Alerta de textão!
A Galaxia do Catavento (Pinwheel Galaxy, Messier 101 ou NGC 5457) é uma a galáxia 21 milhões de anos luz de nós, etc., etc. como se pode ler na Wikipedia.
Imagem feita com meu (relativamente novo) telescópio TS Optics UNC 8", filtro IR/UV e câmera Ogma AP26CC. 92 quadros de 120 segundos, ou seja, cerca de 3 horas totais de exposição, relativamente pouco comparado com as mais de 15 horas de outros objetos que já fotografei. Processado no Pixinsight.
A primeira coisa é que, desde o início do ano, passei por significativas mudanças pessoais: mudei de emprego (minha empresa foi comprada), e o novo chefe quer que eu vá ao escritório todo dia (fica a 80 km de casa, cada perna, ou cerca de 2:30h a menos no meu dia só pelo transporte), o que me faz acordar às 5 da manhã e, por conseguinte, ir deitar às 9-10 da noite. É possível imaginar que eu não tenho fotografado muito o céu.
Daí que todo telescópio Newtoniano novo precisa de vários ajustes pra funcionar no meu padrão (a não ser que eu queira gastar uma fortuna num telescópio topo de linha; mas a maioria funciona razoavelmente), e eu estava sem disposição pra ajustar nada. Finalmente o fiz, de forma metódica: cada dia, dedicando cerca de uma hora e dando um passinho adiante, e arrumando tempo de passar com a família e outros afazeres pessoais. A família teve que lidar com vários dias de peças de telescópio espalhadas pela casa, mas deu tudo certo.
Daí, finalmente, fiz a imagem como descrevi acima e processei a imagem (“editar” significa colocar coisas/tirar coisas; “processar” é fazer modificações à imagem como um todo), e rodei o script tradicional de anotar as coisas legais da imagem:
Hmmm, é isso? Olhando a primeira imagem, dá pra ver várias galáxias que nem mereceram uma anotação… Então usei o script (também disponível como programa separado, gratuito) chamado “What is in my image” (“O que há na minha imagem”), que faz uma pesquisa mais detalhada nos vários bancos de dados de objetos já capturados pelo projeto Gaia, Hubble, JWST, etc. Só no cantinho inferior direito, entre os objetos visíveis, eu consegui identificar:
Vejo ali pelo menos sete galáxias LEDA e uma MGC. E isso em um pedacinho de nada da minha imagem. Nem mesmo encontrei a distância até essas galáxias. Devem ser centenas de milhões de anos-luz, até um ponto em que deixa de fazer sentido falar em anos-luz (papo pra outro dia).
A conclusão a que chego, e que já cheguei outras vezes, pra uma mesma pergunta que já me fizeram: Há vida inteligente fora da nossa galáxia? Minha resposta continua sendo a mesma: pode até ser que haja, mas isso não tem a menor graça se não pudermos dar um tchauzinho…
Não sei se fotografei vida inteligente; caso eu tenha fotografado, há chance enorme de essa vida não existir mais. De qualquer forma, fico feliz de conseguir voltar a fotografar o céu noturno.
Pela atenção, obrigado.