Se você gosta tanto de fotografia, por que não trabalha com isso?

Um acontecimento infeliz trouxe a tona algumas boas memórias.

Recentemente o avô da minha esposa faleceu, e ele foi uma das pessoas mais incríveis que eu tive o prazer se conhecer. Inclusive foi no sitio aonde ele morava que eu comecei a fotografar.
E entre aquela mistura de sentimentos oriundos da perda, revendo as poucas fotos que tirei dele, me veio uma lembrança de um dia que ele virou para mim e perguntou algo que ficou esquecido na memória.

Naquele dia não soube o que responder.

Nos últimos anos a fotografia passou de um simples hobby para um assunto serio, de estudos, de desenvolvimento pessoal, de conexão com pessoas.

Mas eu não trabalho com fotografia. Não consigo explicar o por que.
Tenho um trabalho entediante de 30 horas semanais que muitas vezes me deixa com vontade de sair correndo e nunca mais voltar.

Nesses últimos dias tenho refletido bastante sobre isso.
Pensando principalmente no exemplo que ele me deu, de alguém que até o ultimo dia da sua vida trabalhou com algo que gostava.
Que conseguiu ser livre em um sistema que cada vez mais cerceia nossa liberdade.

Escrevo e desenvolvo meus projetos pessoais através das minhas lentes.
Expresso meus sentimentos muitas vezes melhor através de uma fotografia do que com palavras.

Mas continuo sem uma resposta para a sua pergunta.

“Se você gosta tanto de fotografia, por que não trabalha com isso?”

Qual seria sua resposta?

Essa foto é o ultimo registro que fiz dele. Provavelmente foi a ultima foto tirada dele.
Um momento de lembranças para um cavaleiro.

Interessante perspectiva, traz ao centro algumas frases corriqueiras quando o assunto trabalho e hobby se colocam na mesa:

  • Trabalhe com o que ame, e nunca mais trabalhe na vida.

  • Não sabe no que trabalhar, veja algo que tu goste e trabalhe com aquilo.

Pessoalmente não gosto dessa visão romantizada, acredito MUITO que podemos amar diversas ativididades, ter hobbies e eles não serem profissão.

hobby: “atividade exercida exclusivamente como forma de lazer, de distração; passatempo.”

ao meu caso, fotografia se encaixa perfeitamente, é um lazer. Mas mais do que isso, uma forma de expressão.
veja que basicamente qualquer atividade vale, pintar, escrever, estudar, etc pode ser uma atividade feita tão somente como uma distração.

ao teu avô, sem conhece-lo, gosto de pensar no meu próprio e imaginar que nada mais é do que a demonstração de afeto via encorajamento. Talvez ele via tua alegria, e talvez entendeu que tu gostaria de trabalhar com aquilo mas precisava de um incentivo e de forma singela, te oferia esse incentivo, encorajamento com uma pergunta provocativa “Se você gosta tanto de fotografia, por que não trabalha com isso?”

Ao meu avô, eu diria, porque é um hobby Vô, só quero aproveitar sem compromisso, sem pressão.

Vc gosta muito de fotografia.
Vc ensontra uma válvula de escape, um momento de liberdade criativa e pessoal através dela.
Caso vc venha a trabalhar com ela, isso pode te tirar essa paz. Trabalhar com fotografia vai além de fotografar, muitas vezes o que tu menos vai fazer é fotografar.

Ainda bem que trabalho com o que gosto: fotografia.

Todo trabalho tem seus prós e contras.
Não seria a fotografia uma exceção.

Mas fazer o que gosta e ser remunerado por isso é muito melhor.
Não me imagino fazendo outra coisa, aliás, só trabalho com isso e pretendo até morrer.

Sim, claro, só ter em mente que tem coisas nesse trabalho que talvez vc não goste tanto de fazer, mas é algo necessário pro seu negócio de fotografia andar pra frente.

Com certeza, para mim formatura é algo que não curto mas é necessário as vezes pois é bem remunerado.

Trabalhe com o que ama e passe a odiar :hysterical:

Trabalhar para clientes muitas vezes é tão entediante quanto o trabalho no escritorio.

Poucos conseguem viver da fotografia fazendo só o que gostam.

Vou falar por mim:

Trabalhar é ruim.

O mesmo é verdade pra qualquer profissão. Eu trabalho com o que eu gosto (engenharia), mas claro que tem aspectos do meu trabalho que eu não gosto. Se trabalhasse com fotografia, não seria diferente. Melhor continuar com meus hobbies como atividades fora do trabalho. Assim continuo gostando deles pra sempre.

legal, projetos pessoais é a melhor maneira para se desenvolver um olhar…
posta alguma coisa aqui no fórum.

Eu sei que cada caso é um caso, e as vezes nós temos família, filhos, etc

Nós não fazemos o que queremos, nós fazemos o que é preciso.

mas tem uma frase do Rubem Alves que eu gosto muito.

“Somos assim. Sonhamos o voo, mas tememos as alturas. Para voar é preciso amar o vazio. Porque o voo só acontece se houver o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Os homens querem voar, mas temem o vazio. Não podem viver sem certezas. Por isso trocam o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.
É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estranho os engaiolou, que se as portas das gaiolas estivessem abertas eles voariam. A verdade é o oposto. Os homens preferem as gaiolas ao voo. São eles mesmos que constroem as gaiolas onde passarão as suas vidas.”

Sei lá caso te ajude…

… eu não gosto do trabalho que eu faço pra ganhar dinheiro, e não gosto de fazer o meu trabalho de expressão pessoal (artes visuais).

Eu faço o trabalho do dinheiro pelo dinheiro e nada mais, é degradante, estressante, faz mal pro corpo e pra cabeça. Mas é o que temos pra hoje.

O trabalho de arte eu acho uma bosta de fazer, mas sei lá, eu faço.

Se alguém jogar outra coisa no meu colo, eu pego e faço, pois o que eu faço hoje, foi jogado no meu colo tempos atrás.

Eu encaro a vida da forma mais passiva possível, pois entendo que nada importa, e eu sou uma pessoa insignificante e irrelevante, como 99,9999% das pessoas. Caso eu não existisse, não faria diferença alguma, e, caso eu suma hoje, poucas pessoas sentirão falta, e mesmo assim, depois de um tempo vão esquecer de mim.

Ou seja, o que eu faço ou deixo de fazer, não importa.

Talvez a diferença entre mim e a maioria das pessoas, é que eu entendo isso e talvez elas não entendam.

Trabalhar com fotografia não é fotografar. Vc tem que fazer tudo, desde arrumar o cliente até dar o suporte no final do serviço.

Todo trabalho é entediante. Eu aqui pra editar 10 mil fotos de um evento durmo pra caramba na frente do monitor, é pescaria todo dia.

Todo trabalho é entediante, e chega uma hora que fica igual ao anterior.

:assobi:

Concordo 100%.

Some a isso que literalmente detesto fotografia de eventos, sejam de quais tipos forem.

Trabalhar com fotografia não é flores não.

Tem hora que parece tudo uma grande merda. E é mesmo.

Pra mexer com isso, você vai precisar:

  • Entender em qual área quer atuar;
  • Desenvolver um bom portfólio;
  • Fazer um bom trabalho e ficar conhecido nas redes; (é uma droga, mas é o que há hoje)
  • Prospectar clientes.
  • Organizar finanças, administrar tudo, etc.

Vai ser uma empresa de um homem só por um bom tempo, ou sempre ser, como é meu caso.

Entenda: se você gosta de “fotografia abstrata”, vai precisar vender foto normalzinha até sua fotografia abstrata valer alguma coisa e você poder fazer só isso da vida.

Por exemplo, EU: fotógrafo a mais de vinte anos, não gosto de infantil. Acho um porre. Prefiro uma colação de 500 alunos de 4h do que um niver de 4h. MASSS, não dispenso um infantilzinho, e não é por conta dos salgadinhos. Pego os benditos e faço bem feitos, porque preciso dos 400~500 contos daquele dia.
Graças ao bom Deus, os chá de revelação eu tô conseguindo recusar sem peso na consciência, hahaha.

Porém, a PARTE BOA É UMA DELICIA!

Mano, quando toca a marcha nupcial, meus pelos arrepiam, coração acelera, boca seca, hahahaha. Pode estar tendo velório na família, se entro numa igreja pra fotografar um casamento, esqueço tudo.
Família, amigos, filho, lembro mais nada. Fico naquilo, fazer a melhor recordação possível para aquele casal. Sei que vai ser mais um casamento entre tantos, possivelmente muito parecido com outros que fiz, mas para AQUELE Casal, foi especial. E pra mim isso basta.

Mesma coisa para as formaturas.
Maior formatura que eu faço todo ano, é da UFV, em Viçosa, MG.
Quando os 400~500 formandos entram na colação, ao som de “The Nights - Avicii”, eu me arrepio junto, e quando algum formando conta sua história de vida, o quanto se fudeu na vida pra conseguir aquele diploma, na moral, eu choro junto, hahaha. Ligo não.

Avalie isso, amigo.

Não romantize a fotografia como sendo um mar de rosas, que não vai ser. Vai ser FODA, especialmente no começo.
Mas, não vai ser ruim.
Se conseguir fazer um dinheiro que te sustente com fotografia, vai firme.
Não sei de onde você é, mas caso precise de algo, tô em Maringá, PR.

Para inspirar, fica com a música dos formandos UFV:

He said, “One day you’ll leave this world behind
So live a life you will remember”
My father told me when I was just a child
These are the nights that never die
My father told me

Você vai querer ser um velho que viveu um trampo ruim que não gostava todo o tempo, ou um velho que viveu um trampo que gostava, e que metade do tempo era ruim e metade bom?
A foto a seguir é de minha autoria. A serviço da A1 formaturas, de Pato Branco, PR. Era uma colação de grau de medicina, em Ponta Porã. Universidad Sudamericana.
Veja que não é um menino. Ele não achou tarde pra fazer o que gosta.

Você decide. Abraço.