Estava navegando hoje e me deparei com essa matéria que traz uma pesquisa onde 76% das pessoas acreditam que os smartphones estão prejudicando o mercado de câmeras. O que vocês acham?
Eu acho que antes de tudo ou acima de qualquer coisa, smartphone é uma câmera portátil. Obviamente que destruiu, derrubou as vendas de câmeras compactas. Deve ter tbm mordido uma parcela de vendas das câmeras maiores, por que tem gente que acredita em smartphone e vive feliz com ele. Ah, tem gente que não acredita tbm.
E MAIS: acredito que há um outro efeito “indireto” das imagens obtidas com celulares.
PESSOALMENTE acredito que a alta quantidade de imagens geradas e espalhadas por aí, está gerando uma espécie de “saturação” das pessoas.
Já faz um tempo, que comecei a acreditar que a busca de imagens cada vez mais “extremas” e mesmo “incomuns”, era parte de uma tentativa de impressionar visualmente. Devido a um “amortecimento” causado pelo excesso de imagens.
Outro dia, vi um video de um professor de ortopedia da USP, comentando sobre as mudanças no comportamento dos médicos atuais, da tal “geração Y”.
Um dos pontos comentados por ele, que achei muito interessante, era sobre a mudança do VALOR DA RETENÇÂO do CONHECIMENTO, que existia nas gerações anteriores e nas atuais.
A idéia geral era a de que, como a aquisição do conhecimento pelas gerações anteriores era “penosa” (vinha de livros, era necessário buscar em bibliotecas, a propria busca por artigos e revistas especializadas era complicada e lenta), o fato de conseguir GUARDAR esse conhecimento adquirido possuia um valor intrinsico.
Mas, para as gerações que já cresceram com as “facilidades” dos sistemas de busca pela internet, o conhecimento (na verdade, a informação) está ACESSIVEL FACILMENTE. Assim, não faz sentido, para a geração “Y”, a retenção do conhecimento. É algo SEM VALOR.
Exatamente, vejo isso aqui todos os dias em minhas filhas. Se é fácil buscar, não precisa guardar. Por um lado isso é bom, e por outro é péssimo, mas é difícil encontrar o ponto de equilibro.
Se a idéia puder ser extrapolada para as imagens e fotografias, as “facilidades” na aquisição e os multiplos recursos automáticos pode, de repente, gerar uma espécie de “desvalorização”.
INCLUSIVE nas próprias imagens:
O carinhos e cuidado com que eram guardas as fotos dos nossos avós e pais, por exemplo: eram confeccionados albuns luxuosos, em estojos, e guardados como objetos de valor.
Fotos adquirdas nos celulares, por exemplo, são deixas a propria sorte: nem sequer o cuidado em fazer backup é tido como prioritário. Perdeu as fotos, acabou.
Ou os momentos em que o celular ficam sem memoria, e as imagens são sistematicamente apagadas, sem dó…
Mercado é coisa dinâmica. O de smartphones cresceu muito, o de câmeras mirrou, natural.
Aparelhos que o smartphone tornou obsoletos:
câmera fotográfica
MP3/Walkman
câmera de vídeo
gravador de audio
palmtop
videogame portátil
GPS
Claro, ainda existem grupos de usuários que preferem equipamentos dedicados para essas funções em vez de smartphones, mas viraram nichos restritos. Para a grande massa, tudo isso aí já era.
Conhecimento eh um bem de valor. Entao vou repetir o que eu acabei de escrever em outro topico, quanto maior a oferta de um bem, menos valorizado ele sera.
Eu mesmo cobro mais caro quando o cliente quer exclusividade da imagem, pq passa a ser um bem limitado. Tal como cobro mais caro para fotos com edicao limitada. Conhecimento nao eh diferente.
Adiciona scanner, lanterna e dispertador nessa lista.
Recentemente discuti com um colega e ele decidiu por comprar um smartphone ao invés de uma câmera, justo pra não ter que estudar o domínio da máquina e da técnica de fotografar. O aparelho custou mais caro que uma DSLR de entrada e ele sequer parou pra pensar isso. Pra essas pessoas o que conta é a facilidade de tirar e expor a foto (compartilhar). Por outro lado não se cria memória afetiva destas fotos fáceis, simplesmente apaga e faz outra por cima. As pessoas não sabem mais onde revelar fotos também e sim, existem laboratórios espalhados e filmes ainda são fabricados.
Várias pessoas não tem consciência de dar 4000 pilas num celular, não sabem que uma câmera custa menos e faz mais possibilidades e melhor. Existe um analfabetismo em torno de tantos megapixels que um aparelho registra fotos, onde não se sabe interpretar o juízo de valor quando se fala em megapixels ou na real capacidade do equipamento.
É o preço dessas mudanças culturais, mas por outro lado há pessoas que ainda se interessam nos antigos métodos. Há a facilidade de ingressar em cursos de fotografia, onde tem quem use celular, pode-se ingressar em grupos de fotógrafos e assim desenvolver uma noção de que nem tudo se limita ao celular.
No grupo de trilhas que participo, de oitenta pessoas três tem câmera. Postei algumas fotos comparando câmera com celular, relatei custos pra trazer um pouco de noção.
Mas por que as pessoas seriam obrigadas a aprender sobre isso? Em quantas atividades a gente se aprofunda, estuda? Na maior parte delas a gente só quer o resultado. A gente se aprofunda em culinária, escrita, oratória, pintura, jardinagem, mecânica de automóveis, arquitetura, design, carpintaria? Não, a gente escolhe uma ou outra atividade como hobby, as outras a gente só quer o resultado sem preocupação mesmo.
Isso é um efeito bem interessante que está acontecendo.
Eu acho incrível, e acho que será exatamente essa mudança de comportamento que irá desencadear a maior metamorfose dos sistemas de ensino já vista pela humanidade.
Essa é a primeira geração que saber perguntar tem mais valor do que saber responder.
E, filosoficamente falando, o poder de uma pergunta realmente vale mais do que uma resposta.
É através de perguntas que evoluímos, não de respostas.
Amaneira que eu vejo eh que antes ter uma “camera profissional” dava mais status. Hoje todo mundo eh fotografo e qualquer um pode ter um DSLR, logo ja nao tem o mesmo status de antes. Ter um celular novo hoje da mais status.
Essas pessoasestao pagando pelo status, nao pelo celular, nao pela camera, nao pela facilidade e nem pela foto.
O que nao seria problema nenhum, se nao fosse o fato de termos a tendencia de nao questionarmos nada e nos satisfazer-mos com qualquer correlacao que de uma compreencao simplista de uma resposta rapida. Quem quer ler e entender um livro ou um pensamento, ou mesmo um filme ou video mais longo, quando se pode ter a sensacao de aprender tudo em conteudo descontextualizados espalhados pela internet em trechos minusculos.
Ate seriados estao ficando mais popular pq as pessoas ja nao tem mais atencao para ver um filme de mais de 1h.
Já houve um tempo em que afirmar que a terra é plana e que o sol gira em torno dela era praticamente uma unanimidade.
O que nos fez mudar essa “resposta” foi justamente novas perguntas.
Perguntas nos guiam para a verdade.
Um episódio interessante que presenciei:
Um professor estava dando uma aula sobre ciência para uma turma do ensino fundamental, falando sobre como o ambiente espacial é diferente do da terra.
Citando diversos exemplos para mostrar como o ambiente espacial pode ser hostil.
Uma criança, levantou a mão e perguntou se no espaço ela também teria cáries. Se lá as cáries conseguiriam crescer.
Isso é uma pergunta que ainda não se tem uma resposta. Eu até pesquisei para ver se achava algum estudo que poderia se correlacionar e não encontrei.
E olha só o que um estudo baseado nessa pergunta poderia trazer pra gente… observar como esse organismo se comporta no ambiente espacial poderia nos trazer respostas incríveis, inclusive sobre novas formas para combater as cáries aqui no nosso planeta.
Os benefícios de uma geração condicionada a fazer perguntas e não apenas a gravar respostas são inimagináveis.
Eu estou realmente encantado com os tempos em que estamos vivendo.
A cada dia que passa eu fico mais impressionado com o quão marcante está sendo e ainda será essa era da internet para a história da humanidade.
Eh por isso que eu disse que temos a tendencia. Eh natural que quando nos aconstumamos com uma informacao tida como geral, nao questionar-mos. Todos nos fazemos isso ao ponto de fazermos coisas que nao gostamos acreditando que gostamos, por nunca questionar.
A epoca que vc descreve foi da dominacao e restricao do conhecimento pela igreja catolica que tinha o dominio ditatorial do ensino. Desde a grecia antiga ja se sabia que a terra era redonda e que ela girava em torno do sol. Ou mesmo antes disso por outros povos talvez.
Mas em relacao a atencao, conteudo e midias tal como a internet, eu recomendo a leitura do livro: Amusing Ourselves to Death por Neil Postman. Ele aborda sobre o desenvolvimento das tecnologias e velocidade de informacao, assim como desenvolvimento das telas e consequentemente dalinguagem delas.
Em suma, o que muita pessoa pensa ser informacao hoje em dia eh na verdade mero entretenimento.