ARP 273, a "Galáxia da Rosa"

O Universo parece tão delicado… Só que não. ARP 273 (A “Galáxia da Rosa”) é um par de galáxias que colidiram cerca de 300 milhões de anos atrás, mas que estamos vendo a luz agora (logo estão a 300 milhões de anos luz de distância). A maior galáxia é a UGC 1810, que parece engolir a galáxia menor, UGC 1813. Não sabemos com certeza, mas há sinais de que uma galáxia já passou por dentro da outra.

Esse foi meu projeto mais ambicioso até hoje: foram mais de 24 horas, com meu telescópio mais longo, um Celestron Edge HD8 (cerca de 2100mm de distância focal e f/10), filtro IR/UV e câmera ZWO ASI294MC Pro. Tudo processado no Pixinsight.

Como a distância focal é muito longa, o sistema de guia que eu uso normalmente, com câmera guia acoplado a um telescópio auxiliar não funciona, pois a flexão do telescópio principal faz a imagem sair do enquadramento durante a noite. O sistema que eu usei emprega uma câmera acoplada ao telescópio principal, porém fora do eixo da câmera principal (Off-Axis Guiding, ou OAG), por meio de um prisma que rebate a luz 90 graus pra ter espaço pra câmera guia.

Finalmente, esse é o mesmo par de galáxias, porém fotografado pelo Hubble:

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O kit usado:

De baixo pra cima:

  • Tripé Bexin, chinês típico
  • Bateria Bluetti EB3A, que funciona também como no-break, mas cuja função principal é ser uma fonte 12V de boa qualidade
  • Camera Wyze com firmware Thingino, que permite o uso como câmera IP comum. Serve pra eu olhar o telescópio sem sair de casa
  • Roteador Gli.NET pra uso no observatório remoto. De casa, uso o roteador wifi da casa.
  • Computador Beelink N100: a central de controle, com NINA e todos os programas auxiliares. Outra hora falo só sobre este computadorzinho.
  • Hub USB energizado “comum”: fornece energia pra alguns dispositivos USB
  • Hub USB energizado “de astronomia”: além de USB também tem várias saídas 12V. Há modelos com saídas suficientes pra eu só precisar de um, mas são meio caros.
  • Montagem equatorial JuWei-17: já falei sobre ele noutro tópico. Hoje é minha montagem principal.
  • Telescópio Celestron Edge HD 8: o “fuleirinho” da família. A partir do Edge HD 9.25, todos eles têm interfaces e focalizador mais parrudos e várias melhorias.
  • Focalizador externo: Todos esses Edge HD têm focalizador bem ruinzinho, mesmo os melhores. Por isso eu usei um focalizador externo, bem melhor de se usar. Daí eu travo o focalizador original em uma posição razoável e só uso o focalizador externo.
  • OAG: a câmera a 90 graus. É uma PlayerOne Xena-M, com sensor IMX290. Tem que ser um sensor grande pra capturar estrelas suficientes pra poder guiar.
  • Camera principal ZWO ASI294MC Pro: usa o já antigo sensor IMX294, que tem vários problemas com ruído térmico. Essa câmera já passou por um monte de consertos: já queimou o hub USB que ela tem na parte de trás, já entrou muita umidade, que faz o sensor embaçar quando esfria, já teve problema de comunicação. Depois de muito consertar, ela parece estar funcionado bem (bate na madeira).
  • Na outra ponta do telescópio, um parassol feito por mim na impressora 3d
  • Na ponta do parassol, um painel branco, pra fazer quadros brancos de calibração.

Fora isso, tem um notebook pra controlar tudo remotamente.

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Bela imagem. ‘kit’ leve?

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Nossa, já foi bem mais pesado! Meu newtoniano (telescópio de espelho), por exemplo, hoje tem tubo de fibra de carbono, e o anterior era de aço. Ganhei uns 3 kg só nisso. A montagem equatorial anterior precisava de contrapeso, e essa não. Só nisso, foram outros quase 10 kg. Outros 3-4 kg no tripé.

Eu carrego esse conjunto inteiro da varanda coberta até o quintal. O conjunto antigo precisava de rodinhas!

Muita dedicação @felipemendes mas com bons resultados e divertimento com certeza.

Sei não, mas a foto do Hubble parece ter muito pós tratamento.

Parênteses rápido.

Boa.

Estou pesquisando um mini PC para substituir um Zotac com Windows 7 (alguem lembra?) rodando Plex como streaming domestico para audio, video e fotos. Pretendo agora usar Linux. A Beelink está bem cotada por mim pelo preço e representação no Brasil.

Fecha parênteses.

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Eu tenho alguns Beelink, cada um em um kit diferente. São resistentes e ficam lá fora, pegando sereno e umidade a noite toda. Nunca tive problemas com eles. O pessoal da astrofoto usa bastante também os MeLE, mas eu acho caros pela mesma coisa. Mas a representação… não sei. Acho que se um dos meus quebrar, vai ser jogar fora e comprar outro.

Muito legal essa ! Impecavel !