Se formos comparar qualquer DSLR com uma Mirrorless mais simples de entrada, em condições de luz controlada, as Mirrorless colocam as câmeras de espelho no bolso e ponto final. Chego a pensar que o sistema de focalização de uma 60D perto de uma RP é obsoleto tamanha a evolução.
Outra grande evolução do sistema Mirrorless foi que nos permitiu destravar algumas composições que antes eram mais difíceis. Agora com o sistema de inteligente de reconhecimento de olhos, face, corpo, etc., ficamos mais livres para pensar na composição e enquadramento e deixar para a câmera fazer o trabalho de encontrar o foco. Cada vez mais me vejo fazendo fotos no modo “hip fire” (disparando da cintura) ao invés de ser ADS (aim down sights - ou clicar pelo ocular). Tudo isso é ótimo e excelente, porém só até esta página! Eu particularmente tenho sentido bastante o desperdício de cliques usando minhas mirrorless nas situações que vou elencar abaixo:
Lente pré focada no infinito e assunto próximo, ou o contrário, lente pré focada na distância mínima e assunto próximo da distância hiperfocal/infinito.
Nessa situação percebo que a EOS R se perde com muita frequência, fazendo imagens inutilizáveis.
Recentemente fui fotografar um evento, e não havia santo que fizesse a R c/ uma EF 70-200 F2.8 e adaptador original focar num sujeito que estava a 15 metros de mim e a 30 metros do fundo. Mesmo usando o modo de focalização pontual, colocando o ponto exatamente em cima do sujeito, a câmera focalizava o fundo e não o sujeito. Conclusão, perdi a foto.
Exemplo da situação (embora com a R7):
Câmera focou no fundo e não avançou para frente onde o assunto estava, que no caso era a mulher no centro do quadro com top preto.
Recentemente descobri que existe uma configuração que pode (eventualmente) melhorar isso, porém ainda não pude testar nas mesmas condições. Essa configuração está no menu de AF com o nome (em inglês, não sei a como está traduzido para o Português, já que uso em inglês) “Initial Servo AF Point”. Nesta configuração, colocar a opção do meio (AF pt set for… ), para ela lembrar a posição do ponto único quando mudar para o modo área total de focalização. Assim, a câmera vai tender a buscar primeiro algum contraste em coisas que estejam embaixo do ponto de foco, no caso olhos ou face.
Múltiplas pessoas (olhos) no mesmo enquadramento. Essa é uma situação que fotografando eventos de grande fluxo de pessoas como em corridas de rua, faz a câmera ficar perdidinha. Acontece que nós nunca sabemos em que pessoa a câmera vai travar e rastrear os olhos/face. Percebo isso muito com a R7 e R10, algumas vezes ela escolhe a pessoa que está mais próxima, outras vezes ela escolhe a pessoa que está mais longe, mas isso acontece de forma totalmente imprevisível. Infelizmente tanto a R7 quanto a R10 não possuem aquela configuração da EOS R que mencionei (“Initial Servo AF Point”), ou pelo menos não descobri onde está.
Exemplo:
Nesta sequência podemos ver como o rastreamento se perdeu… começamos com o atleta 1024 no centro, perfeitamente em foco, em seguida, mesmo ele continuando no centro do quadro, a câmera resolve rastrear os olhos do atleta de trás, o 642.
Alguém pode até dizer que junto da caixa de rastreio irão aparecer setas para mudar a seleção. O grande problema é que a ação acontece de maneira tão rápida que acaba não dando tempo de reação até perceber o desvio e corrigir. Isso acontece em menos de 1 segundo, conforme a diferença de tempo gravada nos arquivos:
Primeiro arquivo: domingo, 21 de maio de 2023, 10:43:11
Último arquivo: domingo, 21 de maio de 2023, 10:43:12
Aí você pode agora me perguntar, mas Fernando por que você não a câmera em AI-Servo com a seleção de Ponto único ou Ponto expandido para fazer o a focalização, igual de uma DSLR?
Resposta: percebi que quando está nesse modo, a câmera se perde mais durante o rastreio. Aqui por alguma razão o sistema de detecção de fase de uma DSLR é muito mais assertivo do que os das Mirrorless. A ML começa bem nesse sistema, mas se perde no caminho, fazendo talvez o tal do “focus hunting” (caçar foco).
Segue exemplo, utilizando objetiva EF 50mm f1.4 USM, adaptador original e corpo EOS R7:
A primeira foto da sequência está em foco (lembrando que por ser uma corrida noturna, foi feita a escolha de usar a objetiva totalmente aberta, diminuindo o campo de visão, ISO alto, e uma velocidade limítrofe para não ter que compensar ainda mais no ISO).
Tenho a impressão de que o sistema de AF da Câmera tende a fazer como se fosse um “front focusing”, prevendo que o atleta estaria em uma posição mais a frente do que realmente está. Percebo isso pois se olharmos asfalto pra frente do atleta está mais nítido do que o próprio atleta. Então neste caso poderíamos descartar a hipótese de que a lente é mais lenta em responder do que o comando da câmera.
Sistema de foco no modo Área AF inteira se perde em condições que o assunto está muito longe e consequentemente pequeno no quadro.
Este modo é ideal para rastreamento de Face/Olhos, porém se deixá-lo ativado, quando o assunto está muito longe, a câmera se perde totalmente.
A seguir um exemplo que não é o melhor, mas consegue ilustrar razoavelmente isso. Como eu já sei que isso acontece nesse modo eu acabo evitando usar este modo:
Como o assunto está pequeno no quadro, a câmera resolve focalizar em algo que tenha contraste que esteja mais perto dela.
Eu sabendo disto, já quase não uso esta opção.
Pra resolver um pouco desses problemas eu tenho deixado a câmera com a a opção da página 1 do menú AF, subject tracking como OFF, para a câmera não pular para um rosto/olho aleatório no quadro.
Também desligo o EYE Detection.
Deixo o botão de disparo para focalizar em AI Servo em meio botão no modo “Expande área AF: À volta” (ponto expandido):
E finalmente com o botão AF-On para ativar o rastreamento de olhos somente enquanto pressionado. Porém ainda assim acontece alguns (muitos) casos de perda de foco, seja por front focusing no rastreamento, seja por escolher um rosto aleatório no quadro.
Tenho a impressão que esses problemas de imprecisão do AF acontecem mais com lentes EF do que RF, mas com mais frequência em comprimentos focais acima de 35mm. Imagino eu que para focar uma tele, devido à menor profundidade de campo e peso do bloco ótico o sistema acaba tendo mais trabalho.