Sobre a regulamentação: Eu acho que exceto casos em que existam conselhos de classes ou associações fortes, a tendência são as profissões estarem cada vez mais desregulamentadas. O maior exemplo de regulamentação é a OAB e a profissão advogado, onde não bastando o diploma de bacharel em Direito, ainda se exige que o bacharel passe no exame da ordem para poder advogar. E mesmo com isso, ainda temos um mercado repleto de mal profissionais, e com uma grande maioria cobrando abaixo da tabela de honorários da OAB.
Vejam o jornalismo, por mais que exista a faculdade específica, você tem jornalistas em grandes meios de comunicação formados em outras áreas, as vezes um economista, com experiência de mercado, e com boa escrita/comunicação seja um melhor jornalista de economia.
Não vejo a profissão fotógrafo se regulamentando, até mesmo, por que hoje além do equipamento, o acesso ao conhecimento está muito mais acessível. Além disso não temos um órgão centralizador, ou associações fortes.
A tecnologia em geral, a internet mais especificamente, e também a fotografia digital e barateamento do equipamentos mudou muito o mercado. De um lado você tem o encolhimento do mercado de laboratórios de revelação, você tem uma enxurrada de novos fotógrafos e “fotógrafos”, mas também você tem todo um aumento do interesse na fotografia, e muitos fotógrafos excelentes lucrando menos com fotos, mas ganhando com cursos, workshops, aluguel de estúdio. Existem novos nichos e mercados que cresceram também. Existem e-commerces feitos com o dono fotografando as peças com celular em um quarto escuro, mas existem outros chamando fotógrafos pra fotos de qualidade. Fotografia/Vídeo de esportes radicais, filmagem aérea (que também está se popularizando), fotografia de imóveis para e-commerce…
Já tive um estúdio pequeno, de uns 50m2 que se pagava e me deu um lucro razoável por uns 4 anos trabalhando basicamente aos fins de semana e no fim da tarde (por eu ter uma outra atividade). O diferencial foi fechar parceria com uma agência de modelos que mandava as newfaces fazer umas fotos básicas em estúdio, um produtor de concursos de miss (que me mandava modelos também, em troca de parceria nas fotos dos eventos) e eu também não recusava fazer fotos para acompanhantes. Eu não tinha super equipamentos, meu espaço era pequeno (apesar de arrumado, aparência bem clean), o diferencial foi simplesmente a parte administrativa do negócio e parcerias. As vezes um negócio de fotografia de sucesso tem mais a ver com marketing/administração, do que a fotografia em si.
Ah, mudei de cidade (em função da minha outra atividade), e não consegui replicar a fórmula numa cidade pequena (70 mil habitantes).
Hoje, de fora, observando a fotografia como negócio, eu vejo mais oportunidades em “montar algo para fotógrafos” do que “ser fotógrafo”. Estúdios pensados mais como “locações fotográficas” do que simplesmente um fundo infinito branco, ou ainda, coworking para fotógrafos (já existem alguns), são negócios que eu ando estudando e talvez invista no próximo ano.
Os mercados se reinventam, algumas áreas morrem, é difícil quando algo que fazemos (seja por profissão ou empreendedorismo) morre ou se reinventa de tal forma que ficamos pra trás, mas temos que nos manter atentos e eventualmente nos reinventar. Sermos os melhores num mercado que está diminuindo é uma forma de sobrevivência, fazer algo análogo a área original ou anteciparmos a tendência de mercado e ganhar dinheiro nessa mudança.