Um acontecimento infeliz trouxe a tona algumas boas memórias.
Recentemente o avô da minha esposa faleceu, e ele foi uma das pessoas mais incríveis que eu tive o prazer se conhecer. Inclusive foi no sitio aonde ele morava que eu comecei a fotografar.
E entre aquela mistura de sentimentos oriundos da perda, revendo as poucas fotos que tirei dele, me veio uma lembrança de um dia que ele virou para mim e perguntou algo que ficou esquecido na memória.
Naquele dia não soube o que responder.
Nos últimos anos a fotografia passou de um simples hobby para um assunto serio, de estudos, de desenvolvimento pessoal, de conexão com pessoas.
Mas eu não trabalho com fotografia. Não consigo explicar o por que.
Tenho um trabalho entediante de 30 horas semanais que muitas vezes me deixa com vontade de sair correndo e nunca mais voltar.
Nesses últimos dias tenho refletido bastante sobre isso.
Pensando principalmente no exemplo que ele me deu, de alguém que até o ultimo dia da sua vida trabalhou com algo que gostava.
Que conseguiu ser livre em um sistema que cada vez mais cerceia nossa liberdade.
Escrevo e desenvolvo meus projetos pessoais através das minhas lentes.
Expresso meus sentimentos muitas vezes melhor através de uma fotografia do que com palavras.
Mas continuo sem uma resposta para a sua pergunta.
“Se você gosta tanto de fotografia, por que não trabalha com isso?”
Qual seria sua resposta?
Essa foto é o ultimo registro que fiz dele. Provavelmente foi a ultima foto tirada dele.
Um momento de lembranças para um cavaleiro.