Por que sua câmera não importa

Provavelmete isso é mais uma questão de mercado do que capacidade.
Muitos poderiam atingir tal nível, os que tem capacidade técnica e trabalham no ramo estão acomodados e estagnados. Culpa do próprio mercado.
Se quem contratou LaChapelle para fazer esse foto pagasse o mesmo para um fotografo qualquer tecnicamente bom e com uma certa criatividade fazer uma foto do mesmo nível. Acho que poderia sair como resultado uma grande foto.
Os fotógrafos acomodados estão assim: Tabela de preços, foto publicitária para capa de revista = R$XXX,XX. O cliente liga e pede a foto, recebe o orçamento padrão com custo+lucro. Chora por um desconto e “fez-se o contrato”.

A elite trabalha com mais liberdade, quem contrata QUER A FOTO SOBERBA e não comum. O Chapelle provavelmente pode dizer: “Para fazer essa foto eu preciso de US$XX.XXX.XX”. Indiscutivelmente ele batalhou para poder isso.
Aqui no Brasil são poucos ou nenhum que pode isso, questão de cultura e mercado.

E a nossa diferença de visão. Como citado pelo Pedro.
Hobbie/diversão vs. Profissão

Ahh, não sou eu quem tem uma 300mm F6.3 e nem preciso de uma 2.8. Foi só um exemplo.

E outra coisa, seu eu te mostrar 10 fotos que considero excelentes posso garantir que você não vai gostar delas. Você vai ver diferente do que vejo, vai achar simples e comuns.
Mas será que você vai imagiar o porque que eu gosto delas? Vai pensar que eu fiz elas buscando comuns. Se eu gostar de foto assim é uma coisa minha, pessoal. Assim como suas fotos “sem idéias”. São fotos que você faz para ter na parede por anos, mas que eu não colocaria na minha.

Essa é a parte hobbista/amadora/amante da fotografia.
Por outro lado Ivan, o mercado padronizou muito os resultados. E a Sports Ilustrades não vai comprar uma foto subesposta em 300mm F6.3 se o fotógrado ao lado fez ela tecnicamente correta com a F2.8 IS.

Se eu for fazer fotos para colocar na minha parede a única pessoa que vai julgá-la será eu. E vou fazê-la da melhor forma possível, tentando extrair o máximo do meu humilde equipamento.

Se quem contratou LaChapelle para fazer esse foto pagasse o mesmo para um fotografo qualquer tecnicamente bom e com uma certa criatividade fazer uma foto do mesmo nível. Acho que poderia sair como resultado uma grande foto.

Não é verdade, mas é uma doce ilusão. O problema é que é uma ilusão paralisante.

Por outro lado Ivan, o mercado padronizou muito os resultados.

Padronizou para você, não paa o LaChapelle citado por você mesmo -risos.

Essa é a maior desculpa para todo mundo.

é verdade.
isso ninguem pode negar.

eu fui no shopping hj e tal… tava passeando pela fnac e vi o livro “Africa” do Sebastião Salgado.
Maravilhosas as fotos.
Eu olhava e pensava “como ele fez dessas cenas algo artistico!?”
são cenas “feias” … pessoas tristes e tal…
mas ele coloca de tal forma que aquela captura fica sensacional.

agora pergunta pra mim “pedro, vc compraria o livro dele?”
JAMAIS! (se alguem me der de presente ficaria agradecido ^^ )

eu aprecio o trabalho dele. acho magnifico…mas não tem UMA borboleta sequer.
Como vc falou, leandro, devem ter centenas de pessoas com quadros enormes na parede com imagens feitas por ele. Mas na minha parede num penduro um.

foi o que vc falou com respeito ao Ivan.
Tenho certeza que ele não gostaria também (como vc disse). O gosto e a interpretação dele é diferente da sua, da minha…

o que pra vc é “bonito”, é “feio” para o Ivan , é “feio” pra mim.
o que pra vc é “feio”, é “bonito” para o Ivan , é “feio” pra mim.
o que pra vc é “feio”, é “feio” para o Ivan, é “Bonito” pra mim.

e por ai vai… rsrsrsss
e graças a deus existe essa miscelânea de gostos. Imagina só se todo mundo gostasse da mesma coisa?? rsrs

Desculpe-me Pedro, mas isso não tem nada a ver.

Essa relatividade de gostos pode até existir, com preferências para cá e para lá, mas dentro de coisas de nível elevado, não por ser uma foto de borboleta.

Existe um sistema de validação da arte, sistma esse que não é ingênuo nem de gosto relativista, mas ao contrário, um sistema que contextua as coisas dentro de uma importância maior do que a imagem ser agradável ou de gosto fácil.

Quem tudo relativiza, quem é incapaz de distinguir entre a fina produção e o mar de banalidades, não tem Norte, e quem não tem Norte anda aleatóriamente, vai para frente, vai para os lados, vai para trás. Não vai a lugar nenhum.

Quer melhorar em fotografia? Bem, faça o seguinte: duas vezes por semana entre no site da Agência Magnum e veja o portfólio de alguém, e uma terceira vez por semana pesquise algum fotógrafo do panteão dos realmente bons que não são da Magnum.

Quer ver fotos de flor? Veja as do Mapplethorpe. Mas veja mesmo, analise, pense como ele compõe, pense porque as fotos dele são tão melhores. Quer ver glamur, veja o Helmut Newton. Quer ver paisagens, veja o Ansel Adams. Quer ver fotos da vida brasileira, veja o Flávio Damm, quer ver POP, veja o Richard Avedon, enfim, tenha boas referências ao invés de cair nesse relativismo de gosto absolutamente estéril e que só tem o condão de fazer você pautar-se pela produção mediana.

Você disse que sua mãe lhe aconslhou a morar-se nos bons, não é? Pois bem, esses são os bons.

Relativizar tudo só tem o resultado de lhe manter no pântano da mesmice. É muito popular dizer que tudo é bom, mas é fraco.

Assim como o criador tem de ter coragem para criar, pois ao criar ele arrisca-se a não ser gostado, quem quer progredir também tem de ter coragem de separar o joio do trigo.

Não dá para afirmar isso.

Padronizou para você, não paa o LaChapelle citado por você mesmo -risos.

Essa é a maior desculpa para todo mundo.

Padronizou para 100%-5 dos fotógrafos.
Silvio Santos: “Todos contra um” / Todos menos um.

Com um mundo do tamanho do nosso é mesmo possível acreditar que apenas uma pessoa pode conseguir um resultado tão bom quanto o de um fotógrafo elitizado?
Acho que nem mesmo o próprio fotógrafo chega a ter toda essa pretenção.

Ivan, nos fale um pouco sobre esse sistema.
Fiquei curioso para saber como validar algo não mensurável sem utilizar o gosto pessoal de alguém (uma ou mais pessoas).

Quem tudo relativiza, quem é incapaz de distinguir (...) Não vai a lugar nenhum.

Quer melhorar em fotografia? Bem, faça o seguinte (…)
dos realmente bons que não são da Magnum.

Quer ver fotos de flor? Veja as do Mapplethorpe. Mas veja mesmo, analise, pense como ele compõe, pense porque as fotos dele são tão melhores. Quer ver glamur, veja o Helmut Newton. Quer ver paisagens, veja o Ansel Adams. Quer ver fotos da vida brasileira, veja o Flávio Damm, quer ver POP, veja o Richard Avedon, enfim, tenha boas referências ao invés de cair nesse relativismo de gosto absolutamente estéril e que só tem o condão de fazer você pautar-se pela produção mediana.

Você disse que sua mãe lhe aconslhou a morar-se nos bons, não é? Pois bem, esses são os bons.

Relativizar tudo só tem o resultado de lhe manter no pântano da mesmice. É muito popular dizer que tudo é bom, mas é fraco.

Assim como o criador tem de ter coragem para criar, pois ao criar ele arrisca-se a não ser gostado, quem quer progredir também tem de ter coragem de separar o joio do trigo.

Ivan,

Por que tenho que aceitar pela “guela abaixo” que os bons são esses e ponto sem abertura para os não bons e não elitizados?
Obviamente o Helmut tem um ótimo e consagrado trabalho, mas já ví fotos de “ilustres desconhecidos” que me agradou mais do que a dele.

Conhece as fotos do FESPO (Francisco Padilha)né? Outro ilustre desconhecido não elitizado que faz fotos que eu gosto.

Veja Ivan:

http://olhares.aeiou.pt/data/big/149/1499773.jpg

O autor é Junior Franch, o qual simplesmente eu nunca ouvi falar. E, sinceramente, eu gosto mais dessa foto do que a que você mostrou do LaChapelle.

Então Ivan,

Estou postando essas fotos só para dizer que muitas das minhas fotos preferidas são de fotógrafos não elitizados.
Gosto do trabalho do Patrick Demarchelier, Helmut Newton, um pouco do LaChapelle, San Haskins etc. Mas não vou dizer que gosto de todas as fotos deles só porque são a elite da fotografia de moda/glamour. Tem muita coisa boa que foi ou está sendo criada pela “não-elite” da fotografia. Como exemplo, as fotos abaixo.

Uma “fotografia bonitinha” de Daniel Oliveira.

http://olhares.aeiou.pt/data/big/153/1530973.jpg

Paulo Almeida

http://img.olhares.com/data/big/119/1198036.jpg

Jana Vieras

Rildo Cundiev

P.S: Postei nesse link Algumas Fotos mas achei as imagens ilustram melhor aqui nesse tópico mesmo.

Leandro;

O Fespo é meu amigo, ótimo sujeito, tem uma maneira de fotografar bastante característica e é um bom fotógrafo com grande domínio técnico e enorme experiência, mas não posso, mesmo considerando os deveres da amizade, compará-lo aos da fina flor da fotografia.

As fotos que você mostrou são, digamos, “domesticadas”. São todas de viés muito conservador e diluídas, meramente fotos para mostrar moda, mulheres ou coisa assim. São bem feitas, mas nada além de fotos comerciais sem muita criatividade.

A do Junior Franch, é uma apropriação de um estilo mais livre, domesticado para ficar gostável pela dondoca que compra roupas. Isso é criatividade? Não, Leandro, isso é copiar idéias de revistas estrangeiras ou dos caras realmente bons e misturar com água e açucar para não ofender o gosto das mulheres da classe média-alta, geralmente de gosto conservadoríssimo. Chama-se aqui copiar idéias de “criatividade”.

Mas vamos o outro ponto, que é mais interessante.

Vejamos. Enquanto algumas pessoas estudam engenharia, medicina ou economia, outras passam a vida estudando História da Arte, Estética, Teoria da Arte e passam a vida toda buscando conhecer arte, cursam escolas de Belas Artes, etc. Essas pessoas adquirem com o tempo uma noção do que aconteceu e do que acontece no territorio da arte, e ganha um poder de análise sobre o assunto da mesma maneira que um economista aprende a analisar os cenários econômicos. Alguns nunca foram a uma escola de Belas Artes, mas passaram toda a vida envolvidos com isso, lêem a respeito, freqüentam quase cotidianamente mostras, etc.

Pois bem, essas pessoas começam a trabalhar no campo da arte e vão ocupando funções de curadores (selecionadores e organizadores de mostras), marchands (negociantes e representandes comerciais de artistas), críticos de arte, colecionadores de arte, etc. Veja, eu falo de artes plasticas em geral, mas existe um segmento disso voltado para a fotografia. Esse gurpo de pessoas, conhecendo não apenas a história mas os problemas que a arte se coloca a cada época, é um filtro. Um filtro que tem o poder de legitimar a produção de alguém como arte. Não é subjetivo. É intersubjetivo, isto é: é um grupo humano mais ou menos definido e com valores alinhados (mais ou menos alinhados). Esse grupo humano, não de forma totalmente isenta, é claro, pois tudo que é humano tem variações de simpatia, amizade e interesse, legitima a produção daqueles cuja obra tenha característica de inovação associada à estética e, principalmente, a obra referente aos problemas estéticos do tempo. Esse grupo valida tais obras e as torna mercadorias de arte, e assim fazendo as torna colecionáveis e com valor de mercado. A questão da época é importante, porque a Mona Lisa não seria validada hoje. Ela é validade na História da Arte devido ao valor estético e a ser marco das questões estéticas do Renascimento.

Um artista para ser validado não o será apenas por uma obra, mas pelo desenvolvimento de uma identidade dentro do que faz e essa identidade deve ter importância no processo da arte.

Não é uma foto bonita. Fotos bonitas existem aos baldes, e isso não significa nada.

Quando o sistema valida alguém, ele está reconhecendo criatividade-coragem daquele produtor é relevante, faz diferença, muda o cenário. Compare as fotos do Helmut Newton com essas que você me mostrou… O Helmut Newton mudou o cenário, mudou o paradigma de uma foto de moda. Essas fotos que você me mostrou, mudam o quê? Nada. Elas não fazem diferença alguma no mundo, podem existir ou não e nenhuma diferença fazem para o cenário da fotografia.

O ponto que eu defendo aqui, Leandro, é o seguinte. Se a pessoa empregar seu tempo para inteirar-se das questões da arte (na fotografia e em geral) ela mudará seus parâmetros de comparação, terá metas mais elevadas, etc. Isso faz diferença. Faz muito mais diferença que a lente.

Mostrei uma foto do LaChapelle com problemas de nitidez evidentes. Importa a lente que a fez? Quase nada. Agora, importa a concepção mental que a governou? Tudo. Quando você vai olhar as fotos dos grande o que encontra é concepção mental. As lentes apenas ajudam.

Aqui neste tópico tenho de falar isso, que é óbvio, porque criatividade está sendo confundida com poder fotografar usando um ponto a mais de abertura. Criatividade é coragem.

PS: Você não tem de engolir Guela abaixo que esses são bons (até porque não fiz uma lista exasutiva, existem muitos outros bons). Mas deve, isso sim, conhecer a obra deles. Isso sim é obrigação. Um fotógrafo não pode evoluir sem conhecer a obra dos que são considerados os melhores na fotografia.

E se você dedicar-se a conhecer a obra deles eu já não vou precisar explicar nada para você. Você mesmo vai saber.

Existe uma diferença tremenda entre um produto comercial e um produto de arte, nesse ponto, como o Ivan disse, é preciso observar os mestres, não é necessário gostar do que eles fazem, o gosto é pessoal, mas entender a linguagem, o uso das idéias e a escolha de técnicas é importante.

Se é uma foto pra catálogo, vc faz o que o cliente pede, mas se o cliente pede que seja feita a sua interpretação do tema, vc tem que criar em cima, tem que ter noção exata dos motivos que o levam a escolher determinada luz, enquadramento, tratamento e tudo mais. Só fotógrafos renomados podem servir de referência? Claro que não, mas devemos concordar que justamente os renomados são famosos por terem uma linguagem consistente, então pq não ao menos estudá-los? Não digo que pra fazer fotos de paisagens deva copiar o Adams, mas vale a pena estudá-lo para a partir do entendimento da sua obra perceber o que eu poderia fazer para passar as mensagens que quero quando fotografo paisagens, sem ser excessivo ou raso na produção.

Quanto ao colocar em casa, ai realmente é gosto pessoal, eu coloco na minha casa o que EU acho agradável, sendo bonito, feio, arte, piegas ou o que for, a casa é minha as escolhas tb.

A questão do gosto governa esse tipo de discussão justamente porque falta acesso a outros tipos de referência. Parece que não há nada além do gostar ou não gostar. No entanto, como o Ivan disse, há muito mais do que isso: há a história da arte, o mercado de arte, a produção cultural que está em museus (e tem características diferentes da arte das galerias, já que teoricamente o museu não tem o mesmo interesse comercial).

Então, é preciso conhecer um mínimo dessas referências a fim de ser possível ler adequadamente os trabalhos que são propostos. Não basta apenas conhecê-los pautando-se no gostei ou não. É preciso conhecê-los e entendê-los dentro desses sistemas. E, quando se faz isso, o gosto torna-se uma coisa menor, quase ínfima. Para julgar o trabalho de qualquer um é preciso aceitar e entender, pois só dessa maneira é possível traçar um opinião sólida sobre aquilo que se vê.

Exatamente, Alex.

Você coloca na parede da sua casa o que quiser. Aliás, se quier fazer a vida toda a fotografia mais comercial e conservadora, pode também.

Só é necessário ter clareza em relação ás escolhas, e não ficar imaginando que ao ir para Florianópolis chegará na Bahia (aliás, dois belos lugares). Indo para o Sul, chega-se a Florianópolis. Indo para o Norte, na Bahia.

Assim é na fotografia.

E o patamar que faz diferença, que faz a pessoa colocar a cabeça para fora da água, da geléia geral, esse patamar é buscado através da meditação sobre arte, estética e com coragem.

É preciso aceitar que se deve adquirir uma educação artística se se quer praticar uma atividade artística (veja, não digo nem fazer arte, mas simplesmente praticar uma atividade artística). Imaginar que se vai praticar uma atividade artística apenas a partir de si mesmo é um grande desconhecimento de como as coisas funcionam, e, perdoem-me, é uma arrgãncia que só o desconhecimento permite.

E, voltando ao início do tópico, o que separará os bons dos bons-medianos é antes a capacidade-coragem de criar que um ponto de abertura da lente.

Volto a dizer que nada tenho contra equipamento. Se me sobrasse um dinheirinho eu, depois é claro de fazer outras coisas que me divertiriam mais, compraria um back Hassel, compraria lentes Leica, compraria uma Plannar, etc. Mas não tenho nenhuma ilusão de que isso fosse mudar minha fotografia.

Para minha fotografia mudar, ao contrário, eu tenho de limitar minha expectativa sobre isso e dedicar-me ao que é realmente difícil que é tentar romper minhas limitações psicológicas/criativas.

O grande problema do culto á cãmera não é ela ser necessária, dsnecessária, nada disso. Não há nenhum problema em um ótimo equipamento. O problema está em perder tempo pensando nisso e não fazer o principal com o equipamento que temos.

Rodrigo;

O grande problema é que as coisas funcionam assim nos meios (fóruns) de fotografia.

Se dissermos que as pessoas precisam estudar tecnicamente a terminologia de fotografia, os conceitos técnicos, etc, todo mundo aceita.

Se dissermos que o cara tem de estudar as questões artísticas, aí o cara acha que não precisa, que já nasceu com “o dom”.

Por isso essa assimetria, essa discussão incessante sobre equipamentos e por isso um texto como esse do Ken Rockwell, que só diz o óbvio, provoca tanta reação.

Outro dia vi um trecho do filme “A moça com o brinco de pérolas”. O fotógrafo do filme recria a iluminação do Vermeer. Recria porque conhece, estudou, identifica. Anteontem estava vendo uma entrevista do Juarez Machado que em Paris é vizinho de um cineasta e ele relata que o cineasta disse que iria realizar um filme usando a paleta de cores que o Juarez usa em suas pinturas. Isso é conhecer, identificar, fazer transposições interessantes. Mas é preciso conhecer, é preciso olhar as pinturas e reparar que elas têm uma paleta característica, uma luz característica (eu não gosto das pinturas do Juarez, embora ele seja um fantástico desenhista).

A pessoa tem de nutrir-se no que é melhor, não nas referências fáceis do que sai nas revistas, não no vestido de água da Gisele, mero truque publicitário.

Ao invés de abrir a página do dpreview cinco vezes por mês, se a pessoa abrir em cada uma dessas cinco vezes uma página de um fotógrafo notável e estudá-lo ou de um pintor ou coisa assim, pode acreditar que sentirá muito mais progresso no seu trabalho.

Ivan, concordo com vc, é difícil ter espaço pra discussões sobre arte nos fóruns, em geral a coisa vira em cima de equipamentos, que são importantes sim, mas a partir do momento que vc sabe o que quer fazer com ele.

E o pior estudar e conhecer arte é bem mais divertido do que parece, é até algo bem mais agradável do que o dpreview…rs

Eu quero ir na exposição de fotos da Marilyn Monroe no MAM (museu de arte moderna)

ta aqui a descrição.

deve ser bacana =)

São o que são…
Servem perfeitamente para o que foram feitas. Isso é muito importante.
Podem não ter valor artístico para ser expostas no Louvre, mas são fotos que atendem alcançam o objetivo para o qual foram feitas.

Vejamos. Enquanto algumas pessoas estudam engenharia, medicina ou economia, outras passam a vida estudando História da Arte, Estética, Teoria da Arte e passam a vida toda buscando conhecer arte, cursam escolas de Belas Artes, etc. Essas pessoas adquirem com o tempo uma noção do que aconteceu e do que acontece no territorio da arte, e ganha um poder de análise sobre o assunto da mesma maneira que um economista aprende a analisar os cenários econômicos. Alguns nunca foram a uma escola de Belas Artes, mas passaram toda a vida envolvidos com isso, lêem a respeito, freqüentam quase cotidianamente mostras, etc.

Então Ivan, você não acha que esta analizando a fotografia comercial com os parâmetros “exigidos” pela arte? Será que isso é certo ou até mesmo válido?
As obras de arte de valor em geral, exceto algumas excessões, não foram feitas por encomenda, correto? Obras em geral são feitas somente pelo que o artista quer/sente/imagina/cria.
Não acredito ser justo comparar um retrado do Rembrandt com um retrato para uma revista. São finalidades distintas.

Talvés seja válido comparar um retrato de uma personalidade importante pintado por Rembrandt com um retrato de uma personalidade importante fotografada por alguém.

Pois bem, essas pessoas começam a trabalhar no campo da arte e vão ocupando funções de curadores (selecionadores e organizadores de mostras), marchands (negociantes e representandes comerciais de artistas), críticos de arte, colecionadores de arte, etc. (...) Não é subjetivo. É intersubjetivo, isto é: é um grupo humano mais ou menos definido e com valores alinhados (mais ou menos alinhados).

Legal a forma como acontece.
Pense um pouco sobre o mercado da fotografia comercial. Parece bem possível fazer uma comparação. Um grupo de pessoas que conhecem o mercado e sabe o tipo de foto que funciona com o consumidor. Também intersubjetivo e não isento de preferências pessoais ou amizade.

Quando o sistema valida alguém, ele está reconhecendo criatividade-coragem daquele produtor é relevante, faz diferença, muda o cenário. Compare as fotos do Helmut Newton com essas que você me mostrou... O Helmut Newton mudou o cenário, mudou o paradigma de uma foto de moda. Essas fotos que você me mostrou, mudam o quê? Nada. Elas não fazem diferença alguma no mundo, podem existir ou não e nenhuma diferença fazem para o cenário da fotografia.

Claro. Certamente.
Novamente digo, um fez arte outro uma foto meramente comercial, mas as duas serviram para a proposta.
Não são todas as fotos do H. Newton que são obras primas da mesma forma que em algum momento pode aparecer uma obra prima de algum fotógrafo comercial qualquer.

O ponto que eu defendo aqui, Leandro, é o seguinte. Se a pessoa empregar seu tempo para inteirar-se das questões da arte (na fotografia e em geral) ela mudará seus parâmetros de comparação, terá metas mais elevadas, etc. Isso faz diferença. Faz muito mais diferença que a lente.

É o que quero, dificilmente encontro informações sobre isso. O que mais vejo mesmo são boas fotos e fico pensando sobre elas, mas digamos, um texto que mostre como encontrar o norte para poder se guiar é praticamente inexistente.

Tá certo… Em artes é perfeito.

Mas o “gosto” e “não gosto” é facilmente empregado na fotografia comercial.
O que o cliente vai gostar e fazê-lo consumir e um pouco distante da história da arte. É impacto/momento e fazer parecer bom/melhor e fazer o público alvo gostar.
Isso é mais direto e direcionado do que arte.

Muitos artistas criam o que querem sem se importar com o que vão pensar da obra dele. “Fi-lo por que qui-lo”

Os objetos que hoje são obras de arte, obras-primas de grande valor, o que elas foram em sua época?
É verdade que muitas ganharam valor com o tempo e poucas já nasceram com o reconhecimento que têm hoje???

Esse patamar serve para qualquer área da fotografia?
Ou eu posso estar pensando estar indo para o norte quando realmente estou indo para o sul se estudar arte para fazer foto comercial?

Sei.
Acontece que há os que querem saber o porque… (EU)
Eu sei que devo, ajuda, melhora conhecer e saber sobre arte, mas gosto de saber o por que das coisas. Por isso discuto isso com você. Para aprender mais.

Outro dia vi um trecho do filme "A moça com o brinco de pérolas". O fotógrafo do filme recria a iluminação do Vermeer. Recria porque conhece, estudou, identifica. Anteontem estava vendo uma entrevista do Juarez Machado que em Paris é vizinho de um cineasta e ele relata que o cineasta disse que iria realizar um filme usando a paleta de cores que o Juarez usa em suas pinturas. Isso é conhecer, identificar, fazer transposições interessantes. Mas é preciso conhecer, é preciso olhar as pinturas e reparar que elas têm uma paleta característica, uma luz característica (eu não gosto das pinturas do Juarez, embora ele seja um fantástico desenhista).

Ivan, agora você vai querer me matar…rsrs
Por que? Por que? Por que?
Porque recriar é bom? Porque é válido? Porque a foto do Junior Franch é cópia com água e açucar e o filme que você assistiu é uma recriação e o fotógrafo é um bom conhecedor?

Porque o filme não é cópia? Porque ele não fez seu próprio filme com sua própria luz?
O filme é arte ou cópia? Se for cópia porque ele não fez arte?

A pessoa tem de nutrir-se no que é melhor, não nas referências fáceis do que sai nas revistas, não no vestido de água da Gisele, mero truque publicitário.

As fotos que postei, eu vejo um pouco do LaChapelle na foto do Junior Franch e um pouco de Demarchelier na foto de Jana Vieira.
O que me diz?
O vestido de água não foi criativo? Não passou a mensagem de maneira interessante?