, que muitas vezes sequer é o certo para o tipo de foto realizada, então não é que o equipamento não importe é que o fotógrafo TEMBÉM importa.
Uma comparação interessante para o fator aplicação seria entre uma SUV e uma Ferrari, é óbvio que uma Ferrari é mais rápida que uma SUV, mas em uma corrida na terra certamente a SUV ganharia e a Ferrari não chegaria. Da mesma forma um bom piloto provavelmente conseguiria um resultado muito bom com a SUV mesmo competindo no asfalto, podendo inclusive ficar na frente da Ferrari se esta estivesse sendo pilotada por um piloto inferior, mas com “pilotos” do mesmo nível não há como comparar um com o outro. Neste caso afirmar que o equipamento não importa seria o mesmo que afirmar que alguém poderia ganhar um Rally no deserto usando uma Ferrari estando competindo com pilotos do mesmo nível. O que certamente está muito longe da realidade.
Trazendo para o mundo das câmeras, podemos dizer que existem aplicações para cada tipo de câmera disponível, inclusive para as compactas, que se saem melhor em certos tipos de fotos do que as câmeras menos discretas.
Um exemplo clássico é o Cartier com suas compactas câmeras Leica… O que seria do Cartier com uma câmera médio formato (Como as que Adams usava em alguns casos), provavelmente pior do que com o equipamento correto, porque este tipo de câmera não condiz com o tipo de foto que ele procurava fazer.
Outra questão é a do fator de romper limites, afirmar que equipamento não importa seria similar a afirmar que na F1 (onde os pilotos são próximos em desempenho) o carro também não importa (e olha que lá as diferenças de performance são bem menores do que na Fotografia), é obvio que naquele caso o carro é um fator limitador para todos os pilotos (mesmo os piores ainda estão limitados pelo equipamento e se tivessem mais tirariam mais dele), o mesmo ocorre na fotografia, quando estamos perto do limite do equipamento podemos ter ganhos significativos ao melhorar nosso equipamento, seja para adequá-lo às nossas necessidades, seja por melhorar sua performance e isso realmente pode ser observado na maioria dos casos de troca de equipamento.

É lógico que em alguns momentos surgirão gênios que irão mudar a história e subverter a ordem, não é que Adams nunca tenha sido superado, em termos gerais, na verdade existem outros paisagistas que têm obtido resultados melhores do que os dele, mas Adams era um fotógrafo tecnicamente muito bom, que explorava o limite do que tinha na época, tinha uma sensibilidade incrível e criou um novo paradigma para fotografia, paradigma este que foi referência para muitos dos desenvolvimentos posteriores de equipamentos, ele era brilhante e é admirado por esse brilhantismo.
A comparação do Piano eu achei curiosa, porque muitos tocam Piano, mas quem entende de música sabe diferenciar se é um pianista bom tocando em um bom piano ou um pianista bom tocando em um piano ruim, o mesmo ocorre com a fotografia, tanto o bom Piano como o bom Pianista são elementos chave para o resultado “perfeito”… :wink:
Na verdade a melhor comparação que vi até hoje entre fotografia e alguma outra coisa foi com o artesanato (feita pelo Ivan de Almeida), na verdade ela abre espaço para comparações interessantes, porque a câmera nada mais é do que a ferramenta (similar à que usamos no artesanato, mas normalmente mais tecnológica), quanto melhor a ferramenta, mais preciso somos, qualquer artesão do mundo trabalharia melhor com um formão de aço do que com um formão de cobre (como os que os egípcios usavam), porém um formão de aço não é garantia de uma boa obra, Michelangelo certamente faria uma estátua usando um formão de cobre melhor do que eu faria com uma cortadora a Laser, mas isso não quer dizer que a ferramenta não importa (Michelangelo provavelmente se superaria com um cortador a Laser e provavelmente teria produzido muito mais do que produziu), quer dizer que eu não sei fazer estátuas, o que é BEEEMMMMM diferente.
Então acho que esse tópico devia seguir uma linha um pouco diferente… Em vez de propor que equipamento não importa, deveria ser: De que adianta um tremendo equipamento se você não sabe escolher o certo e até mesmo o que fazer com ele. :wink:

Pra quem não sabe usar realmente não importa.
Quer dizer que se Bresson faria suas fotos independente de equipto ele poderia ter usado uma pin-hole? Claro que não, ele escolheu a ferramenta que melhor lhe atenderia na época e, convenhamos, uma Leica não é uma câmera qualquer.

Pianistas gostam de no mínimo um Fritz, pintores dos melhores pinceis e melhores tintas. Padeiros gostam de bons ingredientes para ser sua matéria prima assim como quem fotografa com filme gosta de escolher os melhores.

Assim como usar uma farinha ruim deixaria o pão ruim, a escolha do filme ou sensor também pode impedir de fazer certo tipo de foto. Veja que estou passando a discussão para a mídia que afinal é o que mais importa. Mas não deixo de dar importância ao corpo da câmera e objetivas que vão fazer o casamento ideal com a mídia para poder alcançar o RESULTADO ESPERADO.

Resultado esperado:
Julgo o mais importante, pois se estiver fazendo da fotografia sua profissão você tem que saber o que será capaz de entregar ao seu cliente. Sendo assim é importantíssimo um equipamento adequado ao serviço.
Ter um resultado constante é muito importante em qualquer profissão, somente com base nele você pode inovar/evoluir.
Obviamente um profissional pode cobrir um evento de esporte com uma XTI e 18-55mm e TALVÉS conseguir boas fotos, mas a quantidade de boas fotos de esporte que esse profissional conseguiria com uma EOS 1D e objetivas F2.8 seria indiscutivelmente maior.

Fotografia COMERCIAL X Hobby X ARTE
Para fotografia comercial não tem saída, você estará concorrendo com outros profissionais com seus pontos fortes e fracos.
Se uma loja de roupas vai contratar alguém para fazer seu novo catálogo ela provavelmente irá procurar por qualidade de imagem que uma compacta simplesmente é impossível de entregar.

Para Hobby vale o que diverte mais o fotógrafo. Se quem fotografa gosta de usar câmera manual com slide vencido e fazer revelação puxada não há nada que o impeça disso. Quer usar uma Rolleiflex com negativo… Vá em frente. Se ele tem dinheiro e quer uma Hassel H3D… Compre e use.

Para arte… Esses não precisam de dicas. Em geral artistas sabem exatamente o que precisam para fazer sua obra ou então experimentar coisas e ferramentas diferente seja parte da sua obra ou parte de sua busca por evolução.

Por que sua câmera não importa
Nem sempre, depende do uso e resultado esperado. Esse texto parece ser feito para acalmar amadores que estavam torrando todo seu dinheiro com EOS 1D e teleobjetivas 400mm F2.8 L IS para fotografar anirversário de 1 ano do primo da vizinha. Sendo que uma S9000 com flash rebatido iria entregar um resultado mais perto do esperado.

Até mais,
Leandro

Doug, fiquei muito feliz com esta sua valiosa contribuição, muito obrigado. Idézio ;D

Leo Terra,

Eu concordo com o texto do Ken Rockwell, olhando pela perspectiva que você deu: o equipamento EM SI, não importa. Pra mim, o que importa é a relação fotógrafo+equipamento, ou seja, não é o NOME, nem o VALOR do equipamento, nem seus recursos técnicos. Mas como você se adapta ao equipamento que tem, como o fotógrafo “conversa” com sua câmera. Não que uma Zenit faça SEMPRE o mesmo serviço que uma LEICA, mas que dependendo do fotógrafo, e das condições, ela pode render o mesmo resultado sim. Minha primeira Nikon foi uma FM10, hoje tenho uma FM2,mas os resultados que a FM10 entregou são iguais aos da FM2, por enquanto… Justamente porque ainda não usei todas as possibilidades dela (exceto pelo avanço do filme, que teima em emperrar na Fm10).

Idezio,
Fico feliz com sua colocação! eu gosto muito desse texto. É quase um manifesto contra a elitização da fotografia (já escutei muita gente falar que só pode fazer fotos boas com câmeras acima de 1500 reais…)

Concordo com o que o Léo disse.

Cabe a fotografo escolher o seu o tipo de equipamento para o trabalho que ele irá executar. É fato que o equipamento pode delimitar o fotográfo e está claro equipamento bom não é sinonimo de boas fotos.

O que eu estou vendo agora é uma certa obsessão de alguns (não aqui do forum) que são a favor do movimento contra elitização. Tinha gente no Orkut, criticando até quem fazia curso de fotografia e etc.

Eu acho que um aviso é dado quando se começa na fotografia, pelo menos para mim foi dado e foi entendido. Agora quem não entendeu e tem essa obsessão por equipamento… azar.

hmmmm…

eu li tudo aí em cima.
todos os argumentos do texto do Doug, do Leo, do Leandro,… dão completamente pertinentes e corretos.
Engraçado que ninguem está errado.

Como o forum, as pessoas aqui (e no mundo), tem estilos de fotografia diferentes sempre há discussões como esta.
Por exemplo, todos conhecem o Leo pelo trabalho dele com moda/still etc…
muitos conhecem o Ivan pelo toque literário que ele tem nas suas fotos…

enfim.
há pessoas (aqui no forum, por ex.) com objetivos diferentes. Que quando tiram foto DE UMA MESMA COISA, tem um entendimento, uma interpretação completamente diferente.

Um exemplo foi na “Analise da Linguagem” que foi criado pelo Leandro.

vocÊs podem ver como tiveram resultados diferentes de um objeto e um objetivo: a maçã
“dar vontade de comer a maçã”

É uma discussão recorrente pela diversidade. Cada um gosta de uma coisa. Cada um, quando analisa uma foto, interpreta uma coisa.

E, então, quando perguntam “qual camera devo comprar?” , surgem dicas diversas.
Um indica uma … outro indica outra.
Cada um indica o que acha melhor.

Pra mim, a minha Nikon FM2 é melhor que uma Nikon D200.
Pq? por que eu gosto da mídia filme, gosto do barulho da maquina mecânica, gosto do peso dela, gosto da robustez dela. Gosto de demorar pra ver o resultado.
Enfim.
Nós, eu principalmente, seres consumistas… já pesquisei uma possivel maquina no futuro, daqui a uns anos… Caso eu goste mesmo de foto e tal . Que seria uma Nikon F6.

é o que todos falaram.
o Leandro ainda expôs de uma forma bem clara… e “didática”, digamos.
se desse pra separar (talvez não muito, pq às vezes essas classes se misturam) existiriam os fotografos comerciais, os hobbystas e os artisticos.
E cada um deles usa ,ou precisa usar ,ou gosta de usar, equipamentos diferentes.

todas as discussões a cerca disso, sempre ,quase todos estão certos no que falam.

CASO o forum fosse separado em
“área de fotografo-jornalista-profissional-de-moda”
“área de fotografo hobbysta , de fins de semana ,pra lazer”
e
“área de fotografo de tom literário artístico”

seria mais dificil esse tipo de discussão, pq cada um estaria se relacionando com pessoas de mesmo gosto, de mesma intenção, visão, querem obter resultados parecidos.

enfim… rs
cansei de escrever.

abraços! =)

Ninguém é contra elitização. Agora, quem é que vai dizer que faz parte da elite?

Elite de que? De saber fotografar ou de ter dinheiro para comprar uma câmera de 2000 dólares?

Senhores, não vamos pensar pequeno…

Meu pai sempre me dizia o seguinte: quem mede dinheiro por coisas nessa quantidade é criança. Porque 2000 dólares só é dinheiro para criança. A idéia do cara ser elite porque compra esta ou aquela câmera é coisa de criança.

Não existe porcaria nenhuma de elite. Elite para mim é quem fotografa soberbamente bem, e sinceramente, quando olho ao redor não vejo ninguém. Vejo bons fotógrafos normais, no máximo. Na verdade vejo fotógrafos normais, que fazem o que é minimamente aceitável para a fotografia não ser considerada ruim. E vejo uma multidão que faz poucas fotos razoáveis. Poucas, vejam bem a palavra. Porque são poucas, bem poucas.

O que existe, isso sim, é a idéia completamente coerente com os valores mais mercantilistas de SER = TER, que faz tanta gente viver falando de equipamento, comprando e exibindo equipamento como se isso lhe fizesse infimamente melhor do que é. E é por isso que vemos tanta banalidade todo dia e tão pouca foto boa. É por isso que em um debate como esse encontramos a palavra “elitização”. Talvez possamos falar de um “desejo de elitização” que supera o desejo de fotografar bem.

Equipamento bom = equipamento adequado. Só. Uma vez isso resolvido, muda-se de assunto e pronto.

Equipamento faz dirença em tipo. Uma tele tem usos distitos de uma GA. E faz alguma diferença em qualidade. Uma Plannar faz fotos melhores que uma 18-55 Canon dessas do Kit. Mas, acima de certo patamar de qualidade que é rapidamente alcançado, a qualidade da fotografia só é marginalmente beneficiada pelo incremento de qualidade do material. É nesse sentido que o texto fala. Acima desse patamar rapidamente alcançado, é somente o fotógrafo que faz diferença.

Toda vez que se diz isso levanta-se uma multidão ferida em seu orgulho de TER.

Porque ao dizer isso se está botando diretamente o dedo na ferida da insuficiência individual de grande parte dos fotógrafos
, ferida que tentam tampar com uma lente L.

“Cada qual com seu cada qual” rsrs

E, então, quando perguntam "qual camera devo comprar?" , surgem dicas diversas. Um indica uma ... outro indica outra. Cada um indica o que acha melhor.

Eu e meus links: Rebel XT vs Rebel XTi

Foi uma resposta “curta e grossa”, mas veja se não é uma boa resposta.
Não adianta indicar uma “ferramenta” para alguém que não sabe o que vai poder fazer com a tal ferramenta. Se eu não sei pintar quadros não adianta sair para comprar os melhores pinceis sem saber pra que servem.

Para isso é preciso uma pesquisa prévia do que se pretende. Se uma pessoa diz: “Preciso de uma câmera.” É muito vago e qualquer resposta é válida.
Agora se ela diz: “Quero aprender a fotografar e prefiro digital”. Ainda é vago, mas já existe algum parâmetro.
Mas, se a pessoa falar: “Quero trabalhar fotografando aniversários, tenho algum conhecimento técnico de fotografia e tenho R$4000,00 para investir”. Assim se limita as opções.

O que acontece é que normalmente as próprias pessoas não sabem o que querem. Talvés por falta de informação e por pensarem que uma EOS 1D e uma Teleobjetiva por ser um equipamento DE USO PROFISSIONAL vai servir pra qualquer coisa ou então, na outra ponta, pensam que uma 18-200mm é ótima porque com ela não vai precisar de nenhuma outra lente…rsrs. Ainda por cima, geralmente essas pessoas se sentem ofendidas quando respondemos suas perguntas de “qual câmera comprar” com uma sugestão de procurar um curso de fotografia e depois escolher o equipamento…

Pra mim, a minha Nikon FM2 é melhor que uma Nikon D200. Pq? por que eu gosto da mídia filme, gosto do barulho da maquina mecânica, gosto do peso dela, gosto da robustez dela. Gosto de demorar pra ver o resultado. Enfim. Nós, eu principalmente, seres consumistas... já pesquisei uma possivel maquina no futuro, daqui a uns anos... Caso eu goste mesmo de foto e tal . Que seria uma Nikon F6.

Veja só… Quem deciciu isso por você? Ninguém, correto?
Você pode até fazer perguntas sobre as qualidades de um certo equipamento, mas somente a pessoa pode escolher o que usar.

CASO o forum fosse separado ... ...seria mais dificil esse tipo de discussão, pq cada um estaria se relacionando com pessoas de mesmo gosto, de mesma intenção, visão, querem obter resultados parecidos.

Não seria o contrário? Se classificarmos e perguntarmos para pessoas com os mesmos gostos e mesmas intenções as respostas não seriam tão divergentes.
Diferenças continuariam a existir, mas pura e simplesmente pelo gosto pessoal e não por diferença de aplicação.

Enfim, reforçando. Equipamento não importa pra quem não sabe o que quer extrair da sua ferramenta de TRABALHO ou para quem não se importa com a obtenção de resultados.

Ivan, concordo em partes…
Sabe aquela frase que é +ou- assim: “Se todas as fotos do seu filme estiverem perfeitas então você falhou”
Claro que essa é sua definição de elite, mas para mim é um pouco mais maleável. Vejo como “elite” fotógrafo que consegue produzir bons fotos como resultado de um trabalho “constante” um trabalho que segue sua própria linha. Acredito ser humanamente impossível ter somente fotos soberbas.
A uma certa altura dessa classificação entra a análise e gosto pessoal. Logo é uma discusão pouco lógica/racional e bastante emocional/cultural.

Enfim, não penso como você.
Mas e daí? Isso não importa mesmo. Só escrevi para sabermos dessas duas formas de pensar…

Equipamento bom = equipamento adequado. Só. Uma vez isso resolvido, muda-se de assunto e pronto.

Exato, e isso explica a diferença entre o consumista e o que simplesmente utiliza o equipamente.
Provavelmente por isso você está a tanto tempo com a 300D e o Leo com a S3 e é por isso que faz tanto tempo que estou com minha 10D.
São as câmeras que nos atendem bem no momento e pra mim não faz sentido me atualizar comprando uma XTI por exemplo. Ela melhoraria pouco ou nada em minhas fotos assim como acredito que a mesma XTI melhoraria pouco ou nada nas suas.

Equipamento faz dirença em tipo. Uma tele tem usos distitos de uma GA. E faz alguma diferença em qualidade. Uma Plannar faz fotos melhores que uma 18-55 Canon dessas do Kit. Mas, [b]acima de certo patamar de qualidade que é rapidamente alcançado, a qualidade da fotografia só é marginalmente beneficiada pelo incremento de qualidade do material. É nesse sentido que o texto fala. Acima desse patamar rapidamente alcançado, é somente o fotógrafo que faz diferença.[/b]

Ficou meio contraditório Ivan.
“acima de certo patamar de qualidade só é marginalmente beneficiada pelo incremento de qualidade do material”
“Acima desse patamar rapidamente alcançado, é somente o fotógrafo que faz diferença”

Esse patamar “básico” seria o que? Ter uma câmera com os controles que precisa e objetivas com as DF que precisa? Correto?

Acima desse patamar seria o que? Buscar por uma câmera mais resistente, objetivas melhores contruídas e mais claras?

Se for assim o equipamento daria ganhos de qualidade sim, um ganho mínimo ou nenhum no que diz respeito ao corpo da câmera, mas um ganho considerável na qualidade das lentes. Como você citou: Plannar Vc. 18-55 KIT.

Até mais,
Leandro

Ivan, quando vc diz isso, é em qual cosmo?
no rio de janeiro? no brasil? no mundo?

e, Ivan, vc ja pensou se este momento de ‘jump’ da fotografia é algo transitorio. Como se fosse uma ponte de um mundo-da-fotografia antes e um mundo-da-fotografia depois ???

Às vezes, pode-se pensar que estamos vivendo isso. uma transição de épocas, de padrões, gostos, estilo…
não sei, talvez…

oq vc acha?

Esse patamar "básico" seria o que? Ter uma câmera com os controles que precisa e objetivas com as DF que precisa? Correto?

Sim.

E tendo isso, fazer as fotos que acha ser capaz de fazer. Porque essa é a grande piada, Leandro. Fica a rapaziada achando-se capaz de fazer fotos que não faz devido à falta desta ou daquela lente ou desde ou daquele modo de disparo, mas não faz as fotos que poderia fazer com o que tem.

Entenda bem. Eu não defendo o “dogma pinhole” embora tenha sido com pinhole uma dose boa das boas fotografias que vi de produção recente. Defendo, isso sim ,que a pessoa deixe de atribuir ao equipamento a qualidade que NÃO CONSEGUE em suas fotos.

É por isso que eu digo que reconhecer que não consegue porque não tem desenvolvimento pessoal para isso é muito dolorido e sofrido, afeta o amor-próprio. Já achar que lhe falta uma lente f/1.4 é mole.

fotógrafo que consegue produzir bons fotos como resultado de um trabalho "constante" um trabalho que segue sua própria linha.

Para ser bom de fato é preciso recusar essa acomodação. Fazer só o suficiente para os clientes acharem bom produz isso que chamo de um fotógrafo normalmente bom, mas nunca algo de alta qualidade.

Ivan, quando vc diz isso, é em qual cosmo? no rio de janeiro? no brasil? no mundo?

O universo referência é aquele imediatamente acessível. Sinto muito, mas falo inclusive dos meus companheiros de fórum e do que vejo mostrado como boa fotografia em outros locais, incluindo fóruns internacionais e sites de fotógrafos atuais aclamados.

Exemplo, o recente FotoRio do qual fui a umas sete mostras. Dessas, apenas duas eram melhores que o medano (ou seja, o mínimo para não envergonhar o fotógrafo), sendo pelo menos duas abaixo do mediano. Duas boas, mas não excepcionais. Suficientes para identificarmos os fotógrafos como bons fotógrafos. Não por acaso, ambas feitas com cãmeras mecânicas de filme.

Sim, há um patamar melhor de fotografia. É bem pequeno, e esse melhor não chega a formar uma nata, é apenas suficientemente bom.

O último conjunto de obra que vi e considerei excepcional foi o do Flávio Dam. Isso sim é elite, e sem procurar sê-lo.

Ok… Ok…

É por isso que eu digo que reconhecer que não consegue porque não tem desenvolvimento pessoal para isso é muito dolorido e sofrido, afeta o amor-próprio. Já achar que lhe falta uma lente f/1.4 é mole.

Então, no meu post anterior: “Esse patamar “básico” seria o que? Ter uma câmera com os controles que precisa e objetivas com as DF que precisa? Correto?”
Não citei a abertura da lente de propósito para saber o que você pensa.
Ivan, por que a abertura, ao seu ver, não entra na “listinha do patamar básico”? Pode ser preciso, necessário ter a tal F1.4 dependendo do tipo de foto. E não apenas serve para se conformar ou fizer que tem a objetiva X.

Para ser bom de fato é preciso recusar essa acomodação. Fazer só o suficiente para os clientes acharem bom produz isso que chamo de um fotógrafo normalmente bom, mas nunca algo de alta qualidade.

NUNCA??
Ivan, as vezes o mercado impõe essa “acomodação”. Quando alguém contrata o LaChapelle, por exemplo, a pessoa que está contratando não está buscando uma inovação de linguagem dele, mas simplesmente as fotos que são produzidas normalmente por ele.
Você não pode afirmar que ele ficou acomodado sem saber o que ele pensa sobre isso e sem saber se ele não leva em segundo plano um trabalho autoral com uma busca constante por evolução.

Ivan, por que a abertura, ao seu ver, não entra na "listinha do patamar básico"?

Lógico que pode ser necessária. Agora eu lhe pergunto… Cadê as fotos excepcionais que são feitas com as outras aberturas? Quer dizer que
TODA
a criatividade está barrada por um ponto de abertura?

Quando alguém contrata o LaChapelle, por exemplo, a pessoa que está contratando não está buscando uma inovação de linguagem dele, mas simplesmente as fotos que são produzidas normalmente por ele.

E quando alguém contrata você, é também por sua internacionalmente reconhecida linguagem?

Você tem uma linguagem tão definida e corajosa como a dele?

Desça à Terra, Leandro. E creia que aquilo que ele chama de repetição para você seria formidável exigência.

Aqui se fala das necessidades de fotógrafos X e Y com obras reconhecidas como se alguém aqui tivesse necessidades semelhantes, linguagem semelhantemente desenvolvida, etc. Aqui se acha que comprando um equipamento alguém vai se tornar o LaChepelle. Êta ilusão. Entre o que ele tem de diferente da rapaziada, a câmera é o que menos importa.

Aliás, aqui está uma foto dele. Problemas de nitidez, blur de movimento. Entretanto é uma foto excepcional.

Alguém aqui produz algo deste nível? Ou pelo menos tenta? Ou só fotos bonitinhas?

Por isso é que eu digo. É fácil pegar um cara e dizer que ele se repete só porque identificamos um traço comum à sua obra. Mas o repetir-se de um realmente bom fotógrafo não tem nada a ver com o rame-rame comercial, mesmo quando comercial.

Para fazer isso, é preciso coragem. Para ganhar a vida fazendo isso foi preciso coragem. Nada a ver com equipamentos. Equipamento é só meio, coragem não se compra em loja. O nome certo da palavra criatividade é coragem.

O que vemos por aqui? Estética conservadora, falsamente ousada, repetição de modelos, perfeccionismo estéril. E esta foto? Não é nítida amigos. É boa.

http://blog.zenithmedia.ch/upload/David%20Lachapelle%201.jpg

Pode ser que sim.
Se eu tenho uma 300mm F6.3 para fotografar uma partida de basquete indoor. A tal 300mm F2.8 IS me daria muito mais oportunidade de criar.

E quando alguém contrata você, é também por sua internacionalmente reconhecida linguagem?

Você tem uma linguagem tão definida e corajosa como a dele?

Não e não. E também não tenho toda a pretenção a curto prazo. No momento minha linguagem não é reconhecida nem por eu mesmo…
Mas não estamos discutindo esse ou aquele fotógrafo, apenas citei um exemplo.

Desça à Terra, Leandro. E creia que aquilo que ele chama de repetição para você seria formidável exigência.

Ué… Agora você está “endeuzando” um fotógrafo normalmente bom?
Você está comparando a sólida linguagem do LaChapelle com repetição?
É sólida, apenas isso e não repetida.

Aqui se fala das necessidades de fotógrafos X e Y com obras reconhecidas como se alguém aqui tivesse necessidades semelhantes, linguagem semelhantemente desenvolvida, etc. Aqui se acha que comprando um equipamento alguém vai se tornar o LaChepelle. Êta ilusão. Entre o que ele tem de diferente da rapaziada, a câmera é o que menos importa.

Acho que você não me entendeu no post anterior.
Você que citou: "O universo referência é aquele imediatamente acessível. Sinto muito, mas falo inclusive dos meus companheiros de fórum e do que vejo mostrado como boa fotografia em outros locais, incluindo fóruns internacionais e sites de fotógrafos atuais aclamados.

Você que nos deu a noção de espaço…

E também: "Elite para mim é quem fotografa soberbamente bem, e sinceramente, quando olho ao redor não vejo ninguém. Vejo bons fotógrafos normais, no máximo. Na verdade vejo fotógrafos normais, que fazem o que é minimamente aceitável para a fotografia não ser considerada ruim.

Ivan,

Leia novamente tudo, isso tá parecendo as discussões que tenho com meu pai em que que ambos falam a mesma coisa de forma diferente e mesmo assim o que predomina é a discórdia.

Entenda o dito de maneira própria. Podemos gastar páginas e páginas com contradições inúteis.

Não estou endeusando o LaChapelle, até mesmo porque não é das coisas que mais gosto, mas é evidentemente alguém que tem excelentes fotos e linguagem pessoal CORAJOSA.

E, não freqüenta este fórum, não é figurinha louvada no meio fotográfico brasileiro como tantos medianos são -permita-me não cometer a deselegãncia de citar nomes, não os citarei. É, no sentido legítimo, elite.

Evidentemente no mundo há bons fotógrafos, é claro. Há de fato fotógrafos excepcionais. Mas aqui se usou a palavra elite como uma escolha pessoal de caminho -e relacionado ao equipamento, devo lembrar-, e quando você foi obrigado a recorrer a um fotógrafo raro para desmentir-me, na verdade confirmou o que eu disse, pois não pôde buscar no entorno a referência. Ao fazer isso você confirmou o que eu disse.

O que eu disse dá perfeitamente para entender.

Quanto à excepcional foto que você não fez
com a lente 300mm, mostre-me dez excelentes que você fez que não precisavam dessa lente -risos. Não vai me dizer que sua criatividade só aflora em jogos de basquete… É como diz um amigo: presta atenção ao que não pode fazer e não faz o que pode fazer.

Vou resumir minha posição, Leandro.

Ninguém, veja bem, ninguém pode se dizer tolhido pelo equipamento se não fez pelo menos uma dúzia de fotografias muito boas com o equipamento que tem. Se não consegue com o equipamento que em desenvolver uma linguagem, uma proposta visual, etc, então está viajando na maionese ao achar que outra lente vai lhe apontar o caminho para o Santo Graal.

Se consegue com qualquer equipamento -pois o bom fotógrafo consegue fazer coisas boas com qualquer equipamento- produzir coisa que mesmo tecnicamente deficientes mostre a marca da coragem (nome que estou usando para criatividade) então ao chegar nesse ponto a pessoa tem idéia do que de fato precisa, e não precisará de tudo. Mas se atribui a um ponto de abertura na lente uma limitação enorme ao que deseja fazer, sinceramente, essa pessoa ainda nem enxergou o problema.

Dito isso, a pessoa deve ter um bom equipamento e se for melhor isso em nada a prejudicará. O que prejudica não é o equipamento, é depositar nele as esperanças de qualidade. O que prejudica é a mitologia do equipamento que serve de desculpa para não se encarar o verdadeiro desafio que separa os medianamente bons dos realmente bons.