Qual a opinião de vocês sobre o aumento da veiculação de imagens fotográficas, recebidas em redes sociais, por jornais, revistas e portais de notícias, e o seu respectivo impacto no mercado do fotojornalismo?
Parece-me que o nível de exigência decaiu, qualquer foto e vídeo servem, o público não se importa e o veículo de comunicação também não.
Em minha cidade, SJCampos - SP, a TV Vanguarda, afiliada da Globo, possui um aplicativo para celular onde qualquer um se torna um jornalista, enviando fotos e vídeos de acontecimentos cotidianos, eles até usam este termo, que você se torna um “repórter”.
Acho perigoso, não sou contra a quantidade massiva de informação, mas e o conteúdo? Todos querem ser veículo do máximo de informações, mas não me parecem preocupados com o conteúdo em si.
Banalização de mais uma profissão, infelizmente.
Infelizmente a velocidade da notícia é colocada de forma prioritária à qualidade da informação.
Exato. Somos.bombardeados de informação fora de contexto em uma velocidade mto superior do que conseguimos elaborar e analisar.
Como na maioria dos casos o interesse é justamente manipular a opinião do cidadão, e não o de dar a ele o poder de análise, dá para entender o motivo dessa tendência.
Eles vivem de notícia. E nem sempre onde há notícia, sobretudo aquelas ao acaso, há o fotojornalista. Mas quase sempre naquelas há o cidadão comum com um celular. Então, nestes casos, vale qualquer coisa.
Deste modo, não penso que isso seja uma ameaça a este mercado profissional.
Quando eu utilizei a palavra impacto, não me referi diretamente a ameaça, e sim a todo o processo que envolve o mundo da informação, na questão ameaça ao mercado, infelizmente vejo muitos colegas que se submetem as desmandos do mercado prostituído pela proliferação descontrolada de agências fotográficas que se aproveitam de mão de obra crescente e dominam o setor, como uma situação mais preocupante que a aceitação desse tipo de fotografia, em casos específicos.
Informações fora do contexto, falsas e sem nenhuma comprovação são coisas normais e sempre ocorreu.
Quem se lembra do caso da Escola Base sabe muito bem disso. A diferença é que na mesma velocidade que essas informações chegam, podem ser desmentidas/comprovadas da mesma forma.
No mundo da fotografia de moda conceitual tambem isso acontece. Muitas empresas estao contratando modelos de Instagram no lugar de modelos em Agencia, por causa no numero de pessoas seguindo tais modelos no Inatgram. Pq assim, a modelo que tem centenas demilhares de seguidores, ao sair em uma publicacao ajuda a vender tal publicacao ou produto para esse publico gigante que segue tais modelos.
A consequencia disso pode ser ambos positiva e negativa. A primeira eh o fato de que muito mais garotas que nunca teriam chances de ser modelos de verdade no passado, hoje tem, mesmo nao tendo as medidas padroes de modelo. E a consequencia negativa eh a queda na qualidade das fotos por conta de tais modelos menos experientes e habilidosas como modelos de fato.
No final das contas o lucrativo vem sempre antes da qualidade quando se trata de negocios:
Isso eh desde a invencao do telegrafo. Pq ser o primeiro a trazer uma informacao costuma ser o veiculo que obtem mais atencao (vendas ou cliques) o que resulta em mais dinheiro na venda de espaco para anuncios principalmente, ou mais monetarizacao com clicks.
Se o publico que priorizasse qualidade fosse mais numeroso ou de alguma forma mais lucrativo, entao o mercado tambem daria prioridade a qualidade, pq a prioridade do mercado eh sempre o lucro.
O fato eh que analises costumam gerar conteudo mais extensos que exigem mais raciocinio, atencao e concentracao. E que por isso mesmo quando oferecido as pessoas acabam ou nao lendo, ou nao dando atencao no que le, ou nao compreendendo, e isso gera menos publico. Na verdade isso espanta publico.
E a maioria das pessoas que formam o mercado nao conseguem dar muita atencao ou raciocinar sobre questoes de fato, justamente por causa da quantidade de informacao. Elas leem com pressa, quanto mais curto, conclusivo e demandando menos ponderacao melhor, pq na mente da pessoa ja esta na espectativa de ler a lista de demais noticias que viu na pagina anterior do browser, nos cantos da tela e as vezes no meio tem imagens e movimentos de anuncios tentando atrais nossa atencao do que estamos lendo, tem aviso de quantidades de emails a serem lidos, tem aquele bate papo que estao sendo acompanhado nas comunidades, tem os updates para fazer no Twitter, Instagram, Facebook, etc, etc…
Publicacoes que geram algo com analises de fato costumam ser publicacoes de nicho, geralmente tratando apenas de economia, politica ou outra area especifica para um publico bem especifico que realmente busca analises e raciocinios, e nao distracao.
A maioria das pessoas nao querem informacao, elas querem algo para que tenham sobre o que falar a respeito, elas querem se distrair, passar tempo. Ate as discussoes que julgam serem serias e brigam como se fosse algo serio, sao meros passa tempo, ao qual usam mais para expressar seus anceios em ter opiniao sobre algo do que de fato buscar um dialogo analises.
Em resumo, o publico em geral quer entretenimento (distracao/passa tempo/algo para falar a respeito) e nao noticia, nem politica, nem informacao. Pq elas vivem em uma epoca que de tanta informacao fica dificil se concentrar de fato em algo.
Bem vido a democratizacao da industria da “informacao” e entretenimento.
Acho que o caminho foi inverso… Os meios de comunicação tem menos $$$ pela redução dos anunciantes. Jornais impressos principalmente estão à beira de serem extintos.
Não há como manter inúmeros repórteres fotográficos pela rua, nem equipes de 3-4 pessoas… Os próprios telejornais reduzem suas equipes hoje a 2-3 no máximo… Um repórter, um cinegrafista e um motorista… Quando muito!
Percebi essa mudança aqui em Porto Alegre… Sou vet, e seguido me procuram pra alguma matéria… Antes vinham 4 - um repórter, um cinegrafista, um iluminador ou um produtor e o motorista… Hoje, na melhor das hipóteses, vem 3…
Outro fator que incentivou isso é o imediatismo da notícia… Se perder tempo deslocando um repórter fotográfico pra cobrir certos acontecimentos, já perdeu a graça…
Minha visão é externa e limitada… Mas é o que eu percebi…