Não sei se é loucura minha, mas vocês tem uma espécie de transe fotográfico, quando vocês pegam a câmera e começam a fotografar?
Exemplo: andar por horas e horas fotografando, e não se cansar, mas quando você não ta com a câmera não aguenta andar metade.
Ou explorar lugares que você não iria se não tivesse a câmera, ou não se importam de estarem sozinhos em alguns lugares, pq a câmera te acompanha?
Eu vejo muito isso com relação a música também, acho que com a fotografia é bem semelhante não? O que acham?
Curiosamente, sou fotógrafo e já fui músico. Em casamentos, muitas vezes pegamos eventos de 12h ou até mais, se contar desde a preparação dos noivos. Já peguei um evento de quase 15h. A maior parte desse tempo todo de pé e com a câmera. Não sei se eu aguentaria qualquer outra atividade que me tomasse 12h…
Em relação à música, realmente é algo parecido, embora aí eu permanecesse sentado a maior parte do tempo. Mas normalmente tocava por umas 6h seguidas, sendo que já toquei até por 8h.
Em ambos os casos, só vou sentir mesmo o cansaço (e as dores) no dia seguinte, rsrs…
Hehe, meu “transe” quando estou fotografando casamentos é com relação à comida…
Sem brincadeira, eu literalmente não sinto fome de tão ligado que estou. Nas 6 primeiras horas eu fico meio assintomático, posso passar frio, calor, fome, sede, cansaço mas não sinto nada.
Quando a adrenalina baixa, tudo vem de uma vez :no:
Uma vez tbm fiz uma saída fotográfica lá na Avenida Paulista no começo da noite. Estou lá todo feliz, clicando pra todo canto quando a patroa liga “cade voce? Já é quase meia noite!!! Não volta mais não?” :assobi:
Eu sinto fome de qualquer jeito, mas com relação a perder a noção da hora, isso é normal hehe
Com música eu lembro que, eu fiz a trilha do Machu Picchu pela hidrelétrica, umas 3h de trilha na ida sem ouvir musica, e foi bem sofrido.
Na volta eu voltei viajando na música, até parei no meio do caminho pra ir pra outra trilha de uma cachoeira, foi o mesmo tempo da ida, mas eu perdi a noção do tempo e de cansaço.
Acho que a distração tem que ser muito forte pra não sentir essas coisas, nisso a fotografia e a música andam lado a lado.
E eu não consigo fazer os 2 ao mesmo tempo, ou eu escuto ou eu fotográfo eu acho kkkkk
Também sou assim, quando fotografo não paro até dar o horário de ir embora e sem me sentir cansado. Só que no dia seguinte tenho que ficar de molho :hysterical:
A parte da comida também é verdade, quando estou trabalhando demoro muito mais à sentir fome!
Pensando bem isso acontece em qualquer situação em que eu fique muito concentrado, tratando fotos tb rsrs
Eu tenho isso com ou sem a camera. Eu sou um andarilho por natureza. Andoro andar sem rumo, ver as ruas, conhecer novosambientes, e posso fazer isso o dia todo sem cancar. E nao me importo nem um pouco em estar sozinho.
Se eu estiver na rua, em muitas ocasiões eu entro em um ritmo e não paro mais. O mais comum é não olhar meu relógio ou celular, e quando eu vejo passei 2 horas direto andando sem nem perceber. Depois da primeira hora eu também sinto que o meu cérebro desliga, e eu começo a tirar fotos num nível mais automático. Eu não fico tentando fazer um tipo de foto ou tentando captar um assunto ou pessoa, eu estou simplesmente reagindo ao que vejo de forma subconsciente.
Se as fotos vão ser boas ou não, já é outra história. Mas mesmo quando só sai merda eu ainda me sinto extasiado, como se o processo fosse mais importante do que o resultado final. É uma sensação MUITO boa, recomendo a todos.
Quem falou em distração? Se você ficar distraído em qualquer cidade, você corre riscos. Mesmo em uma cidade segura, se você ficar distraído você vai ser atropelado porque atravessou a rua sem olhar ou vai se estabacar no chão porque não prestou atenção no degrau.
Além do mais, ficar distraído nem é algo bom pra fotografia de rua. Eu ando na rua igual um esquizofrênico que fugiu do asilo e está sendo perseguido pelos inimigos imaginários: eu caminho olhando frequentemente para todos os lados, para trás, para cima, passo o olho em todas as pessoas ao meu redor, às pessoas atrás das pessoas. É um bagulho até meio cansativo.
Eu sei que as cidades grandes no Brasil são violentas, mas nunca entendi isso como argumento para não sair para fotografar. Se a justificativa é a segurança pessoal e a possibilidade de furto, ninguém nunca sairia de casa usando relógio ou carregando celular. Acho que o maior risco de furto é o comportamento de turista que alguns fotógrafos parecem ter, mais do que o fato de estarem na rua com uma câmera na mão.
Eu sou assim. Hoje estou fotografando mais retratos, daí tem a luz, a pose, o cuidado de falar a palavra certa na hora certa. Vc acaba ficando muito concentrado e esquece de sentir cansaço. Quando chego em casa estou exausto!
Como o assunto em comum por aqui é fotografia, claro que está relacionado, mas creio que esse tipo de comportamento está diretamente ligado a fazer algo que gostamos, mesmo que profissionalmente.
Fiquei feliz ao ler tudo que foi escrito nesse tópico, percebi que não sou só eu o fora da casinha :).
Não como, não urino, não durmo, não descanso, não paro, não falo - nem sequer percebo as coisas ao meu redor.
Quem fotografa comigo já sabe que estará sozinho, pois me desligo absurdamente de tudo, e realmente o tempo passa muito rápido.
Um dia comentando com um conhecido que ao fotografar paisagens no amanhecer gosto de aproveitar desde a madrugada - noite ainda - e por isso preciso acordar no mais tardar as 4h mesmo no inverno em que o sol só surge depois das 7h, ele quis me tirar um sarro, perguntando pra que tão cedo?
Mal sabe ele que não faço 5 fotos decentes nesse tempo… :ponder:
E com isso tudo um coisa eu aprendi: Se vc vai fotografar não leve ninguém junto que não esteja na mesma sintonia e vontade, prq pros outros esse transe é um saco!
Isso é verdade, minha esposa às vezes faz luz auxiliar pra mim com flash remoto, e ela não entra nesse transe, é bem dificil pra gente se entender nessas horas
Também entro na mesma vibe. Muitas vezes saio para fotografar com a mochila cheia de lentes e equipamento na costas e nem sinto, fico um dia inteiro apenas com uma garrafa de água e desligado do mundo, sem celular sem nada, apenas caminhando e explorando campos perto da onde moro. Que cansaço mais gratificante que surge depois, realmente a fotografia nos coloca em uma espécie de transe.
Mesmo que como o Lee falou o dia todo estamos observando a fotografia ocorrer com ou sem a câmera na mão, quando se sai com aquele objetivo em específico, algo muda.
Um cara, com nome impronunciável (talvez “Chizemihali”), Csikszentmihalyi, escreve e fala sobre isso, que ele chama de Flow e acontece com todo mundo, mas ele estuda em artistas e esportistas: um estado em que se entra quando se conjugam nossas habilidades, paixão e uma atividade estimulante na medida (se o desafio estiver abaixo de nossas habilidades, dá tédio; muito acima delas, frustração. Para ele, a atividade tem que desafiar nossas habilidades sem ser impossível.).
Eu já tive sensações parecidas e concordo com isso.
Faço jornalismo e, em 2013, comecei a fazer algumas coberturas das manifestações de rua para a faculdade.
Primeiro ponto é que provavelmente não iria aos protestos sem essa motivação de fotografar os acontecimentos.
Segundo, é que com a câmera em mãos eu perdia praticamente todo o medo de ficar na linha de frente ir até os policiais e blackblocs da vida.
E em outras situações como voar de parapente ficou mais nítida essa sensação. Sem a câmera o frio na barriga era gigante, com a câmera não tinha medo nem de que arrebentassem as cordas e a gente caísse lá de cima.
Nos dois casos a adrenalina pegava forte. E a fotografia me tirava um pouco do meu corpo e me fazia perder o medo :fight: , talvez me deixasse até um pouco irresponsável 8-).
Lembro quando começou isso em mim, talvez tenha sido no Machu Picchu, eu tava viajando sozinho, encontrei um grupo de brasileiros na trilha pra cidade sagrada, e fechamos um guia por lá, num grupo só de BRS , comecei a fotografar e me perdi do grupo, e nem fiz questão de achar e procura-los, fiquei horas e horas andando ali, talvez tenha sido quando começou a minha obsessão pela fotografia.
Isso eu só tinha uma câmera da sony super zoom, q me limitava ao extremo com a qualidade e o foco das fotos, mas que me fez despertar algo que ja tinha dentro de mim.