O extraordinário filme de Walter Moreira Salles Jr., foi filmado em película, como forma de trazer um pouco da década de 60 para a linguagem cinematográfica. Walter é um entusiasta da película. Foram usados dois filmes e duas diferentes cameras, um set para a década de 60 e um para os anos 2000. Tem vários sites na rede descrevendo todo o processo de escolha dos filmes e sensibilidades.
Para a década de 60, um ISO 500 puxado para obter grão mais pronunciado e um ISO 200 para os anos 2000 para obter uma granulação mais fina.
Mas minha maior curiosidade, estava por conta das cameras que aparecem no filme…
A primeira, uma Pentax (não sou conhecedor da marca, abro o espaço para os Pentax-ófilos se manifestarem), é utilizada por um amigo da família Paiva que fotografa um grande grupo de amigos na praia.
A segunda, uma Rolleiflex 3.5F (Carl Zeiss Planar 75 mm) “Whiteface”, utilizada pelo fotógrafo da Revista Manchete que fotografa a família Paiva (ou o que sobrou dela após o assassinato do patriarca…) na frente da residência.
Mas a camera que aparece mais vezes, sem dúvida é uma filmadora Super 8, na maioria das vezes utilizada pela filha mais velha da família. Não consegui identificar a marca do equipamento entretanto… Espaço aberto…
Essa matéria é hilária… Entrei pra ver se eu tinha alguma pista sobre a marca da camera Super 8… Na matéria há imagens tanto de Rubens Paiva quanto de sua filha Vera olhando uma suposta camera… Só que não… Aquilo é na verdade, um TEODOLITO, equipamento ótico para topografia. Na cena em questão, Rubens leva a família pra visitar o terreno onde será a nova casa da família…
Verdade, é um teodolito. Não via um há décadas, mas meses atrás tinham 2 pessoas trabalhando com este equipamento e uma régua no entorno do estádio do Maracanã-RJ. Parecia pela aparencia não ter havido muita evolução tecnológica. Como os caras estavam envolvidos no trabalho nao tive coragem de interromper e perguntar se tinha alguma eletrônica no aparelho.
Na cena em que a filha com a camera e os amigos estão no fusquinha, bem no inicio do filme, deu para inferir que era aquela Minolta ai de cima.
Quanto a Pentax vou tentar identificar, mas nessa época, inicio dos 70s no Brasil, quem tinha Pentax era a Spotmatic . Minha mulher quer ver o filme novamente e aproveito.
Os teodolitos hoje, usam eletrônica pesada com mira laser e telêmetros, mas a ótica continua presente, não dá pra abrir mão dela. As duas melhores marcas ainda são Leitz e Carl Zeiss.
Falando com um amigo ele comentou sobre este site. Adivinha onde? São Paulo. Em relação a suporte para assuntos fotográficos o RJ é um balneário. Não era assim, sou testemunha.
A respeito dessa Rolleiflex, pode-se afirmar COM EXATIDÃO ser uma 3.5F pelas seguintes razôes:
É versão F, pois não tem escala de EV’s gravada no botão de ajuste de velocidades e também tem a alavanca de seleção de tipo de flash + selftimer do lado direito da camera (referencia: mão do operador);
Embora não foi possível ler tudo que está escrito na lente inferior, podemos inferir:
2.1. Ótica Carl Zeiss Planar;
2.2. Abertura 3.5 por DUAS RAZÕES:
2.2.1. O diâmetro externo das lentes 2.8 é maior que das 3.5, fazendo com que elas praticamente ENCOSTEM. Na 3.5 existe uma separação;
2.2.2. Na lente superior, dá pra ler a distância focal de 75 mm. Nas 2.8, a distância focal era de 80 mm;
Mais alguns detalhes um pouco menos importantes… O acabamento frontal dela é do tipo “whiteface”, muito desejado pelos colecionadores. O estado geral do material de forração dela, é excelente.
A produção do filme fez um belíssimo trabalho localizando uma jóia dessas…
Vendo aqui no Livro Asahi Pentax 1951-1989 do Danilo Cecchi, ed. Hove, com o nome Spotmatic gravado em baixo relevo no lado esquerdo da camera, como a da foto, existiram a SP (1964), a II ou SP II (1971) e a SP F (1973).
Os modelos SP e SP II, olhando de frente, não tem como diferencia-los. Já a SP F tem justamente a letra F gravada depois do Spotmatic. Nesta ai da foto, a última letra ‘parece’ estar mais para F em maiusculas do que C em minúsculas.