Patagônia real: entre a neve histórica e os contrastes argentinos

Recentemente viajei à Argentina, atraído pelos relatos de que “tudo está barato” para brasileiros. A realidade, porém, revelou nuances inesperadas já nos primeiros momentos no país.

Em Buenos Aires, o tradicional golpe dos taxistas no aeroporto de Ezeiza — oferecendo câmbio muito abaixo do mercado — ainda é comum. A falta de sinalização e a sensação de insegurança ao cruzar por áreas periféricas pela via expressa pedagiada acabam por tornar o turista vulnerável. Muitos, acuados, aceitam trocar dólares ali mesmo, ainda no banco traseiro. Fiz o mínimo necessário, consciente do risco.

Outro choque foi a aversão generalizada ao pagamento por cartão. Mesmo estabelecimentos formais recusam maquininhas. Em um país onde a inflação corrói o valor da moeda quase em tempo real, o dinheiro físico reina. Para brasileiros acostumados com pagamentos via celular e PIX, a volta ao papel-moeda é um mergulho no passado.

Apesar disso, Buenos Aires mantém seu charme. Arquitetura, cultura e gastronomia ainda encantam. Mas minha jornada seguiria para mais longe — para a Argentina profunda, fora do circuito turístico.

Após um voo para Mendoza e a retirada de um carro alugado, enfrentei mais de 400 km de estrada até Malargüe, uma cidade pouco conhecida até pelos próprios argentinos. No caminho, a paisagem começou a mudar: montanhas cobertas por neve, rodovias vazias, e sinais de uma região isolada.

A cidade estava às voltas com a maior nevasca dos últimos 20 anos. Ouvia-se no rádio que algumas famílias estavam há mais de duas semanas sem comunicação. A estrutura urbana mostrava claros sinais de abandono. O frio, o isolamento e a neve intensa davam um tom quase pós-apocalíptico.

Conversando com populares, todos tinham esperança em que tudo melhoraria, alguns se sentiam enganados, outros, garantiam que aquilo era o melhor para o País. Conversei com uma Uber (que lá não funciona muito bem, o que manda é o Cabify e o Didi, um aplicativo Chinês), ela me dizia que a vida dela havia melhorado, entretanto, o marido estava desempregado e ela precisou se dividir com o marido para dirigir, como forma de garantir as despesas do mês, mas sem turistas, como farão ela não sabe dizer.

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Show Calão, muito bom!!!

Umas coleção de técnica e sensibilidade em suas fotos.

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Lindas as fotos, mas preciso ler o texto com calma.

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Incríveis fotografias e textos.
Triste Argentina
Parabéns

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