Finalmente tive acesso a uma EOS R7. Neste último fim de semana peguei pra testar a câmera e fiz uns 6500 cliques em uma corrida de rua.
Resolvi não usar a bateria LP-6NH original, mas sim uma LP-E6N que do nada ficou com a saúde vermelha, apenas pra ver como ela se sairia. Confesso que gostei do resultado, sendo que após os 6500 clicks a bateria mostrava em torno de 37% restantes, um detalhe importante aqui é que usei a cortina eletrônica. Na R10 eu tinha feito na semana retrasada uma corrida também, e consegui em torno de 9000 fotos com a R10 no obturador eletrônico também. Em ambas eu estava usando uma lente EF 70-200 F4L sem estabilizador e com adaptador EF-RF original Canon.
Quanto aos sistemas da R10 e da R7, eles são 95%, muda uma coisinha ou outra que a R7 tem a mais de opção de customização. Agora da R7 para a RP e sua irmã mais velha R o sistema de focagem é significativamente diferente. As câmeras da primeira geração embora tenham opções de focalização nos olhos e rastreamento, elas são mais limitadas quanto aos recurso. Nas novas, existe uma maneira de usar por exemplo rastreamento de pessoas, animais ou veículos, enquanto nas antigas isso era limitado a somente ao reconhecimento de rostos/olhos de pessoas. Não que não faziam rastreamento, se você clicar e segurar algo na tela, a câmera vai colocar uma caixinha e tentar rastrear, mas isso não é algo que acontece de forma automatizada como na R7-10.
As novas também conseguem detectar melhor os olhos de uma pessoa do que as antigas, isso mesmo estando bem pequenos no quadro.
Outra coisa que foi um salto é a questão de poder ter mais opções para atribuir funções aos botões da câmera, como por exemplo, usar o tal do triplo botão de foco traseiro. Pra fotografar corrida, eu meio que uso essa opção, mas não totalmente os 3 botões. Deixo o disparador como focagem (padrão da câmera), o clique central do joystick como ativador do rastreamento (que deixo como normalmente desligado, do contrário ele fica tentando rastrear todo mundo na multidão) e o AF-On como Eye AF enquanto estiver pressionado. Uso o modo de foco pontual, aponto para determinado atleta para começar a focar, assim que vejo que a lente alcançou o atleta mais distante, eu marco ele com o joystick para rastreamento. Quando o atleta vai se aproximando, eu mudo para o botão AF-On para ir rastreando os olhos. Dessa maneira e nessas condições o sistema funciona bem. Se eu tentar usar somente o sistema de focagem por ponto simples (como numa DSLR, usando por exemplo o ponto central), não sei exatamente ao certo o porque mas percebo que o sistema de foco se perde bastante, mesmo estando em AI-SERVO, e acabo ficando com 50% de fotos desfocadas quando o assunto está correndo em minha direção. Já do jeito que mencionei de buscar com o ponto e rastrear com botão isso melhora para uns 80%. A situação que percebo que é pior pra câmera é quando o atleta está correndo em minha direção e começa a se aproximar bastante. Nessas fotos que o camarada tá quase em cima de mim, quase sempre ficam fora de foco, isso mesmo estando ainda fora da distância mínima de foco (1,5m no caso dessa lente).
Outra coisa que sinto que as mirrorless são mais fracas é o que os gringos chamam de fazer “rack focus”. Isso consiste basicamente em focar algo próximo e em seguida mudar para algo longe (focar no corredor mais perto e depois trocar para outro mais distante). Nunca cheguei a medir, mas tenho a sensação de que as DSLR são mais rápidas e assertivas nisso do que as Mirrorless. Ontem com a R7 eu peguei um monte de foto com o foco perdidão.
Cabe falar que os menús das câmeras da nova geração tem muitas opções de ajustes mais finos quanto à aceleração, sensibilidade e perseverança no ponto de foco que ainda demanda um pouco de estudo da minha parte para poder extrair todo o potencial do equipamento. Infelizmente as explicações e instruções sobre essas funções nos manuais não são muito didáticas, então, vou acabar tendo que ir por tentativa e erro até achar uma opção que funcione melhor.
O tal do menu a ser desbravado:
O ruim que isso é uma situação bem específica, já que por exemplo num casamento não costuma haver uma horda de 5000 pessoas correndo em sua direção.
Essa situação de ontem eu diria que é o pior cenário possível, em outras situações mais normais é raríssimo se errar foco com uma mirrorless.
Em situações que usei uma lente RF nativa (RF 50mm f1.8), senti que a focalização foi mais assertiva, mas isso é uma impressão, preciso padronizar pra realmente saber se isso procede.
Diferenças que notei na ergonomia da R7 comparando com a R10.
A 7 é mais alta um pouco, e com isso o dedo mínimo não fica sobrando fora do corpo. A distancia entre a borda interna da tela e a parte de fora do corpo onde a mão encaixa é maior, dessa maneira o polegar fica descansado exatamente em cima do joystick/dial sem ter que mover a pegada para acionar esses botões. Ela também é mais espessa, um pouco mais pesada e tem um acabamento bem agradável de segurar. Ela equilibra bem uma lente um pouco mais pesada. Achei ela mais confortável de segurar do que a R. O botão REC (que eu uso para selecionar o tipo de área de foco) não de tão fácil acesso (nota 6/10).
Acho que poderia ter mais um botão extra ao lado do bocal para atribuir alguma função especial conforme existe na R3.
O corpo dela não é frio como o da EOS R, parece que a R7 é mais “plasticuda” do que de bloco de metal.
Achei uma pena a Canon ter dito que não vai ter opção de Battery Grip para ela, iria melhorar muito a pegada vertical, agora é torcer pra Meike fazer um pra ela.
Essa é minha primeira câmera com dois slots de cartão. Ela enche o saco se você colocar para fazer backup no slot secundário e não tiver com 2 cartões lá, mas acho que isso é um recurso “à prova de esquecimento”.
Também é minha primeira câmera com o tal do IBIS., que até então pra mim era uma rede de Hotéis :hysterical:. Tudo bem que já tinha na Cybershot, mas point and shoot não conta. Ele é meio chatinho de ligar e desligar. Na real eu estava vendo se tinha alguma maneira de desligar com o seletor AF/MF do próprio corpo, mas parece que não. Desligado, dependendo pode salvar energia.
Uma coisa é que dá pra deixar uma tecla de atalho para nivelador automático de horizonte, porém quando ativado ele limita algumas funções da câmera como por exemplo o modo Drive High, ficando só com o Drive sequencia de velocidade intermediária.
Acho engraçado que quando a câmera liga, ela dá um tranquinho na ativação do IBIS, mas segundo perguntei para outros colegas isso é normal.
Achei que o viewfinder eletrônico poderia ser maior, como o da R.
Estou sentindo como é a câmera, mas estou gostando.
Uma coisa que notei é que o sistema de foco (apesar de ainda não estar ajustado para o que preciso) e a velocidade da R7/R10, fazem a R e a RP parecerem tartarugas.
A título de comparação:
R10 - 15 fps
RP - 4,5 fps
R10 (cortina eletrônica) - 23 fps
RP - nd.
Quanto às cores:
A R7 meu pareceu mais para o “mudo”, nada muito exagerado.
A RP eu acho a que tem as cores mais fiéis, os tons de pele ficam perfeitos, nem puxado pra verde, nem amarelados muito menos roxeados.
A R10 eu achei que carrega um pouco no canal vermelho. Lembro que tirei uma foto de comida japonesa para um catálogo, e fui ver o molho Shoyo estava com cor de molho de tomate, sendo que era pra ser preto ou no máximo marrom escuro.
A R eu achei que tem cores meio que no estilo de filme. Parece que ela dá uma contrastada forte nos tons e satura bastante os azuis. Sei que tirei uma foto de uma pessoa de calça jeans e achei que ficou num tom bem azul marinho, como se tivesse escurecido bastante a luminância do azul no Lightroom.
Ainda não testei a fundo o ruído da R7. Fiz fotos em iso 10.000 na corrida na parte da manhã (corrida de rua em São Paulo larga às 6h pra liberar o trânsito cedo, e 6h agora ainda está bem escuro). Apesar de usar o ISO alto, não dá pra dizer se ficou bom ou ruim pois usei o JPG Small (8MP) com maior compressão. Aparentemente foi bem até 6400.