Comprei!!!
E a família só cresce.
O problema é que está cada vez mais difícil alimentar a cria.
Fato! Mas hoje só estou usando filme pra P&B… Ainda é uma família que come pouco…
Quando se compra equipamento antigo, todo vendedor jura de pé junto que o funcionamento está perfeito… Raros são os que afirmam não saber o estado real, razão pela qual anunciam “no estado”… Aqui, não foi diferente. O cara anuncioou “funcionando perfeitamente”…
Mas a primeira dúvida que surge numa Contaflex, é o velho problema do óleo nas lâminas do diafragma e/ou do obturador. Esse óleo é oriundo da degradação da graxa do mecanismo de foco (o famoso “helicóide”). Quando essa graxa degrada, na maioria dos casos o mecanismo de focalização fica duro de girar…
Pois bem… O mecanismo está macio como seda!!! Nas Contaflex IV, além das estrias no anel de focalização, tem ainda as “orelhas”, que são dois apêndices tronco-cônicos que podem ser girados com os dedos. Nem é necessário usá-los. O anel gira sem dificuladade mesmo acionado diretamente.
O corpo praticamente não tem riscos. O corpo da Contaflex, é de LATÃO (liga cobre-zinco) cromeado. Nessa combinação, o manuseio ao longo dos anos (aqui no caso é décadas…), costuma desgastar a cromeação e nas “quinas”, começa a aparecer o “dourado” que evidencia a exposição do latão. Não tem NENHUM ponto dourado…
A Contaflex é equipada com um fotômetro não acoplado de célula de Selênio, que dispensa baterias. Ainda não fiz uma aferição, mas aparentemente está funcionando!
A ótica está limpa e aparentemente sem fungos…
Nada mal pra uma senhorinha de 67 anos de idade…
Vai ganhar filme já já…
Testei o fotômetro… Por incrível que pareça, tá funcionando direitinho… Cheguei a suspeitar que uma célula de selênio com 67 anos de idade já tivesse pedido a aposentadoria…
Mas aqui, o teste foi um pouquinho complicado de fazer… O fotômetro não é TTL, ou seja, não mede a luz que passa através da objetiva. A célula de medição, é uma janelinha de 10x20 mm que fica na face frontal da camera à frente do dispositivo de rebobinar filme.
Como essa célula NÃO DEPENDE de nenhuma fonte de energia elétrica (pilha ou bateria), o único jeito de “ligar” e “desligar” o fotômetro, é ABRIR e FECHAR (fisicamente…) a janela…
Aí chega a hora de quantificar a medida… Tem aí em cima da camera, entre o anel de cálculo e o pentraprisma, um mostrador de agulha… Quando se gira o anel de cálculo, uma “bolinha” dentro do mostrador, deve ser coincidida com a agulha do fotômetro.
Estando a sensibilidade do filme corretamente registrada no anel de cálculo, a leitura do EV (valor de exposição) é imediata.
Mas sempre é bom lembrar… Estamos com um fotômetro que além de não ser através da objetiva, TAMBÉM NÃO É ACOPLADO, ou seja, esse EV calculado, precisa ser transferido para o conjunto diafragma/obturador, ali na porção frontal da objetiva.
Aqui, como era moda antigamente, existe uma trava que “casa” diafragma e obturador. Na lateral direita da objetiva, há uma escala de EV. Basta sincronizar diafragma e obturador de acordo com o EV calculado pelo fotômetro. Daí pra frente, o conjunto diafragma/obturador, se mantem acoplado no mesmo EV.
Mais um detalhe… A escala ASA no anel de cálculo era a escala da década de 50, que foi revisada mais tarde no padrão ISO. Não há correspondência portanto. A jogada é obter a sensibilidade na escala DIN e ajustar o fotômetro por DIN e não por ASA…
Como é necessário olhar por cima da camera pra fazer o ajuste do fotômetro, fatalmente a “pontaria” é diferente da que se obtem olhado pelo visor… Coisas “das antigas”…
Comecei a fotografar hoje com ela… É 35 mm, é uma SLR. Mas tudo que pode torná-la minimamente parecida com tudo que eu conhecia, acabou aí…
Como disse aí pra cima, temos um fotômetro desacoplado. Aí lembrei de quando eu aprendi a fotografar, quando ajustava a exposição por “sunny 16” e por intuição… Não ter fotômetro, pode ser preocupante, mas é também bastante libertador…
Mas a principal diferença, está na lógica operacional do obturador central (como se dizia no meu tempo) ou “leaf shutter”, como os estadunidenses preferem… É muito parecido com o que se emprega nas Bronica, Mamiya 67 e Hasselblad.
Como o obturador está na objetiva, após o disparo o visor fica escuro. Isso deve-se ao fato de o obturador fechar após o disparo. Quando se avança o filme na Contaflex, acontecem as seguintes operações:
- A cortina (obturador secundário), é fechada;
- O obturador central (obturador principal), é aberto;
- O espelho reflex é baixado;
- O filme é avançado.
Nesse momento, pode-se fazer a fotometragem como foi descrita num post anterior. O EV obtido é passado pro conjunto obturador/diafragma que fica travado nesse EV. Daí pra frente, pode-se escolher qualquer combinação obturador/diafragma que estiver disponível para aquele EV.
Aí é compor o quadro, focalizar e disparar.
Após o disparo, o obturador central permanece fechado, a cortina permanece aberta e o espelho levantado…
A velhinha ainda dá um bom caldo…
Tava esquecendo… Filme Fuji Neopan SS (ISO 100) vencido no século passado…
Tive várias Contaflex, com fotometro de selenio, com LDR e sem fotômetro. Elas tem umas esquisitices tipo espelho sem retorno automático, mas são câmeras divertidas.
Achei estranho também, mas descobri a razão… O espelho é levantado por mola e o obturador secundário é aberto por mola. Quando avança o filme, o obturador secundário é empurrado pra fechar e o espelho é empurrado pra baixar. Na hora do disparo, quem movimenta os dois é a ação de mola.
É mais fácil portanto, deixar como estão após o disparo…
Na foto acima, ela está equipada com o suplemento Pro-Tessar 35 mm.
A objetiva da Contaflex é uma Carl Zeiss Tessar (4 elementos em 3 grupos) com 50 mm de distância focal. Como essa objetiva incorpora diafragma e obturador, não seria simples intercambiar. A Carl Zeis então achou uma solução interessante… A objetiva é dividida em duas partes. Uma fixa ao corpo com toda a mecânica de diafragma e obturador e outra intercambiável, instalada na porção frontal através de uma baioneta proprietária.
Esses suplementos frontais eram denominados Pro-Tessar e estavam disponíveis nas distâncias focais de 35, 85 e 115 mm.